25.10.04



Comprando um novo notebook: ó dúvida!



Depois de mais de cinco anos de vida em comum, tive finalmente que me separar do fiel ThinkPad 560Z, que lutou com todas as forças contra a obsolescência, a falta de drivers e um defeito esquisito na fonte que ninguém explica: RIP! Se eu pudesse gastar em notebooks o que o Duda Mendonça gasta em rinhas de galo, compraria um novo IBM ThinkPad sem pestanejar; mas o preço dessas maquininhas maravilhosas só passa mesmo pela generosidade das goelas corporativas ou pela garganta elegante de quem está acostumado a beber Romanee Conti no jantar. De modo que abri a temporada de caça ao novo companheiro de viagem meio às cegas.

Considero a compra de um notebook uma das decisões mais complicadas na vida dos bípedes conectados. A quantidade de marcas, linhas, séries e sub-divisões existentes é inacreditável; as possibilidades de que algo dê errado são, naturalmente, infinitas. A melhor forma de comprar um notebook é, resolvida a parte financeira, traçar o quadro mais claro possível do que se espera dele.

Como o uso básico da minha futura máquina será em viagens, é importante que ela seja leve: qualquer coisa acima de dois quilos, nem pensar. Pelo mesmo motivo, deve ter boa vida de bateria. Esses dois detalhes apontam para um Centrino, tecnologia da Intel especialmente desenvolvida para notebooks; portanto, uma parte da charada está resolvida. Como, em viagem, o notebook passa a ser meu processador básico de imagens, também é necessário que tenha uma boa tela, um mínimo de 512RAM e um espaço razoável de HD. Hoje esta expressão significa algo em torno de 40Gb. Pronto: dois outros pontos resolvidos! Preciso ainda que a máquina tenha várias opções de conectividade: wi-fi, rede, modem, infra-vermelho e, se possível, bluetooth. Isso porque, a toda hora, acesso não só a internet, mas gadgets de diferentes tipos.

Não quero mais saber de notebooks com drives externos, como era o caso do falecido 560Z, por um motivo muito simples: atualmente, vejo um notebook como um eventual player de DVDs. Na época em que o 560Z nasceu, DVDs ainda eram novidade até no departamento de eletrodomésticos; mas imaginem que função prática esta para uma pessoa que viaja quase sempre sozinha, que não gosta de televisão e que, volta e meia, passa horas e horas em aeroportos, à espera de conexões!

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Minha lista de exigências é complexa, mas nascida da experiência. E nem chega a descrever uma máquina topo de linha, porque, como quero um notebook leve, a tela não pode ser muito grande; e, como trabalho com fotografia, também não pode ser muito pequena, como a dos Vaio da série T (10"5). Excluídas, portanto, as duas pontas caríssimas da parada (telas ultra grandes e ultra pequenas), excluído o tamanho padrão que influi no peso (telas de 15"), fico num meio-termo entre 12" e, no máximo, 14".

Agora é só pegar a lista e ver quais máquinas seguem esses parâmetros básicos. Há ainda mil variações possíveis a partir deles, tanto técnicas quanto estéticas, mas as chances de compatibilidade entre notebook e usuária já estão praticamente garantidas.

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A receita vale, claro, para qualquer um. Se o fator preço não for preponderante, como tantas vezes é, não se deixe seduzir pela primeira carinha bonita que encontrar. Pense no que vai fazer com seu notebook, de que forma ele se encaixa no seu estilo de vida e, a partir daí, comece a montar, mentalmente, a máquina perfeita para você. Um super-portátil é muito útil para quem viaja constantemente, mas para quem é viciado em games 3D, por exemplo, não há nada que supere uma máquina parruda e potente.

Em suma: cada roca com seu fuso, cada micro com seu uso.


(O Globo, Info etc., 25.10.2004)

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