31.7.04





O melhor presente

Hoje é meu aniversário, mas o presente eu já ganhei na segunda-feira...

Na montagem, umas fotinhas de telefone que fiz durante a volta da Pipoca ao lar. Modéstia à parte -- não ficaram lindinhas?

Tenham todos um ótimo fim-de-semana!

30.7.04



A vida na rede

Depois de uma semana de confusão e protestos, o Fotolog voltou atrás: agora os usuários sul americanos pagantes não vêem mais a barra do Ubbi, nem ela é vista mais sobre suas fotos, ainda que por usuários não-pagantes. Quem já era Gold Cam antes da confusão, pagando em dólares, poderá continuar assim, sem banners ou publicidade de qualquer espécie; quem se inscrever daqui para a frente, já pagando em reais, não escapará, porém, de um cabeçalho — que, assegura o Fotolog, será menos obtrusivo.

Só não digo que reina a paz porque, escabriados com a péssima experiência, os que levaram mais a peito a invasão do banner estão com as barbas de molho; mas digamos que o sistema e os brasileiros voltaram a ficar de bem, o que não deixa de ser uma boa notícia.

* * *

Enquanto isso, não sei mais o que fazer para me livrar do Orkut. Ou, melhor dizendo, de certos inconvenientes do Orkut — que às vezes me parece, sinceramente, uma grande ferramenta para spams autorizados. Já desabilitei mensagens de grupos e de amigos de amigos, mas o que fazer com os amigos?!

Aliás, por falar nisso: como definir os amigos de Orkut? Não desdenho de amizades virtuais, pelo contrário; tenho grandes amigos “reais” que conheci primeiro online; e muitos que nunca encontrei fora do computador, mas cuja amizade nem por isso me é menos cara ou importante. No entanto, desde os tempos dos BBS, essas amizades se desenvolveram num ritmo natural, dando a cada uma das partes o tempo de, pelo menos, decorar o nome da outra.

No Orkut, porém, simpatia é quase amor mesmo: se a gente simpatiza com alguém acrescenta como amigo, se alguém simpatiza com a gente, acrescenta como amigo... e o resultado é que, quando se dá por conta, lá estão centenas de novos amigos — ou seja, centenas de novas mensagens, em geral muito simpáticas, daquelas que dão terrível dor na consciência não responder. Apesar disso, os dias continuam com apenas 24 horas...

O pior é que o Orkut é um dos sistemas de pior navegação que já vi: tudo requer o dobro da quantidade de cliques que seriam necessários num planejamento melhorzinho — e tudo é muito, mas muito lento. Ó mistério! Se deste jeito faz o sucesso que faz, imaginem o que não faria se funcionasse.

(O Globo, Info etc., 26.7.04)

Com tanta coisa acontecendo no começo da semana, acabei me esquecendo de republicar aqui a coluna do Info etc...

29.7.04





Polícia encontra gatinha,
mas alegria dura pouco


A Bia e eu ainda ficamos na dúvida: será que uma subia enquanto a outra esperava? Assim, se uma demorasse muito, a outra podia pedir socorro. Mas nem eu queria deixar a minha filha subir sozinha, nem ela queria que a mãe corresse riscos. Estávamos num edifício em Copacabana e, alguns andares acima, encontrava-se a Pipoca, nossa gata seqüestrada. Vivíamos os momentos finais da saga que envolveu um carro com placa de São Paulo, uma rede de mentiras, a solidariedade de leitores e amigos e uma investigação impecável dos policiais da 14ª DP.

Já no corredor, nem precisamos conferir o número do apartamento: uma sinfonia de latidos indicava nosso destino. Lá dentro, incontáveis animais, todos lindos, bem tratados e aflitos com a nossa presença e a superpopulação do espaço. Trocamos algumas palavras com o senhor que nos recebeu, não fizemos as perguntas que nos afligiram ao longo de 20 dias nem as acusações que estavam entaladas na garganta; apenas recebemos a Pipoca, assustada mas aparentemente bem, e voltamos para casa em triunfo, no auge da alegria.

No nosso prédio, onde vive entre o jardim, a garagem e a casa do porteiro Zé, a gatinha foi recebida com grande emoção. Os vizinhos festejaram, todos autenticamente maravilhados com a eficiência da polícia. Depois de percorrer seu território, miando muito — com certeza queria nos contar o que lhe aconteceu no cativeiro — Pipoca foi para o jardim, onde, como de hábito, ficou se lambendo ao sol: uma luz no fim do túnel, um pequeno milagre.

Na segunda-feira, quando ganhou notinha no Ancelmo Gois com direito a foto, viveu um dia de celebridade: pessoas que moram nas redondezas vieram vê-la, felizes e empolgadas com a história que, enfim, acabou tão bem. No blog, no fotolog e na minha mailbox, a comemoração foi sensacional: pouca gente acreditava que a polícia fosse capaz, ou tivesse vontade, de encontrar uma gatinha sumida. Percebi que, para a maioria, descobrir a cortesia e a eficiência dos inspetores Luiz Prates e Marcelo Cupello foi tão animador quanto saber que a Pipoca estava de volta ao lar.

A felicidade tem disso: gera ondas que vão e vêm. Os leitores que acompanharam a história que contei no blog, em capítulos, no fim da noite, foram dormir alegres, de alma lavada. Imprimi algumas das suas mensagens para ler na cama, acrescentando ao alívio de ter a Pipoca de volta a onda de solidariedade e ternura que se formou em torno dela. Como isso faz bem, pensei, antes de apagar a luz.

* * *

No dia seguinte, de tarde, soube da notícia terrível: Fernando Villela, jornalista, 30 anos, havia sido morto com um tiro no coração, ao reagir a uma tentativa de assalto. Não éramos próximos, no sentido tradicional que se dá à palavra, mas éramos, sim, muito próximos — à nossa maneira internauta de ser.

Fervil, como sempre o chamei e como para sempre ficará no meu carinho, foi um dos pioneiros da informação online. Trocávamos emails e comentários há anos; ele tinha um talento especial para saber qual seria a próxima onda, o que estava no ar, o que era interessante — tanto que, neste momento, trabalhava desenvolvendo conteúdo para telefones celulares. Não à toa, volta e meia alguém o chamava de Fervilhante: não era trocadilho, apenas constatação.

O fato de pouco nos vermos na vida real não impedia que nos considerássemos bons amigos, velhos camaradas, companheiros de estrada. Fiquei de coração partido ao ver no jornal a foto do seu pai, sentado no meio-fio ao lado do filho morto; naquele momento, o que havia de virtual na minha relação com o Fervil adquiriu uma realidade insuportavelmente dolorosa, superada apenas pela revolta de saber o quão banal está se tornando esta cena na minha cidade, na nossa cidade, abandonada ao desgoverno mais cínico e incompetente. A cidade que tanto amamos, mas que não nos permite mais o gozo singelo de 24 horas de plena felicidade.

* * *

Penso na equipe da 14ª DP, que tão bem me tratou e que com tanto empenho se dedicou a investigar o desaparecimento da gatinha; penso nos profissionais corretos e humanos que conheci, que vibraram com o final feliz da nossa epopéia felina, e penso como não devem se sentir frustrados com o descaso que se dá à segurança no Rio de Janeiro.

Afinal, como pode se sentir um bom policial sabendo que os critérios de avaliação da sua profissão são única e exclusivamente políticos? Como pode se sentir um bom policial num estado onde a principal qualificação do secretário de Segurança para o cargo que ocupa é ser marido da governadora?

