Ir ainda é bom
Quem lê este blog há algum tempo já percebeu que adoro viajar. Mais do que isso, adoro todo o folclore da viagem, o que ainda ficou, aqui e ali, de um passado em que, como dizia Evelyn Waugh, "o ir era bom", e o mundo era mesmo vasto e variado: cada lugar tinha as suas peculiaridades, os seus cheiros, o seu comércio. Não havia um MacDonalds em cada esquina, e o atendimento aos viajantes variava de hotel para hotel, não pelo número de estrelas, mas porque cada um fazia à sua maneira, como achava correto, e não como tinha aprendido num curso superior de hotelaria.O ir podia até ser bom -- havia muito menos gente no caminho, e o pouco que havia era tratado feito... gente, ora! -- mas, quando ponho os pés na terra e deixo de sonhar, reconheço que, ao mesmo tempo, o mundo devia ser bem menos confortável. O mínimo que se espera hoje de um bom hotel, que é um banheiro no quarto, era uma raridade; room service 24 horas, então, nem pensar. De qualquer forma, tudo o que nos resta, neste mundo de armadilhas anti-terroristas que só pegam cidadãos incautos que cometem a temeridade de levar o alicate de unha na bagagem de mão, é apelar para a imaginação.
Eu não vivi naqueles tempos, vivo hoje e, amanhã, provavelmente estarei contando para a Emilia, o Joseph e que outros netos eu venha a ter, como o ir era bom no meu tempo.
Adoro grandes hotéis com passados ilustres, como o Algonquin (Nova York), o Peninsula (Hong Kong), ou o nosso Copacabana. Já tive a sorte de me hospedar em alguns deles, e sonho com o dia em que me hospedarei em outros, como o La Mammounia (Marrakech), ou o Raffles (Singapura).
E, finalmente, adoro aviões -- desde que, obviamente, esteja no mínimo na classe executiva (a econômica, as minhas costas e o meu sentimento de privacidade não se entendem, de modo que, sendo esta a única escolha, fico em casa). As horas entre a decolagem, num canto, e a aterrissagem, no outro, são aquelas em que melhor consigo relaxar na vida. Lá no alto não adianta que eu me preocupe nem com os problemas que deixei para trás, nem com os que encontrarei pela frente; tampouco adianta me preocupar com o avião em si. Tudo o que se exige de mim é que me espiche na poltrona, aceite a comida (sim, meninos, eu gosto de comida de avião!) e não chateie a tripulação ou os meus vizinhos do lado. E isso eu sei fazer bastante bem.
Infelizmente, este é um talento que, por enquanto, tem que ficar de molho, até que eu me recupere. As únicas viagens que posso fazer por enquanto são mesmo virtuais -- e não posso me queixar delas, não. Depois do extraordinário site da Samsonite, que é uma aula perfeita do que não se deve fazer on-line, acabei caindo num pequeno web-tesouro, o Vintage Labels, onde passei um bom tempo, deslumbrada, curtindo o meu fetiche, e de onde tirei essas belas etiquetas antigas.
Se você gosta de viajar no tempo e guardar as figurinhas como souvenir, porém, atenção: vá de Opera ou de Netscape! O M$ IE não permite que se salve nenhuma delas, sacudindo aquele dedo duro na sua cara: "Essas imagens só podem ser usadas com consentimento escrito do proprietário!"
Então tá.
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