10.10.07

Diário de bordo

Hoje, lá pela hora do almoço, fugi com os colegas para Berlim. O dia estava lindo e, visto do hotel, parecia muito agradável. Na Alexanderplatz, porém, tivemos um duro choque de realidade: o sol, ardiloso, escondia um frio miserável.


  • A Capi saiu com todas as lãs de que dispunha


    A praça continua em obras, mas numa das esquinas ficou pronto o Alexa, um lindo shopping do tamanho certo, com lojas como a Zara e a H&M, que eu adoro.

    Os preços, em comparação com os do Brasil, estão ridículos de baratos. Dá vontade de levar tudo; mas, bem-comportada, comprei apenas um casaquinho de capuz para enfrentar o mundo lá fora, e fui andar pela rua. Desisti de alugar bicicleta porque a idéia de ampliar o frio com vento na cara não me apeteceu em nada; em vez disso, fui seguindo pela Unter den Linden, cumprimentando os prédios que já me são familiares e parando para tirar fotos aqui e ali.


  • Detalhe da ponte sobre o Spree


    Não sei do que gosto mais, se de conhecer lugares novos, ou de rever lugares que já conheço. As duas experiências são muito diferentes, e acho que eu poderia produzir longas teses defendendo alternadamente uma e outra.

    O Millôrzinho é que está certo: se aqui desse praia, eles não tinham escrito a metade da filosofia que escreveram.


  • A exposição do Botero me deixou deprimida. Depois de tantos dias de comida alemã e coffee breaks estou me sentindo mais ou menos do tamanho da moçoila da foto. E, nem preciso dizer, sem nada do seu charme roliço...


    Num ou noutro cantinho mais ensolarado e protegido do vento, eu parava para tentar descobrir o que está acontecendo com os celulares. Levei o N95 (com um simcard local, da T-Mobile) e o SE K790 (com meu simcard Tim do Rio).

    Mandei uma quantidade de imagens pelos dois; fracasso completo.

    O pior é que os danados dão as mensagens como enviadas. O dinheiro do T-Mobile foge pelo ralo a uma velocidade alarmante, e tenho certeza de que, quando voltar ao Rio, a Tim vai me cobrar uma nota considerável por figuinhas jamais entregues.

    Troquei os simcards, refiz configurações e... nada. Vocês não imaginam como isso é frustrante para mim! Por enquanto, a única explicação que encontro é o sistema de telecomunicações daqui, que nos deu surras homéricas durante a Copa.

    Amanhã, se tiver tempo, vou comprar um simcard Vodafone, para ver no que dá.

    Estou pasma com a diferença de qualidade dos serviços de telecom entre Alemanha e Inglaterra. Londres está a anos-luz de Berlim. Na verdade, arrisco dizer que mesmo no Brasil estamos melhor do que os alemães em termos de telefonia móvel.

    Pois enquanto eu tentava matar a charada dos celulares, alguém passou por mim e deixou cair no meu colo uma foto meio escura, obviamente revelada às pressas.


  • Capi e um desconhecido no Café Balzac. Eu, hein.


    Reconheci a Capi, reconheci o Café Balzac (onde tomei um café horas antes), mas não tenho idéia de quem é que está com ela. Estranho, muito estranho.

    Amanhã preciso ter uma conversa séria com essa roedora.

    Ah, sim, esqueci de dizer uma coisa: Não é apenas a impossibilidade de subir as fotos que está me dando no nervos. Ontem não fui jantar com o pessoal para poder escrever a coluna. Bom. A certa altura, a internet somiu do radar. Liguei e desliguei o modem, liguei e desliguei o notebook e, finalmente, liguei para a recepção.

    Ocupado.

    Liguei de novo.

    Ocupado.

    E mais uma vez.

    Liguei de novo.

    -- Vocês podiam me informar se há algum problema com a inter...

    -- HÁ! E JÁ ESTAMOS TRABALHANDO PARA RESOLVÊ-LO!

    Agradeci, guardei meu alemão humilde no saco e desliguei. O hotel tem 1125 quartos, todos ocupados no momento pelo povo do congresso. Se um décimo dessa gente ligou para reclamar, a pobre moça exasperada que me atendeu conta com toda a minha simpatia.

    Mas, ainda que a coluna não tenha nada a ver com a internet, e ainda que pudesse ter sido escrita à mão se necessário fosse, fiquei tão aborrecida com as sucessivas frustrações tecnológicas do dia que só consegui dar o texto por terminado às seis da manhã.

    Nem a árvorezinha de Natal USB que ganhei de presente conseguiu melhorar meu humor.
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