25.4.07

A pedidos, ou: O que penso a respeito dos diplomas

Ontem ficou uma certa dúvida no ar a respeito da minha posição a respeito da obrigatoriedade de diplomas de comunicação para jornalistas. Esclareço melhor:

Sou a favor do registro de jornalista. Como se conseguia isso quando fui trabalhar em jornal? Trabalhando por um mínimo de três anos, e a pedido do orgão de comunicação. A esse pedido eram acrescentadas matérias, fotos, páginas, enfim -- aquilo que o candidato a jornalista tivesse produzido. Aprendia-se na prática diária; e, devo dizer, boa parte das pessoas que achavam que davam para a coisa caiam fora antes dos três anos regulamentares, porque jornalismo não é para diletantes.

Jornalismo, no entanto, é para quem tem vocação. Acho que o bom jornalista já nasce com as características necessárias ao exercício da profissão, como insistência, garra, disposição para o trabalho, uma vontade imperiosa de contar aos outros o que viu e uma curiosidade verdadeiramente malsã.

Antigamente, pessoas com essas características, mas formadas nas mais diversas profissões, acabavam atraídas pelo jornalismo: médicos, advogados, economistas.

Quanto ao diploma de comunicação, não sou apenas contra; sou absolutamente contra, radicalmente contra. Os cursos de comunicação tendem a ser feitos por pessoas de um mesmo nível social, que acabam aprendendo mais ou menos as mesmas coisas. Acho, no entanto, que as redações teriam muito a ganhar com uma bio-diversidade maior, e a conseqüente pluralidade de visões que viria daí.

Isso não quer dizer que o jornalismo não seja uma profissão de nível superior. A bagagem cultural do bom jornalista é maior do que qualquer faculdade pode ensinar, e a sua atualização constante é um imperativo. Hoje, porém, criou-se a idéia de que as pessoas só aprendem alguma coisa se forem para a universidade. Há toda uma questão sócio-ecônomica envolvida nisso.

Não vou brigar contra os tempos; mas por que, em vez do curso de comunicação, um jornalista não poderia fazer um ano de pós-graduação, digamos, depois de se formar em qualquer outra coisa? Nessa pós-graduação seria ensinado aquilo que, nos velhos tempos, a gente aprendia aos trancos e barrancos, na redação: como redigir uma matéria, diagramar uma página, fazer títulos, subtítulos e legendas, e o que mais se fizesse necessário.

Acho que mesmo essa alternativa é restritiva, porque obriga à necessidade de um diploma; mas pelo menos ela traria para as redações pessoas com formações muito diferentes e, conseqüentemente, pontos de vista diferentes em relação ao mundo.

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