21.9.04



Zire 72: o irmão turbinado do Zire 71


Uma das melhores máquinas do ano passado foi, disparado, o Palm Zire 71: bom, bonito e (relativamente) barato, um daqueles aparelhos que a gente usa, usa e não se arrepende jamais de ter comprado. Foi um grande acerto da Palm mas, como todos os acertos da área, criou um grande problema. Afinal, como fazer usuários perfeitamente satisfeitos trocarem de equipamento?

O Zire 72 -- que chegou ao mercado brasileiro há uns dois meses, com preço inicial semelhante ao que tinha o Zire 71 quando foi lançado -- tem, pois, a delicada missão de desbancar o irmão mais novo. Para isso vem com alguns atrativos interessantes: gravador de voz, câmera com maior resolução (1.2 Mp) e capacidade de gravar vídeos, processador mais rápido, 32Mb de RAM e -- importante! -- um Bluetooth bem configurado que permite conexão descomplicada à internet através de alguns modelos de celulares (entre eles o fiel Nokia 7650 de que falei na semana passada). Nos EUA, a PalmOne já lançou um cartão Wi-Fi que possibilita ao Zire 72 conectar-se sozinho em ambientes sem fio. O preço da pequena maravilha? US$ 130, lá.

Do meu ponto de vista, outra vantagem é a ausência da base para sincronização, que sempre considerei uma trapizonga desnecessária: o Zire 72 conecta-se ao computador através de um simples cabo USB, e estamos conversados. Isso facilita muito a vida de quem viaja com o Palm, mas sei que há gente que prefere espetar a maquininha no slot do berço e vê-la recarregando baterias e sincronizando-se de pé, em cima da mesa.

O som é parecido com o do 71: suficiente para ouvir num ambiente silencioso, como um quarto de hotel, lembrando um antigo radinho de pilha. Com fones, porém, a coisa muda de figura e o som fica ótimo, o que o transforma num bom player de MP3 -- desde que se tenha cartão de memória SD suficientemente grande para armazenar músicas. O Zire 72, que custa cerca de R$ 1.500, não vem nem com cartão nem com fones.

O look é elegante, mas já ouvi reclamações de que a linda pintura azul emborrachada descasca com facilidade; em compensação, o botão de liga/desliga fica no topo do Palm, o que evita que ele ligue sozinho na bolsa, como às vezes acontece com o 71. O reset pode ser feito com a própria canetinha, o que significa adeus aos clips de papel entortados. No geral, o Zire 72 é uma máquina simpática e bem acabada, com uma excelente relação custo-benefício; mas, com exceção do Bluetooth, que de fato faz muita falta ao 71, não consegue superar o irmão mais novo como, digamos, "conjunto de obra".

O Zire 71 continua tendo a melhor tela que já vi num PDA, inclusive em modelos mais caros da própria PalmOne e da Sony; e a sua câmera, ainda que tenha menor resolução, é muito mais generosa do que a do 72, que em más condições de luz é praticamente cega. Além disso, o sistema de slide do 71 não só protege a lente, como oferece uma "pega" melhor para se fotografar. Em boas condições de luz, no entanto, a qualidade das imagens do 72 é melhor, embora não se compare, naturalmente, com o resultado de câmeras digitais "de verdade".

Em suma: se você tem um Zire 71 e não precisa de Bluetooth, continue com ele. Se você não tem PDA, ou acha que está na hora de fazer upgrade, o Zire 72 é uma excelente opção; mas não se esqueça de dar uma olhada no 71, que ainda se encontra -- e em liquidação! -- em algumas lojas.

(O Globo, Info etc., 20.9.04)

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