O seqüestro da Pipoca, que para as pessoas que não gostam de animais pode parecer uma bobagem, me chamou a atenção para o drama dos bons profissionais da polícia, que obviamente têm vontade de acertar mas têm tão pouco estímulo para isso; a morte trágica do Fervil, porém, me lembrou que não há luz no fim do túnel que resista ao obscurantismo em que estamos mergulhados.


(O Globo, Segundo Caderno, 29.7.04)








Boletim Pipoca

Nossa gatinha ainda está meio cabreira com o mundo lá fora. Tem passado boa parte do dia refugiada na casa do Zé, cujo capacho continua a arranhar para completar o trabalho de destruição iniciado há tempos, mas já voltou a ficar na portaria no começo da noite para conferir o retorno ao lar do seu rebanho de bípedes, como vocês podem ver nas duas fotos noturnas.

A mudança de astral do prédio é notável. Depois de vinte dias sorumbáticos, o clima é de satisfação: a gente sabe que, ao voltar para casa, lá vai estar a gatinha à nossa espera. E, mesmo quando não está, há o relatório completo do Cesar, porteiro da noite, que nos conta cada movimento seu.

Ah, sim: os ratos sumiram todos, como que por milagre. Nenhum é macho o suficiente para encarar a Pipoca que, no entanto, já está dando sinais de quem quer ir à caça.

Dá-lhe, Pipoca!


28.7.04



Fervil

Meu amigo Fervil morreu ante-ontem, estupidamente, baleado por um bandido ao reagir a uma tentativa de assalto.

Fiquei tão deprimida com isso que não consegui escrever nada. Ainda não consigo.

Que mundo miserável este, em que não se pode mais viver uma grande alegria sem que ela seja seguida de uma tristeza ainda maior!


Justiça?!

Acabo de chegar do jornal. No carro vim conversando com um colega que está cobrindo o caso do Palace II, mais um dos incontáveis absurdos da nossa "justiça".

Seria cômico, se não fosse tão trágico: o Sérgio Naya está solto, mas 15 funcionários do Banco do Brasil estão presos desde a tarde de ontem, impedidos de deixar a agência do Forum; a Polícia Militar tem ordens de soltar o dinheiro para os ex-moradores assim que o dito dinheiro apareça, mas a Polícia Federal deve cumprir a determinação de levar tudo para Brasília.

Que palhaçada.

27.7.04



Pipoca, essa ingrata

Pipoca vai muito bem, apesar de ainda estar estressada, e viveu, hoje, um dia de celebridade. Depois da notinha do querido Ancelmo comunicando a sua volta ao lar, virou atração na vizinhança e recebeu muitas visitas. Todo mundo queria ver a gatinha recuperada pela polícia e parece que a todos ela tratou com igual cortesia.

Todos, exceto... eu, vejam vocês! Quando fui conversar com ela, me olhou meio de banda e zás, disparou escada acima até o primeiro andar.

Como eu fui buscá-la e a trouxe no carro, deve estar me associando ao cativeiro, e não quer me dar nenhuma chance de levá-la de volta para lá.

Eu até entendo -- mas certas coisas magoam... ;-)

Logo mais, assim que voltar para casa, vou levar um papo sério com ela. Regado a petiscos de gato.




O Caso Pipoca:
considerações


  • A minha primeira pergunta continua sendo por que levaram a Pipoca. Gente que recolhe animais de rua normalmente sabe distinguir os animais que estão sendo cuidados dos sem dono.

  • Supondo que a tenham levado na melhor das intenções, por que não a devolveram quando entramos em contato?

  • Por que tantas mentiras? Por que mentir para o Zeca, para mim e, finalmente, para a polícia? Por que isso?!

  • A polícia foi fundamental para encontrarmos a Pipoca. Sem os inspetores Luiz Prates e Marcelo Cupello, nunca teríamos encontrado a gatinha, que teria passado o resto dos seus dias na maior infelicidade, presa entre outros animais, longe dos seus banhos de sol, dos seus amados ratos e do chamego da gente. E logo aqui ao lado! Agradeço de coração a essa turma legal da 14a, do Leonardo Hazan, que me atendeu no balcão naquele domingo chuvoso, ao delegado Rafael Menezes: eles reforçaram a minha fé na cidadania.

  • O Zé e eu conversamos e chegamos à conclusão de que a Pipoca deve viver exatamente como vive, solta no jardim e na garagem, curtindo os prazeres felinos. Ela nasceu no prédio e está acostumada à liberdade de ir e vir, de tirar sonecas nas pedras quentinhas do sol, de se aninhar sobre o capô dos carros que chegam à noite. Ela dorme com o Zé e a Sílvia (mulher dele) e faz a sesta no sofá da sala. Quando está calor, o Zé até liga o ventilador de teto para que se refresque. Mas ela só fica em casa se quiser. Não vamos trancar a bichinha a essa altura.

  • Aqui nos comentários algumas pessoas falaram em dar um lar à Pipoca. Ela tem lar e tudo o que precisa. Toma vacinas, vai ao veterinário quando necessário e, às vezes, até toma uns banhos. Se fica imunda é por gosto, por se meter entre as coisas da garagem ou rolar na terra. Está muito mais feliz assim do que estaria dentro de uma casa -- que, para um gato, não é necessariamente um lar.

  • Pipoca vai, naturalmente, passar a usar uma coleirinha com o meu telefone.

  • Não vou negar que tenho medo de vinganças contra ela. Então, mais ou menos como Don Corleone naquela cena antológica do Poderoso Chefão, declaro que sou supersticiosa. Ao pessoal que levou a gatinha, e que sei que anda lendo este blog: por favor, vamos deixar as coisas como estão! Vocês esquecem a minha gata e eu esqueço vocês. Se qualquer coisa acontecer à Pipoca nos próximos meses -- sumiço inexplicado, envenenamento, atropelamento, o que seja -- eu volto à delegacia, e volto com raiva.

  • Mas enfim, bem está o que bem acaba. E agora, vamos dormir!
  • 26.7.04



    O Caso Pipoca:
    Final Feliz


  • Passei uma das noites mais angustiantes, com o telefone ao lado da cama, esperando, esperando. De manhã ligou o inspetor, para saber como havia sido a conversa. Ficou muito desapontado quando eu disse que não houve conversa. Mas nem bem desligou, tocou o telefone novamente -- e era, agora sim, o marido da senhora hospitalizada.

  • A conversa foi cheia de dedos e de reticências. Não era momento de acusar ninguém. Aceitei a explicação de que não sabiam de nada e combinei ir buscá-la.

  • Liguei para a Mamãe e para a Laura, para dar a boa notícia; e me arrumei para sair com a Bia, o coração disparado de alegria.

  • Tocou o telefone. Era Jandira, empregada da Mamãe, preocupadíssima com a nossa ida à casa onde estava a Pipoca: "Como é que vocês podem saber quem vai estar lá? Uma sobe, a outra espera, pelo amor de Deus! Se não descer em dez minutos, chama a polícia..."

  • Enquanto eu falava com a Jandira, a Sandra, aqui de casa, sem saber da minha conversa, dizia para a Bia: "Eu, se fosse vocês, não ia lá assim não... Não é melhor uma ir e a outra ficar?"

