14.10.07

E a trilha sonora é...







Anclao en Paris
Guillermo Barbieri e Enrique Cadicamo

Tirao por la vida de errante bohemio
estoy, Buenos Aires, anclao en Paris;
curtido de males, bandeado de apremios,
te evoco desde este lejano pais.

Contemplo la nieve que cae blandamente
desde mi ventana que da al bulevar.
Las luces rojizas con tonos murientes,
parecen pupilas de extraño mirar.

Lejano Buenos Aires, !que lindo que has de estar!
Ya van para diez años que me viste zarpar.
Aqui, en este Montmartre, faubourg sentimental,
yo siento que el recuerdo me clava su puñal.

!Como habra cambiado tu calle Corrientes!
!Suipacha, Esmeralda, tu mismo arrabal!
Alguien me ha contado que estas floreciente
y un juego de calles se da en diagonal.

!No sabes las ganas que tengo de verte!
Aqui estoy parado, sin plata y sin fe.
!Quien sabe una noche me encane la muerte
y... chau, Buenos Aires, no te vuelva a ver!


Não posso me queixar da vida.

Há destinos piores do que ser overbookada pela Air France em Paris; para não ir muito longe, eu podia, por exemplo, ter sido overbookada pela Lufthansa em Frankfurt.

Mas o fato é que aqui estou de volta a Saint-Germain, depois de ter feito check-in, passado pela segurança e ter batido boca, em vão, com os dois funcionários que a empresa, covardemente, lançou a bem uns 20 passageiros que, a essas alturas, deveriam estar voando rumo ao Rio.

Não os descasquei, porque, afinal, eles não têm culpa -- imaginem o que é ter que explicar para um bando de pessoas que fizeram planos, têm trabalho ou férias esperando, expectativas de viagem ou saudades de casa, que simplesmente não há lugar para elas no avião em que suas reservas haviam sido confirmadas...!

Nenhum falava português, e muitos passageiros não falavam nem francês nem inglês.

O pior da história, a meu ver, nem foi o overbooking; foi a alternativa oferecida pela Air France, que encheu a boca para dizer, magnânima, que pagaria hotel, refeições e transporte de e para o aeroporto.

E qual era esse hotel? O Ritz? O George V? O Lutetia?

Keep dreaming...

O hotel era o Ibis (!) do CDG (!!!) que, obviamente, recusei; troquei a diária por dois vouchers de taxi de ida e volta para o aeroporto.

Na verdade, se eu não pudesse contar com esse apartamento que é como um carinhoso abraço de boas-vindas, vocês agora estariam lendo uma blogueira assaz indignada, cuspindo marimbondo; mas aqui é fácil aproveitar o limão e fazer uma tarte au citron.

Amanhã vou sair por aí para capturar mais umas crônicas.

As malas ficaram na Air France, no aeroporto. Aqueles trambolhos iam ser outra dor de cabeça; e talvez ainda venham a ser, entre outras coisas porque fui acomodada num avião da Tam, já que o vôo da Air France de amanhã também está overbookado.

Fico pensando se não será melhor voltar de Air France depois de amanhã; algum de vocês já fez Paris-Rio pela Tam?

Riq, você está na área? O que recomenda?

Estou com a mala de mão, onde sempre carrego o essencial: computador, câmera, uma muda de roupa.

Oh well.

Como dizem por aqui, c'est la vie.

En rose.

PS: Há um link para a música no título, num site diferente do Divshare lá de cima. É que aqui ele não está pegando e não sei se é problema com o servidor de lá ou alguma coisa da internet de cá.

"Anclao en Paris" é outro dos meus tangos favoritos (tango favorito, no meu caso, é pleonasmo); na época, Gardel estava mesmo em Paris, mas, assim como a vossa blogueira, longe daquele miserê todo da letra...

Bonne nuit, les enfants.

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