12.2.02



Les parapluies de Redmond

Acabo de ler no WSJ que, a partir de hoje, Michael Kinsley não é mais editor da Slate, revista online da Micro$oft. Kinsley, que tem 51 anos, sofre de mal de Parkinson há oito e, embora negue que seu pedido de demissão tenha tido algo a ver com a doença, não esconde que está querendo mais tempo livre para cuidar da vida.

Quando ele criou a Slate, em junho de 1996, pensei com meus botões que lá se ia mais um bom jornalista, seduzido pelo canto de sereia do vil metal. É que não me parecia plausível que uma revista nascida sob a égide da M$ pudesse dar certo do ponto de vista editorial -- mas tanto deu, que, em 1998, quando o site foi fechado para não-assinantes, fui uma das cerca de 20 mil pessoas que desembolsaram os U$ 19,95 anuais cobrados pela assinatura.

Lembro ainda que, em troca do apoio, recebi um guarda-chuva imenso e muito feio, que não havia pedido e do qual não precisava, cuja postagem para o Brasil custou quase U$ 23. Passei um tempo meditando sobre a sabedoria embutida em tal plano de negócios mas, depois de muito quebrar a cabeça imaginando como alguém poderia ter lucro dessa forma, deixei para lá. Afinal, quem estava distribuindo os guarda-chuvas era a Micro$oft; e quem era eu para duvidar da sua competência financeira?!

Menos de um ano depois, contudo, a revista voltou atrás, e acabou com o sistema de assinaturas. Decidiu que era melhor faturar com anunciantes em vez de correr atrás de leitores. Para que eu não me sentisse muito otária como pagante, no entanto, me mandaram... uai, como vocês adivinharam?... um outro guarda-chuva, igualzinho ao primeiro. E pelo mesmo frete. Go figure!

De qualquer forma, Kinsley vai fazer falta. Não sei se foi graças ao seu prestígio pessoal, mas o fato é que, mesmo durante a derrocada das ponto.com, que tantas e tão boas revistas matou, a M$ continuou a sustentar a Slate -- que, diga-se, sempre teve uma linha editorial totalmente independente da nave mãe, e continua sendo uma excelente publicação.

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