  • Impressionadas com a coincidência de pensamento da Jandira e da Sandra, Bia e eu ainda ficamos meio assim assim -- mas como é que uma ia deixar a outra subir sem ir junto?! Na dúvida, telefonei para o inspetor Prates, a essa altura velho amigo da casa, e falei que estávamos indo buscar a Pipoca. Ele ficou felicíssimo e disse para não nos preocuparmos, que tudo ia correr bem.

  • O edifício é um daqueles bons edifícios de classe média de Copacabana. Deixamos o carro na garagem e subimos, mas ao chegar no andar nem precisamos olhar o número da porta: os latidos nos informaram que era lá mesmo.

  • Surpresa: o senhor que nos recebeu é muito gentil. Não consegui contar quantos animais havia na casa, entre cães e gatos, todos muito bonitos e bem tratados, mas todos meio aflitos com a nossa visita -- e também, imagino, pela superlotação quadrúpede. Fiquei com o coração apertado só de pensar nos dias da Pipoca no apartamento, por mais bem tratada que tenha sido: ela que tem tanto espaço só para ela, que desconfia de gatos e detesta cães.

  • Finalmente, uma moça nos trouxe a Pipoca, estalando de limpa, com uma coleira e... um vestidinho! Muito estressada, coitada. Não quis ser indelicada mas tirei o vestidinho; Pipoca nunca usou coleira porque, quando tentamos pôr uma nela, odiou aquilo profundamente. Gatos têm um senso de ridículo muito aguçado.

  • No carro, veio olhando a paisagem, desconfiada. Tensa mas quietinha: é mesmo um dos melhores gatos que conheço. Quando chegamos ao Corte de Cantagalo, desandou a miar angustiadamente. Estava reconhecendo o seu pedaço.

  • Eu não tinha dito ao Zé para onde ia: quis fazer surpresa. Quando chegamos em casa com a Pipoca, foi uma emoção geral! O Zé não cabia em si de contente, os vizinhos ficaram felicíssimos, uma comoção.

  • Pipoca tratou de fazer o reconhecimento do território. Foi para a garagem, se esfregou nos carros e nas motos e continuou miando -- tenho a impressão de que estava nos contando o que lhe aconteceu no cativeiro. Depois foi para o jardim -- o seu jardim -- deu uma corridinha na grama e se sentou ao sol, onde ficou se lambendo. Um pequeno milagre.

  • Não sei quem estava mais feliz, se ela ou nós.

    (Termina aqui; mas continua...)


  • O Caso Pipoca:
    a trama se adensa



  • Dois dias depois da conversa, me telefonou o inspetor Luiz Prates. O carro suspeito estava envolvido num crime... no Rio de Janeiro! A sogra da proprietária, que estava ao volante, havia sido vítima de uma tentativa de assalto em Nilópolis, e fora baleada. Estava no hospital.

  • A proprietária do carro e seu marido (que moram em São Paulo)haviam sido convocados para depor e estavam na 14a DP, onde afirmavam ter emprestado o carro há apenas três dias. Também continuavam negando conhecimento de qualquer fato relacionado a gatos. O inspetor perguntou se eu concordava em falar com o marido. Naturalmente!

  • O homem se identificou, disse que era médico e que estava exausto daquilo tudo. Que estava cheio de problemas de saúde na família. Que não gostava de gatos. Que se eu não cuidava direito dos meus gatos não era problema dele.

  • Neste ponto, o inspetor tomou o telefone e disse que eu não era obrigada a escutar coisas assim e que podia encerrar a conversa. Eu disse que estava tudo bem, que entendia o nervosismo do homem; mais uma vez, fiquei muito angustiada. O coitado com a mãe baleada no hospital tendo que explicar o roubo de um gato do qual não tinha a menor idéia...!

  • Voltei a falar com ele, que disse que tudo o que desejava era resolver o problema. Respondi que isso era também o que eu mais queria, mas que para mim o assunto só estaria resolvido quando tivesse alguma notícia da Pipoca. Nisso ficamos.

  • Mais tarde o inspetor telefonou. Apesar das negativas do casal, que inclusive deu para a polícia um endereço falso como residência da mãe, as investigações indicavam que o veículo estava no Rio há mais de um ano, sendo usado pela sogra da proprietária, moradora de Copacabana conhecida por ter diversos animais em casa (!!!).

  • Problema 1: Como esta senhora está no hospital, o inspetor não achava conveniente levar lá o porteiro para identificá-la. Problema 2: Ele estava convencido de que ela de fato roubara a Pipoca, mas tinha medo de que a família abandonasse a gatinha num lugar qualquer ou fizesse coisa até pior, para se livrar da evidência.

  • Pedia portanto minha autorização para dar meu telefone ao marido da senhora hospitalizada. Queria que eu tranquilizasse a família em relação às minhas intenções. Concordei, lógico.

  • O inspetor ligou de novo. Havia conversado bastante com o marido da senhora hospitalizada, e explicado que não tinham nada a ganhar mentindo, pelo contrário. Se o animal fosse devolvido eu retirava a queixa e não se falava mais no assunto. O inspetor não podia me garantir nada, mas disse ter sentido uma dúvida no outro lado do telefone que lhe dava esperanças de que a Pipoca ainda estivesse lá. Disse também que o marido da senhora me ligaria em seguida -- mas isso não aconteceu.

    (Continua! Eu não disse que a história era enrolada?!)


  • O Caso Pipoca

    Agora que afinal estamos todos reunidos diante da lareira, passo aos fatos -- que, honestamente, ainda não consegui entender de todo. Vou pular a parte do seqüestro e da queixa na delegacia, que vocês já conhecem, e começo do meio da semana passada.

  • Depois de um telefonema dos investigadores, a dona do carro suspeito finalmente telefonou para mim, de São Paulo. Repetiu o que havia dito à polícia e, anteriormente, ao Zeca, marido da Leila, Mãe de Todos os Gatos: ela não sabia de nada, nem tinha noção do que pudesse ter acontecido. Queixou-se de que estavam ligando muito para a casa dela. Acabava de voltar do hospital onde o filhinho de seis meses estivera internado por causa de uma pneumonia. O carro estava em São Paulo e não saíra da garagem nos últimos 15 dias. Eles têm cachorros, não teriam uso algum para um gato.

  • Fiquei consternada. A gente dá uma queixa contra alguém que roubou o gato, mas não quer causar transtornos a inocentes, obviamente. Pedi muitas desculpas pela eventual chateação, mas expliquei que se tratava de um animal muito querido e observei que a questão do carro era séria. Ou era o carro deles, ou era um carro clonado. Sugeri que procurasse o Detran para ver se havia alguma coisa que indicasse a segunda opção. Desejei melhoras para o filhinho e nos despedimos. Cordialmente, suponho.

  • Alguma coisa na conversa estava errada. Não sei dizer o quê, mas arrisco que tenha sido a falta de surpresa. Se alguém me dissesse que o meu carro estava envolvido no roubo de um suricato em Curitiba, por exemplo, eu ia querer todos os detalhes da história. O Zeca já tinha tido essa mesma impressão.

    (Continua!)









  • Pipoca!!!

    Vou ser muito rápida, porque tenho centenas de coisas para fazer, mas o resumo da ópera é: a Pipoca está de volta!

    Foi devidamente localizada pelos agentes da 14 DP -- a quem, aliás, agradeço de coração -- graças à placa do carro corretamente anotada pelo porteiro, e trazida para casa por mim e pela Bia, que fomos buscá-la em Copacabana, onde "mora" o tal carro com placa de São Paulo.

