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Count your blessings
Podia ter sido MUITO pior.
Morrer na hora nem é o pior que imagino. Eu não teria tido consciência do fato; a verdade é que quando comecei a entender o que havia acontecido já estava no chão, pessoas acudiam, etc. Há uma longa galeria de horrores. Nem preciso ir muito longe. Eu podia ter quebrado um braço também.
Tenho uma família fantástica e uma quantidade de amigos leais, engraçados, prestativos.
Família a gente não escolhe; tirei a sorte grande nessa loteria. Mas meus amigos são o máximo. O que faz quem passa por isso e tem que se virar sozinho?! Não consigo imaginar, realmente não.
Tenho um blogtequim super bem freqüentado.
Vocês não imaginam a diferença que faz entrar aqui e encontrar tantos comentários bacanas desejando saúde, contando coisas, mandando links! Tantos amigos que eu não conheço em pessoa e de quem gosto tanto, de quem tanto recebo.
Tenho a vista mais linda do mundo.
Passo o dia imóvel, mas vendo as mudanças do céu e da luz na Lagoa; uma benção que nunca me esqueço de agradecer, mas que nas atuais circunstâncias é inestimável.
Tenho um emprego raro, numa empresa espetacular, onde me sinto cercada de amigos.
Das queridas telefonistas que ligam para ter notícias aos colegas que seguram a barra, passando pela administração e pela chefia: não consigo imaginar lugar melhor para trabalhar do que O Globo. Ficar no estaleiro é um pavor, mas ficar no estaleiro sem a segurança que o jornal me dá seria um pesadelo.
Tenho uma Famiglia Gatto que cerra fileiras à minha volta, me protege, me anima, me diverte.
Como se cura alguém que não tem bicho por perto?! Taí outro mistério incompreensível para mim. Desde que voltei para casa, os gatos não desgrudam. Ficam deitados ao meu lado ou em cima de mim, atentos ao menor movimento. Brincam. Fazem bobagens. E, incrível, tomam o maior cuidado com a minha perna.
Estou naquela ínfima porcentagem de brasileiros que pode se dar ao luxo de ir para um bom hospital.
Pensei nisso mil vezes enquanto estava no Copa d'Or; penso nisso sempre que uma das enfermeiras que me assiste faz um curativo, sempre que a fisioterapeuta vem me ver. Imagino o desespero de passar por uma dor dessas numa fila de hospital público, de atravessar um pós-operatório tão dolorido e exasperante sem um mínimo de dignidade e conforto.
Tenho uma Torre de Fortaleza que se chama Millôr.
Tenho muita, muita sorte.
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