13.9.04






Moderno ou eterno?

A Nokia, que detém 30% do mercado mundial de telefones celulares, anda pensando na vida: 30% é muito, mas é menos do que os 35% que já teve ? ainda que, em números absolutos, ela não possa se queixar da vida. Afinal, o mercado mundial de celulares deve chegar aos 600 milhões de aparelhos este ano.

A concorrência está acirrada e a Nokia perdeu algo da fama de criadora de produtos irresistíveis desde que a onda fashion dominou o mercado, com celulares pequenininhos, bonitinhos e descartáveis, feitos para durar apenas os seis meses da temporada. O mais irônico é que foi ela quem deu partida a esta onda, ao apresentar uma linha de telefones num desfile do Kenzo, em Paris, há alguns anos.

A Nokia, campeã dos modelos retinhos, se ressente também da falta de flips, atuais xodós do mercado; mas é claro que, no seu website, já há meia dúzia deles prometidos para o fim do ano. Esses flips devem fazer sua estréia comercial junto com três celulares ultra fashion, apresentados na quinta passada em Shangai.

Os três, que misturam toques art decô a elementos orientais, são tão lindos, mas tão lindos, que nem se parecem com telefones. Eu olho para o meu velho 7650, que nem está mais no mercado, e me pergunto se é melhor ser moderno ou ser eterno ? a eternidade, aqui, reduzida às devidas proporções do mundo eletrônico.

O 7650 é pesado (154 gramas), grande (114mm x 56mm x 26mm), antiquíssimo (foi lançado há mais de dois anos), não tem rádio, não toca MP3, não dança tango nem chega a ser um campeão de beleza, mas é o melhor telefone multimídia que eu conheço. Tem uma interface maravilhosa e inteiramente personalizável, uma das melhores câmeras integradas (vejam a definição das fotinhas no moblog!), bastante memória (quase 4Mb), GPRS, um joystick ótimo e, fundamental, bluetooth e infravermelho, para que a gente possa sincronizá-lo com o computador, o Palm ou um outro aparelho semelhante.

O 7650 foi o primeiro celular com câmera integrada da Nokia. Na época, imaginava-se que um telefone não era bem um objeto para se trocar como se troca de camisa; conseqüentemente, a lente da câmera, que é de plástico como praticamente todas as lentes de fonecams, ficava bem protegida pelo slide. A minha está, até hoje, completamente livre de arranhões.

Um dia vou ter que aposentar este fiel amigo; mas está difícil encontrar substituto à altura. Uns têm ótimas câmeras, mas interfaces complicadas; outros têm boas interfaces, mas não têm nem infravermelho nem bluetooth; outros, ainda, só têm uma carinha bonita e nada mais.

Quando fui recarregar o chip italiano em Veneza, o rapaz da loja quase chorou: ?Ah, a senhora ainda tem um 7650! Era o meu telefonino... Foi roubado, hoje tenho um muito mais moderno, mas sinto tanta saudade dele!? Eu disse que entendia perfeitamente e é verdade, como entendo. Pobre ragazzo.

* * *

Atenção, fotógrafos digitais: encerram-se hoje as inscrições para o concurso regional da Sony! Detalhes em www.sony.com.br/concurso. Corram lá, é uma boa!

Enquanto isso, a De Plá e a Oi iniciam, essa semana, uma parceria para a impressão de fotos de celular. Usuários da Oi poderão enviar as fotos direto de seus celulares para a De Plá e retirá-las na loja mais próxima. As primeiras cinco cópias são gratuitas; as demais custarão R$ 1,50. Para usuários das demais operadoras o custo será de R$ 1,99 por foto. Vale lembrar que a De Plá cobra apenas R$ 0,99 quando se levam mais de 20 fotos num CD... Dica: usem sempre a mais alta resolução possível.

(O Globo, Info etc., 13.9.04)

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