    Conto os detalhes depois; mas, por enquanto, imaginem só a festa que não foi a volta dela ao lar!

    Todos os vizinhos festejaram, vieram ver, deram telefonemas para parentes que também estavam sentindo a falta dela.

    Ô felicidade! :-)


    25.7.04



    Deus é brasileiro... :-D

    Ou, pelo menos, gosta mais do nosso futebol do que do dos argentinos...


    Gato & rato

    Quando os gatos são roubados, os ratos sobem na mesa: mais pura verdade!

    Hoje à tarde, quando voltei do clube, em vez de encontrar a Pipoca tomando sol no jardim, topei com uma ratazana enorme, que quase atropela minha bicicleta.

    Comentei o fato com o Zé, que confirmou. Os ratos estão todos voltando, coisa que nem sonhariam em fazer se a nossa caçadora branquinha estivesse na área.

    A polícia, porém, está trabalhando no caso.

    Há uma luzinnha no fim do túnel -- muito muidinha, mas há.


    Sábado em família

    Se alguém acompanhou as figurinhas do moblog aí ao lado, deve ter notado que, ontem, voltaram ao ar umas carinhas lindas que eu adoro: é que as crianças, que estavam em Brasília, passaram parte do dia no Rio a caminho de casa, no Texas.

    Fui buscá-los no aeroporto. Deixamos a tralha no maleiro, contratamos uma van e fomos para o Porcão Rio, uma churrascaria no aterro muito bem preparada para receber crianças: tem balões, uma sala de jogos, essas coisas. E uma comida ótima!

    Ontem, por acaso, tinha também uma exposição de cavalos, e eu e a Emília -- que é a mais chegada a bichos -- fomos conversar com eles. Além dos cavalos, vimos também muitas gaivotas, uns peixes grandes, provavelmente golfinhos, saltando lá longe na água, um gato tigrado amistoso e até uma chinchila, no colo de uma garota.

    A próxima parada foi o Pão-de-Açúcar, onde chegamos exatamente ao pôr-do-sol. As crianças adoraram o passeio de bondinho e nós, adultos, ficamos babando com a vista. Fizemos fotos, curtimos o fim do dia e, de lá, infelizmente, voltamos para o aeroporto.

    Já estou morrendo de saudades dos meus queridos, tão carinhosos e bonitinhos.

    23.7.04



    Duplo gol contra --
    e bota contra nisso!

    O comitê do Conde está mandando spam para os eleitores. Como se não bastasse, o que recebi hoje diz o seguinte:
    Conde é o candidato da governadora Rosinha Garotinho

    Garotinho: "Conde é o meu candidato. Com ele poderemos implantar as políticas do governo Rosinha Garotinho na prefeitura do Rio."
    Isso é propaganda a favor????

    Pois eu tremo só de pensar nessa possibilidade!!!

    Já nem discuto a "lógica" da peça: se Conde é o candidato da governadora, porque a declaração em destaque é do suposto secretário de segurança?!

    Que nojo.


    Menos mau...

    Luciana, da campanha do Conde, esclarece:
    Cara Cora,

    Gostaria de informar, em nome da campanha de Luiz Paulo Conde, que jamais enviamos, ou enviaríamos, spam para os nossos eleitores.

    Não temos a informação sobre quem poderia fazer esse tipo de coisa, e desconfiamos das intenções de quem está por trás disso.

    O endereço do nosso site está sendo distribuído em todo o nosso material de campanha, e posteriormente no horário gratuito eleitoral. Não precisamos de spam para divulgá-lo, nem o faríamos, por consideramos que emails não solicitados são anti-éticos.

    Em breve colocaremos um esclarecimento no nosso site a respeito. Lamentamos muito que isto esteja ocorrendo, mas infelizmente, garanto, isso foge à nossa responsabilidade.

    Cora, enviarei email para você em breve, com o meu número de celular, para que a gente possa esclarecer isso.

    Atenciosamente,

    Luciana, Comitê Conde 15.

    Valeu, Luciana!


    Propaganda enganosa

    Antes de eu me matricular na academia no clube, todo mundo dizia que, depois de começar a fazer exercício, eu ia ser outra pessoa: com muito mais energia e muito mais disposição e, quem sabe, até um pouco menos de peso.

    Bom. Já estou lá há quase um mês. Em relação ao quesito peso, não tenho queixas. Estou mesmo um pouco -- bem pouquinho -- menos pesada. Mas mais energia?! Mais disposição?! De onde tiraram isso, meu Deus?!

    Honestamente: depois de uma aula de spinning, tudo o que eu quero na vida é me espichar em algum lugar confortável e dormir 24 horas seguidas.

    Passo o dia como um zumbi.

    É verdade que, depois das primeiras duas aulas, eu passava o dia como um zumbi atropelado, com dor pelo corpo todo.

    Agora não dói mais nada, mas o cansaço que dá nem vos conto. Reclamo disso com os amigos experts em fitness, que não saem da academia do clube, e eles me dizem:

    -- Ah, mas é que você começou no outro dia! Daqui a um mes ou dois você vai ver só, vai até sentir falta de exercício...

    Então tá. Eu faço de conta que acredito. Só quero ver qual vai ser a explicação daqui a um ou dois meses.

    Ainda neste capítulo, porém, tenho que confessar que uma coisa que estou gostando de fazer é andar de bike na Lagoa. É um jeito fácil e rápido de conferir o meu pedaço, de encontrar umas fotos e, eventualmente, até de fazer uma fotossíntese básica.

    Recomêinndo.


    Ufa!

    Depois de exatamente uma semana de protestos, bate-boca e estresse generalizado, o Fotolog voltou atrás na questão do banner do Ubbi -- que agora aparece apenas para os usuários gratuitos do sistema, como deveria ter sido desde o princípio.

    A sensação geral é de alívio, mas um alívio esquisito, parente daquele que a gente sente quando tiram o bode da sala, sabem como é?

    Para mim, pessoalmente, o saldo de toda a confusão foi positivo. Acabei me aprofundando no Fotola, que é meio difícil de entender, mas que é muito interessante quando, enfim, a ficha cai.

    Não vejo mais necessidade de abandonar o Fotolog, como era minha intenção caso o famigerado banner permanecesse, mas, sinceramente, estou com as barbas de molho.

    Vamos aguardar os próximos capítulos.

    Ah sim: alguém ainda tem paciência pro Orkut?!

    22.7.04



    A gata, os leitores,
    o delegado e o Ribondi



    Não, pessoal, a Pipoca infelizmente ainda não apareceu, nem tenho notícias dela; ainda não perdi de todo as esperanças de encontrá-la, mas confesso que, a cada dia que passa, fico mais desanimada. Se tantos humanos desaparecem mundo afora sem deixar vestígios, imaginem uma gatinha quieta e pequenina, tão parecida com tantas outras gatinhas brancas, sem importância aparente ou valor de mercado...

    Por outro lado, perdi a conta das manifestações de solidariedade que recebi desde a semana passada, depois que descrevi minha ida à 14 DP para registrar o roubo da gatinha. Foi muito reconfortante saber que o sumiço de um bicho de estimação ainda comove as pessoas — tanto pelo bicho quanto pelas pessoas. Acho que há, aí, um sentimento que vai além da preocupação por um quadrúpede, coisa pouca diante das grandes tragédias que nos cercam: a consciência de que estamos todos, gente e bichos, no mesmo barco existencial, reforçada pela certeza de que, afinal, toda espécie de amor vale a pena.

