11.4.07

Blog é cultura!



Uma coisa que nunca deixa de me impressionar é o conhecimento coletivo da rede. Os exemplos estão por toda a parte, sendo a Wikipedia talvez o maior e mais famoso deles, mas aqui mesmo no blog a gente não pode se queixar. No outro dia, a Kidity pediu socorro no trato das rãs albinas e, lo and behold, lá apareceram vários especialistas em rãs; a Marcia até descobriu um forum com uma foto de rã albina, para que os mais curiosos pudessem ver a cara do bicho, enquanto o Tom oferecia receitas de rãs à milanesa caso a Kidity desistisse da criação.

Agora, no post sobre o Fidel, o Emerson, que sempre diz as coisas mais sensatas e que , ao contrário de nosotros, tem grande vivência no campo, botou os pingos nos ii. Ler o Emerson, aliás, é sempre um prazer; como um papo no alpendre da casa, olhando uns quadrúpedes grandes pastando lá fora. A foto deste post veio do seu blog, Um olhar crônico. Além de sempre ter o que dizer e de escrever maravilhosamente bem, o Emerson é dos que param para apreciar uma árvore bonita no meio do caminho.

Mas quem apareceu com a história mais interessante foi a Matilda. A Cássia louvou o Fidel por supostamente ter levado as cigarrilhas para a Bahia. Pois a Matilda, vejam só, é descendente de de fumicultores -- e esclareceu tudo, com riqueza de detalhes:
"Cássia, a indústria de cigarrilhas e charutos na Bahia existe bem antes de Fidel nascer. A Bahia foi o berço da indústria brasileira de fumo, especializando-se na produção de charutos e cigarrilhas, em decorrência da variedade cultivada.

Firmas como a Costa Ferreira & Penna (descendo daí, meus quatro costados vieram de fumageiros, hoje chama fumicultor), Stender & Cia., Dannemann, Suerdieck, Vieira de Mello, estabeleceram-se no Recôncavo Baiano entre 1870 e 1930, quando crises influenciadas pelas diferentes conjunturas político-econômicas levaram a maioria delas a fenecer, com irreversíveis reflexos nas economias dos municípios produtores.

Atualmente só restam sete fabricantes de charutos no território baiano: Chaba – Charutos da Bahia (Alagoinhas); Dannemann (São Félix); Josefina (Cruz das Almas); LeCigar – Manufatura Tabaqueira (Cruz das Almas); Menendez & Amerino (São Gonçalo dos Campos); Paraguaçu (Cachoeira); e Talvis (Cachoeira). Todos de capital nacional, à exceção da secular Dannemann, instalada em São Félix, subsidiária do grupo suíço Burger e que desponta como a maior produtora e exportadora de fumos para charutos do Brasil.

Dentre as empresas brasileiras, destaca-se Menendez & Amerino, resultante da fusão da cubana Menendez, antiga proprietária dos afamados MonteCristo, com o grupo baiano Amerino Portugal. Fundada em 1977, esta firma herda tradição de mais de um século na fabricação de charutos nobres. Sediada em São Gonçalo dos Campos, produz cerca de quatro milhões de charutos por ano, havendo investido recentemente US$ 1,75 milhões para ampliar a sua capacidade instalada e montagem de linha de produção de cigarrilhas, adquirindo equipamento ocioso da Souza Cruz, além de ter aberto escritório de distribuição nos EUA, principal mercado consumidor.

Existem ainda outras empresas como a Tobajara, Le Cigar e a caçula do segmento, a Josefina, criada em 2001. Os principais compradores de fumo e charutos da Bahia são os EUA, Canadá, Alemanha, Holanda, Suíça, França, Inglaterra, Itália e Argentina.

A cigarrilha que o meu bisavô materno fazia e que tinha mais sucesso se chamava Beijos Perfumados, acho esse nome tão lindo...

Getulio Vargas só fumava charutos feitos pelo meu avô paterno, que era um getulista até debaixo dágua, quando falei que ele tinha sido ditador levei um dos poucos carões dele da minha vida. Cresci em meio a armazéns de fumo nas férias, andei em plantações de fumo em noites frias de inverno sorvendo o perfume do tabaco no ar.

Fazer um bom charuto é como fazer um bom vinho, há que se escolher as espécies, o solo, o clima, etc...

Hoje cigarros, charuto, cigarrilhas, fumo, tabaco ficaram politicamente incorretos, mas a poesia das folhas secando ao sol, a beleza da flor do tabaco, o perfume dos fardos das folhas de fumo nunca vão sair da minha memória, é um cheiro bom, é o cheiro de família, aconchego, férias, avós, casa, um cheiro conhecido que me traz aconchego.

Muitos de meus irmãos e primos deixaram de fumar cigarros, acho mesmo que só eu continuei a fumar e muito, cigarros, mas, nas comemorações e festas sempre fumam os irmãos e primos um bom charuto, uma cigarrilha perfumada, aí o cheiro invade as salas, as varandas, ô cheiro bom!!!

E charutos não se tragam, nunca.

Fidel ensinar baianos a fazer charutos e cigarrilhas, 'tá'..."(Matilda Penna)

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