21.2.02



Voto contra

Há tempos o Millôr propõe um sistema eleitoral infalível: o do voto contra. Hoje, mais uma vez, ele explica, no JB, como a coisa funciona. Pena que ele seja considerado humorista, e não "cientista social", "sociólogo" ou qualquer outra daquelas categorias mais ou menos indefinidas que -- justamente por isso -- o povo acha que deve levar a sério... Vejam se não é mesmo uma grande idéia:

Vejo, na coleguinha Dora Kramer (percuciente como sempre), e no coleguinha Villas-Bôas Corrêa (mais indignado do que nunca com a nossa justiça, que farda mas não talha) a desesperança, não só pelo ''sistema'', a velhacaria oficial, o desmando e o despreparo da máfia do poder, mas com o próprio povo que, neste exato momento, promete reeleger Collor, Barbalho, ACM e outros tantos marginais que chegaram à luz da ribalta.

Bem, coleguinhas, o desalento é geral. Faço-o meu.

Vamos tentar uma saída.

Há tempos proponho -- com o bom senso que Deus me deu e até Alá ratifica -- uma solução simples.

O voto contra.

Em princípio reconheço enorme dificuldade para adoção de minha proposta. Pelo simples motivo de que não há nada igual ou parecido ''lá fora''. Vocês sabem.

Mas, tentemos. Teríamos dois votos. Um normal, escolhendo quem vai nos dirigir. O outro contra, naquele candidato que não queremos de jeito nenhum. O candidato seria eleito -- ou não -- com o resultado dos votos positivos menos os negativos.

Sencillo, no, mamita?

Especulando: creio, com a minha psicologia de galinheiro, que o impulso contra o que não queremos de jeito nenhum é mais forte do que o a favor daquilo que queremos. E o número dos que não queremos de jeito nenhum, dos que odiamos -- para usar essa expressão doentia --, é menor do que o dos que podemos aceitar. Assim, os votos negativos algumas vezes se concentrariam de tal forma que determinados candidatos -- justamente por serem poderosos -- ficariam devendo votos.

Que tal uma exprimentação, pessoal?

Dengue dar certo.



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