    Leitores telefonaram e mandaram e-mails contando casos parecidos acontecidos com animais seus; alguns até me ofereceram filhotes branquinhos iguais à Pipoca. Mas o que me surpreendeu mesmo foi a quantidade de gente que apoiou o fato de eu ter registrado queixa na polícia — o exato oposto do único leitor que, de São Paulo, resolveu soltar os bichos:

    “Registrar o roubo de um gato? Será que você não acha que a polícia tem coisas mais importantes a fazer? Ou será que você é que não as tem? Prest’enção, madame!!!”

    Mas a madame aqui, que achou muito curioso o uso deste “prest’enção”, folga em dizer que até a polícia se manifestou favoravelmente:

    “Meu nome é Ricardo Andreiolo, sou delegado de polícia e, até a semana passada, eu era titular da delegacia especializada de atendimento ao turista, colada com a 14 DP; agora estou na França para um ano de estudos na Escola Nacional Superior de Polícia, da polícia nacional francesa. Escrevo para agradecer pelo seu último artigo, pois são raros os elogios à polícia por parte da imprensa e, como diz nosso Caetano, ‘é que um carinho às vezes cai bem’.

    Na totalidade técnica das vezes, o policial é vilipendiado pelo jornalista — pois o elogio não é uma notícia espetacular, portanto não rentável; e aí, para meu desgosto (minha primeira faculdade foi jornalismo na UFRJ) fui percebendo que a voz do jornal, que costumamos associar ao interesse público, é ditada por uma lógica de otimização do lucro como em qualquer empresa multinacional.

    Isto sem falar no desrespeito aos policiais por parte de promotores e juízes — e geralmente aos bons policiais, que são aqueles que agem dentro da lei e portanto vêem o resultado de seu trabalho na esfera do poder Judiciário.

    Não adoto aqui uma postura corporativista: acho que o policial bandido deve mesmo ser denunciado pelo promotor, tratado com firmeza pelo juiz e denunciado ao público pelo jornalista; mas quando isto se torna sistemático, patológico, não causa efeito algum sobre os maus policiais — que estarão roubando de qualquer forma — e só faz desanimar aqueles que querem trabalhar direito.

    Desta forma está sendo jogada fora uma nova geração de excelentes policiais, pois muitos agem exclusivamente por interesse público, apesar de exercerem uma profissão ingrata que ainda lhes coloca a vida em risco, e deveriam, portanto, ser tratados a pires de leite, como se fossem — justamente — gatinhos de luxo.

    Quanto à Pipoca, desejo boa sorte e acredito que a investigação terá êxito, já que a placa do veículo foi anotada: o proprietário será identificado e intimado a prestar depoimento. Acredito que o crime tenha sido registrado como furto, já que a nossa legislação, infelizmente, trata os animais como objetos. Assim, matar o cachorro do vizinho é um simples crime de dano, muito menos grave do que o crime de furto: o objetivo aqui é resguardar a propriedade privada (exacerbadamente protegida pelas nossas leis), e não a vida de um gato ou de um cachorro.”

    * * *

    Enquanto isso, lá no blog, meu querido amigo Alexandre Ribondi disse tudo:

    “Uma vez, no meio de uma súbita e esquisita onda de violência aqui em Brasília, os jornais deram destaque ao nascimento de um leãozinho no zoológico. Aquilo foi como se outra onda, mais alta, e de ternura, houvesse lambido a cidade inteira. Eu abri o jornal e sorri. Deu alívio. Deu vontade de ir lá no zoológico abraçar a mãe, só para ter a sensação de que vivíamos em paz, com tempo para essas delicadezas.

    Assim também é que vejo a preocupação e a consternação da Cora e dos seus amigos e leitores com a gatinha branca. Enquanto a gente achar que é definitivamente importante correr atrás de bicho sumido, essas coisas admiráveis como o carinho, o amor, o companheirismo, a amizade profunda ainda farão sentido, mesmo que o resto do mundo esteja desabando em nossa volta.

    Pipoca, então, é a vontade inabalável de que tudo isso para sempre exista.

    Viva Pipoca.

    Onde quer que você esteja, minha menina branca e linda, estarei, eu também, pensando em você.”


    (O Globo, Segundo Caderno, 22.7.04)

    20.7.04



    Mistério

    Estou fazendo uma enquete entre amigos, leitores, familiares:

  • Você já perdeu guarda-chuva?

  • Você já achou guarda-chuva?




  • Acaso mio

    De repente, me deu vontade de ouvir Amado Mio, lembram? aquela música linda galhardamente defendida por Rita Hayworth em Gilda. Procura daqui procura dali, não tenho mais noção de onde foi parar; até porque, como sempre, uma das máquinas da casa está fora de combate.

    Fui pra rede, onde encontrei duas outras versões da música, uma com Pink Martini, muito boa, e a outra com um saxofonista de quem eu nunca tinha ouvido falar, Fausto Papetti.

    Fuçando o Google, descobri que ele nasceu em 1923, morreu em 1999 e tem, até hoje, uma legião de fãs na Itália, onde era conhecido como the sax symbol. Achei até um site com quase mil gravações suas e pequenas amostras em MP3.

    A sua versão, menorzinha, veio mais rápido que a da Martini. Começou a tocar e era uma interpretação surpreendente, com diversas vozes em canon e efeitos de eco... simplesmente deslumbrante!

    Fui ver mais informações sobre aquele gênio que eu desconhecia no arquivo, e só aí descobri que estava com três Winamps abertos, cada qual tocando no seu próprio tempo.

    A versão ao natural é ótima também, mas juro que acabei me arrependendo de ter acabado com o meu trio de Winamps improvisado.

    19.7.04





    Fotolog + Ubbi:
    como marcar um gol contra


    Depois de muito tempo de busca, o Fotolog finalmente conseguiu uma parceria na América Latina. Associou-se ao provedor gratuito Ubbi, o que pode resolver parte dos sérios problemas de performance que enfrenta por causa da sua grande quantidade de usuários, além de permitir aos fotologgers da região o pagamento de mensalidades em moeda local. Com isso se matam dois robustos coelhos de uma só cajadada, já que os brasileiros, maioria entre os usuários (cerca de 213 mil no fechamento da edição), têm dificuldades em se cadastrar como pagantes junto ao PayPal, eficiente mas enroladíssimo sistema americano, que só aceita dólares.

    O que poderia ter sido motivo para júbilo e comemoração, porém, caiu como uma bomba no meio da comunidade. De um minuto para outro, sem qualquer aviso prévio, todos os usuários sul americanos — inclusive os que pagam U$ 5 mensais como contribuição ao serviço, conhecidos como Gold Cams (de Golden Camera) — foram contemplados com um banner horripilante, apoiado, ainda por cima, por um texto patético:

    “Nossos fotologgers na América do Sul verão, a partir de agora, um pequeno cabeçalho Ubbi no topo de nossas páginas. Nossos usuários gratuitos verão neste cabeçalho publicidade de patrocinadores que apóiam o Fotolog. Os Gold Camera Members na América do Sul, neste espaço, verão apenas os olhinhos amigáveis do logo de Ubbi! ”

    Assim é que, numa única tarde, duas das grandes forças do Fotolog, a universalidade e a limpeza do design, ruíram fragorosamente. Enquanto o resto do mundo continuava desfrutando do bom e velho layout, nós, cucarachas, não podíamos mais dar um clic sem esbarrar nos abomináveis “olhinhos amigáveis” — que, inicialmente, ocupavam pelo menos três vezes mais espaço do que a marca do próprio Fotolog. A medida pode não ter sido gerada por preconceito, mas ela funciona, efetivamente, como uma segregação visual humilhante.

