Festival do Rio 2004
Na cidade vazia
Vozes d'África
Assisti a este filme angolano sem ter idéia do que esperar. Ele não estava na minha lista, mas foi o único em que encontrei lugar a uma hora ainda razoavelmente decente.
É um pouco arrastado, podia ter uma direção mais esperta, mas é, indiscutivelmente, um filme que merece ser visto. Um grupo de crianças que ficaram órfãs com a guerra é trazido de Bié para Angola por uma freira; ao chegar ao aeroporto, o garoto N'dala escapa, e fica ao léu por Luanda -- enquanto a coitada da freira fica desesperada à sua procura.
A pobreza do país é chocante até para nós brasileiros, que temos know-how do assunto; mas há uma certa felicidade melancólica na música, uma ginga e uma manha que a gente conhece e que torna tudo muito doméstico. Não fosse o sotaque, muitas cenas poderiam ter sido gravadas no Rio ou em Salvador que a gente nunca ia perceber a diferença.
O ator mirim que faz N'dala é uma gracinha. Ele tem um jeito alegre e inocente que transmite, com rara eficiência, o ponto crucial do filme: a tragédia terrível da infância perdida.
Destaque para a trilha sonora, sensacional, e para o português de Angola, que é um espetáculo em si mesmo.
Dica: Na quinta-feira, às duas, última sessão de Um dia sem mexicanos. Vale a pena, é muito engraçado!
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