    Resultado: poucas vezes uma marca relativamente desconhecida conseguiu angariar tantos inimigos em tão pouco tempo. Duas horas depois dos infames “olhinhos amigáveis” entrarem no ar, o Fotolog era um festival de protestos contra o Ubbi, dos velhos palavrões e fotos pornográficas com que turmas de adolescentes costumam saudar toda e qualquer mudança no site a ponderações sérias como as de Sinistra, estrela absoluta da casa, que observa, com razão, que não basta eliminar o banner das páginas dos pagantes para restabelecer o equilíbrio ecológico do sistema. Afinal, o barato do Fotolog não é apenas ver, mas também ser visto — e ninguém se sente bem em perder horas de trabalho editando fotos e combinando cores numa página para que, no fim, tudo seja estragado por um cabeçalho horrendo.

    Há ainda outra questão a considerar, especialmente no caso dos usuários de maior visibilidade, como Sinistra, Bsamp, os Zipper, Helenbar e Cris Carriconde, por exemplo, todos Gold Cams e todos igualmente furiosos com os aspectos visuais da associação Ubbi + Fotolog. É que a marca está pegando carona na sua popularidade, sem que, em qualquer momento, eles tenham sido consultados a este respeito.

    Em tempo: antes mesmo que os “olhinhos amigáveis” pudessem piscar, um jeitinho de tirá-los do ar já havia sido descoberto e circulava pelo site. Isso não atenua a questão básica da falta de sensibilidade demonstrada pelo Fotolog mas, pelo menos, resolve o problema estético. Subi as receitas para Mac e PC para www.ubbi.tk.

    (O Globo, Info etc., 19.7.04)

    Em tempo: Para quem está perguntando, já que o último post foi meio críptico: meu fotolog está fechado, sim. Adoro meus amigos fotologueiros e a variada e divertida comunidade que lá se formou, mas acho que a falta de sensibilidade da administração passou dos limites.

    Criar um gueto visual para uma região geográfica é inaceitável.

    Até segunda ordem, estou no Fotola, onde, aos poucos, vai se formando um interessante núcleo de dissidentes. O Fotola é pequeno, estranho e "devagar" em comparação com o Fotolog, mas para mim está de ótimo tamanho.

    18.7.04





    Stormy weather

    Cabou-se o que era doce.

    Não só lá fora, mas também aqui em casa: Paulinho, Kelyndra e os meus três bipinhos lindos foram embora no fim da tarde. Já estamos todas morrendo de saudades. A modéstia de avó me impede de dizer como as crianças estão lindas, mas tenho umas fotinhas que vou subir oportunamente. Vocês não perdem por esperar... ;-)

    A família conheceu finalmente a Alicia, que ainda não tinha vindo ao Brasil. Ela é um daqueles bebês sorridentes, rechonchudos e bonitinhos que páram as pessoas na rua. A gente sai com ela e todo mundo vem conversar, fazer um carinho, perguntar a idade, essas coisas. Muito engraçado.

    Bia está cada vez mais apaixonada pelo Joseph, que é muito sério e tem uma dúvida existencial permanente: "Por quê?". Já a Emilia se apaixonou pela Manuela, a prima grande com quem bateu altos papos. O curioso é que ela é mesmo capaz de manter longas conversas sem perder o fio da meada; tem um vocabulário enorme, muita imaginação e um senso de humor meio sarcástico, que fica divertidíssimo numa pirralhinha de cinco anos e pouco.

    Quanto ao front quadrúpede, nada de novo. Continuamos sem notícias da Pipoca.

    É muito triste chegar em casa e não receber as boas vindas dela.

    17.7.04



    Cena carioca

    O veranico (ô palavra esquisita!) já foi embora. Chove, faz frio, nem dá vontade de sair da cama. Mas ontem, enquanto aquelas aves sábias aproveitavam o sol, um bípede implume também tirava a sua casquinha do bom tempo.








    16.7.04





    Veranico

    Hoje, passeando de bicicleta pela Lagoa, curti o restinho do tal de veranico que a meteorologia prometeu. Fiquei com a impressão de que os biguás e as garças também estavam estocando todo o sol que podiam para enfrentar o fim-de-semana.

    15.7.04




    O dia em que fui parar na delegacia

    Domingo, quase onze da noite, uma chuva danada, um frio de amargar — e lá estava eu, de capa, cachecol e guarda-chuva, feito uma inglesa, sentada diante de um investigador da 14 DP, no Leblon, registrando uma queixa. A delegacia, para minha surpresa limpa e bem iluminada, estava praticamente vazia. Na mesa ao lado, um casal aflito ligava em várias línguas para uma série de números, cancelando cartões de crédito roubados num assalto; lá do fundo vinha uma gritaria infernal, feita, como soube depois, pelas três mulheres de um dos presos. Se nós vivêssemos em tempos mais amenos, eu até diria que, com tanta baixaria do lado de fora, ele não devia estar achando a cadeia um lugar de todo ruim.

    * * *

    Relutei muito antes de ir à delegacia. Digamos — para dizer pouco — que aquele não é bem o meu ambiente; não sei o que fazer, o que dizer, a quem me dirigir. Tenho sempre um vago medo do que pode acontecer, não necessariamente comigo, mas ao meu redor: que cenas de sangue e terror não estarão à minha espera? Além disso, em meio à verdadeira guerra civil em que vivemos, será que ainda adianta chamar a polícia para qualquer caso que não envolva pelo menos um assassinato, meio quilo de pó e um arsenal de uso exclusivo das Forças Armadas?

    * * *

    Antigamente, havia uma linha de bonde que passava perto do Bairro Peixoto, onde nós morávamos. Havia também uma favela no alto da Santa Clara, quase na saída do Túnel Velho. Uma das minhas primeiras lembranças de criança é estar com a minha tia Clara neste bonde — palavra que então designava apenas um inocente meio de transporte coletivo — quando um moleque pulou no estribo, arrancou a bolsa dela e fugiu morro acima. Foi uma comoção.

    Minha tia gritou “Pega ladrão!”; o bonde parou e meia dúzia de cavalheiros saltaram e partiram, céleres, atrás do malfeitor. Naqueles tempos ainda se gritava “Pega ladrão!”, ainda havia cavalheiros, e não só ainda havia bondes, como uma bolsa roubada era caso suficientemente sério para pará-los.

    Pensando no incidente tantos anos depois, vejo que a maior diferença de todas, porém, é que, então, ainda era perfeitamente possível a um cidadão desarmado, mas corajoso, subir morro atrás de ladrão.

    Mas, enfim: lá ficou o bonde parado nos trilhos até a volta dos cavalheiros: suados, esbaforidos e... de mãos abanando. A pequena multidão que se formara se desfez, desapontada, e o bonde retomou seu caminho. A polícia foi devidamente notificada, mas a bolsa nunca mais foi vista — ainda que, durante uns tempos, tenha sido assunto de conversa, não só lá em casa como na vizinhança inteira.

    É que, naquela época, as pessoas ainda ficavam indignadas. Ninguém dizia “Que bom que foi só a bolsa!”, como se fosse uma sorte (e não é?) perder dinheiro e documentos sem ser ferido ou morto.

    * * *

    Pois foi esta antiga cena que me veio à mente domingo à noite, antes de ir, sozinha, à delegacia. Não importa que a polícia jamais tenha encontrado a bolsa da minha tia. O que importa é que todo mundo, naqueles tempos quase idílicos, reagiu como reagiam as pessoas ainda não anestesiadas por tantos e tantos anos de violência. O que importa é que ninguém se fingiu de morto.

    * * *

    Quando cheguei à 14 DP, um rapaz simpático veio ao balcão me atender.

    — Olha, eu sei que este não é um tipo de ocorrência muito comum, mas vim registrar o furto de um gato.

    — Perdão?

    — Um gato. Quadrúpede. Uma gatinha branca, linda, que me levaram.

    — E a senhora quer registrar?

    — Justamente.

    Se o rapaz achou que eu era maluca, foi suficientemente educado para não deixar transparecer nada. Pediu um minutinho e foi lá dentro se consultar com um superior, para saber se era possível registrar o fato de que a Pipoca, gatinha que caçava os ratos do edifício e encantava os moradores, havia sido raptada por uma mulher que dirigia um Palio escuro com placa de São Paulo.

    Era possível, sim — e logo eu estava diante de um inspetor que cuidadosamente registrou o acontecido. Em menos de uma hora, saí da delegacia com a ocorrência na mão, e com a sensação de que, mesmo que a investigação não venha a dar em nada, pelo menos o rapto de uma criatura a quem quero tanto bem, e que tanta falta me faz, não terá passado em brancas nuvens.


    (O Globo, Segundo Caderno, 15.7.2004)

    14.7.04



    Novidades no Fotolog

    Acaba de entrar no ar: o Fotolog fez uma associação o Ubbi para que os usuários brasileiros que queiram ser Gold Cam possam pagar em reais. A parceria promete Fotolog em português, preços mais baratos e promoções e concursos só para brasileiros.

    Eu não tinha idéia do que (de quem?) é este Ubbi, e ainda não sei muito bem, exceto que é ligado ao Cidade Internet.

    Tudo bem que o Fotolog sempre enfrentou problemas com os brasileiros, mas ninguém merece o que fizeram com a gente -- sobretudo, nenhum usuário que já paga pelo serviço, em dólares.

    É que o tal Ubbi, que tem um logo horroroso, tasca uma faixa medonha no alto da página, que toma a maior parte do seu flog, seja você Gold ou não.

    E ainda some com a sua lista de favoritos.

    ARGHHHHHHHHHHHH!!!


    *sigh*

    "Oh mammy, oh mammy mammy blue, oh mammy blue... oh mammy, oh mammy mammy blue, oh mammy blue..."

    YIKES!!!

    Alguém me arranja uma outra música qualquer, pelamordedeus?!

    13.7.04



    Piadinha politicamente incorreta

    Janjão me mandou, pra gente rir um pouco.

    Disclaimer:

  • Isso é só uma piada.

  • Quem se sentir ofendido pode trocar o argentino da história por um cidadão de qualquer outra nacionalidade.


    Um francês, um argentino e um brasileiro estão visitando a Arábia Saudita, e resolvem tomar umas doses de whisky, quando a policia aparece e os prende. A simples posse de bebida alcoólica é uma ofensa grave na Arábia Saudita e os três são sentenciados à morte, num julgamento sumário.

    Entretanto, após vários meses e com a ajuda de bons advogados, eles conseguem que a sentença de morte seja transformada em prisão perpétua. Por um capricho da sorte, no aniversário da Arábia Saudita, o benevolente Sheik resolve abrandar ainda mais a pena e decreta que os mesmos poderão ser soltos após receber 20 chibatadas cada. Quando eles estão se preparando para a punição, o Sheik anuncia:

    -- "Hoje é aniversário de minha esposa, e ela me pediu para permitir a cada um de vocês um desejo antes da punição."

    O francês foi o primeiro da fila, pensou um pouco e pediu:

    -- "Por favor, amarrem dois travesseiros nas minhas costas".

    Assim foi feito, mas os travesseiros só duraram 10 chibatadas antes de completar a punição e quando tudo terminou ele teve que ser carregado sangrando e com muita dor.
    O argentino viu o que tinha acontecido e, sendo segundo, pediu:

    -- "Por favor, amarrem quatro travesseiros nas minhas costas".

    Porém, mesmo assim, após 15 chibatadas os travesseiros não suportaram e o argentino foi levado sangrando e maldizendo o acontecido.

    O brasileiro foi o último e, antes que pudesse dizer o seu pedido, foi interrompido pelo Sheik:

    -- "Você é um de um país belíssimo, do futebol e das mulatas. Eu adoro o Brasil, e vou lhe agraciar com dois pedidos antes da punição."

    -- "Obrigado, Alteza", disse o Brasileiro. "Em reconhecimento à sua bondade, meu primeiro desejo é que eu receba 100 chibatadas e não 20 como previsto, pois eu me sinto culpado pelo ocorrido".

    Ao que o Sheik respondeu:

    -- "Além de ser um homem honrado e gentil, o senhor também é um homem corajoso. Que assim seja! E qual é o seu segundo pedido?"

    -- "Quero que amarrem o argentino às minhas costas".



  • A vida como ela é

    Alexandre Ribondi, que é das pessoas que eu amo e admiro há mais tempo no mundo, escreveu este comentário. Puxei para cá, porque não queria correr o risco de que vocês deixassem de ler coisa tão bonita:
    Uma vez, no meio de uma súbita e esquista onda de violência aqui em Brasília, os jornais deram destaque ao nascimento de um leãozinho no zoológico. Aquilo foi com se outra onda, mais alta, e de ternura, houvesse lambido a cidade inteira.

    Eu abri o jornal e sorri. Deu alívio. Deu vontade de ir lá no zoológico abraçar a mãe, só pra ter a sensação de que vivíamos em paz, com tempo para essas delicadezas.

    Assim também é que vejo a preocupação e a consternação da Cora e dos seus amigos -- e leitores -- com a gatinha branca. Enquanto a gente achar que é definitivamente importante correr atrás de bicho sumido, essas coisas admiráveis como o carinho, o amor, o companheirismo, a amizade profunda ainda farão sentido, mesmo que o resto do mundo esteja desabando em nossa volta.

    Pipoca, então, é a vontade inabalável de que tudo isso para sempre exista.

    Viva Pipoca.

    Onde quer que você esteja, minha menina branca e linda, estarei, eu também, pensando em você. Ribondi

    12.7.04



    Pipoca

    Ainda sem notícias!

    Hoje, por causa da coluna, várias pessoas ligaram para o jornal, a maioria dizendo que está na torcida para que ela volte logo, e muitos oferecendo gatinhos branquinhos iguais a ela. Achei isso muito simpático e delicado, mas o problema é a falta que a gente está sentindo daquela branquinha dengosa em particular...

    Também ligou um senhor, que é investigador aposentado, se oferecendo para ajudar a procurar por ela. Isso me animou.

    Hoje de manhã, também, me ligou a mãe da Zilda, que é a dona do carro. Ela me disse que eles ficaram em São Paulo este tempo todo, direto, e que o carro não saiu de lá. Meu amigo Jason, que sabe tudo de automóvel, diz que não há placas com letras parecidas com DIK aqui no Rio; fico me perguntando se a placa não terá sido clonada.

    Afinal, de uma pessoa que rouba um animal de estimação pode-se esperar qualquer coisa.

    Ontem à noite, muito infeliz com a falta de notícias, tomei coragem e fui à 14 DP registrar queixa. Pode parecer maluquice a gente registrar o roubo de um gatinho numa cidade com tanta coisa teoricamente mais grave acontecendo, mas quem sabe até por causa disso um investigador não pega o caso?

    Fui muito bem atendida pelo pessoal de plantão e, se alguém me achou maluca, não disse nada...




    Bom companheiro de viagem


    Na semana passada mostrei algumas fotos que fiz e enviei com o celular, durante as férias. Meu companheiro de viagem foi um aparelho como este, o Nokia 7650, vovô dos telefones com câmera mas, a meu ver, até hoje entre os melhores da espécie — até porque o slide cobre a lente, protegendo-a de arranhões.

    Sair de férias com celular no bolso é uma aventura relativamente nova e muito interessante. Você pode levar o seu próprio telefone e, dependendo da operadora e do aparelho, até o seu próprio número; mas lembre-se que, se o roaming internacional é a opção mais prática, é também a mais cara. Vantagem: ligações pagas na volta pela conta normal do telefone, em reais. Desvantagem: preço muito alto. Apenas para remeter o dinheiro para o exterior, por exemplo, a operadora (ou seja, o usuário) paga 33% de impostos. Junte-se a isso custos variados, PIS, Cofins e ICMS e, já viu, o céu é o limite...

    A operação, porém, é praticamente automática. Basta procurar a operadora e habilitar o serviço antes da primeira viagem do aparelho. No caso dos telefones CDMA (Vivo), dependendo do país visitado, recebe-se um novo número; no caso dos GSM (Oi, Tim e Claro), conforme a freqüência usada no país e o seu celular (os modelos tri-band funcionam em praticamente todo o mundo) é só fazer a habilitação e sair falando. Ou ouvindo: ligar do Brasil para um celular em roaming internacional é exatamente como ligar para o aparelho aqui, inclusive em termos de custo. Quem paga a longa distância é quem recebe a chamada, lá fora, quer dizer: você!

    A meu ver, a melhor solução para quem tem aparelho GSM é comprar um chip novo no país visitado, e usar cartões pré-pagos, que ajudam a segurar a onda. O número muda, mas gasta-se bem menos, inclusive porque se pode optar pela operadora que tem as melhores tarifas (no roaming, ela é escolhida de acordo com a força do sinal recebido). Antes de viajar, contudo, cheque com a operadora se o seu aparelho aceita simcards de outras empresas, e se afreqüênciaé compatível com a do país que você vai visitar.

    Finalmente, se você viaja muito mas o seu telefone tem limitações, considere comprar um aparelho multiband, desbloqueado, que funcione em qualquer canto GSM do mundo.

    Gatinha raptada

    Na terça-feira de madrugada, pouco depois que me despedi dela, como fazia todas as noites ao chegar em casa, Pipoca, a gatinha do prédio, foi raptada. O porteiro do lado viu tudo: um Palio escuro parou em frente ao edifício, uma mulher desceu, pegou a gatinha e, quando ele saiu da portaria para ver o que estava acontecendo, ela correu para o carro com a Pipoca e sumiu na noite.

    Tenho certeza de que a pessoa que levou a minha querida gatinha não o fez por mal; possivelmente pensou que era um bicho de rua, sem teto. Se esta pessoa por acaso estiver lendo esta coluna, peço que por favor nos traga a Pipoca de volta.

    Ela vive solta mas tem lar, e uma família humana que está sofrendo muito com a sua ausência. Telefone para contato: 2534-5752.


    (O Globo, Info etc., 12.7.2004)


    *sigh*

    "Oh mammy, oh mammy mammy blue, oh mammy blue... oh mammy, oh mammy mammy blue, oh mammy blue..."

    11.7.04









    Álbum de família

    Só para dar um gostinho, porque estou -- para variar -- meio atolada: aí está a galera! Todos prestes a virar abóboras, depois de uma viagem exaustiva...

    Continuamos sem notícias da Pipoca. Leila tentou falar com a dona do carro em São Paulo, sem sucesso; eu também tentei.

    Nada.

    Agora vou, finalmente, à delegacia. Eu fiquei muito relutante em relação a isso, porque nunca se sabe se a pessoa não pegou a gatinha por bem, mas não estou vendo outra saída pro caso.


    Sessão nostalgia

    Arrumando uns MP3, encontrei Mammy Blue, com Roger Whittaker, versão original de 1971. Tsk. Há quanto tempo eu não ouvia isso.


    Blog!




    Beleza pura

    O Fotolog tem disso: às vezes a gente esbarra com umas coisas assim. 50mm é um dos meus favoritos; a autora, a respeito de quem não sei quase nada, mora na Índia.

    A legenda diz:

    "A música na minha cabeça era Old Friends/Bookends, de Simon & Garfunkel".

    Quem conhece esta música sabe: é mesmo a trilha perfeita, não é?

    10.7.04







    Nada, ainda... :-(

    Continuamos sem notícias da Pipoca. Estou pondo mais duas fotinhas dela aqui pra ver se dão sorte.

    Fico tristíssima agora, quando chego em casa, e sei que ela não está na portaria esperando para conversar um pouco e ganhar um carinho.

    Por outro lado, a solidariedade dos amigos na rede está sendo comovente e reconfortadora. Há sugestões de todos os tipos, torcidas, gente que fez cartazinhos tipo "Procura-se", fotologers de São Paulo ligando para o número da dona do carro (que não responde) e, claro, vocês aqui, sempre, dando a maior força.

    Muito obrigada, pessoal!

    Tenho certeza de que de que ela vai voltar para casa.

    * * *

    A boa notícia é que, amanhã, desembarcam no Rio, bem cedo, o Paulinho, a Kelyndra e os três gatinhos bípedes mais bonitinhos do mundo!

    9.7.04




    Ainda sem notícias...

    Até agora, nada da Pipoca! O Zé e alguns vizinhos já reviraram toda a vizinhança, procuraram, fizeram perguntas.

    Nada.

    Amanhã -- quer dizer, hoje, logo mais -- vou à delegacia dar queixa. Não sei se vai adiantar, mas pelo menos a gente tenta, né?

    8.7.04









    Emergência felina!!!

    Ante-ontem de madrugada, pouco depois que me despedi dela, como faço todas as noites ao chegar em casa, Pipoca, nossa gatinha do prédio, foi raptada.

    O porteiro do lado viu tudo: um Palio escuro parou aqui em frente, uma mulher desceu, pegou a gatinha e, quando ele saiu da portaria para ver o que ela estava fazendo, ela correu para o carro com a Pipoca e sumiu na noite.

    A placa foi anotada. Pelo que consegui descobrir, é uma placa de São Paulo: DIK 0741. Já descobri o telefone, mas neste momento só há uma empregada na casa que não soube me informar se o carro está ou não aqui no Rio.

    Fiquei pensando que talvez a placa não seja exatamente esta; mas, em caso de placa do Rio, quais seriam as variantes possíveis?

    Socorro!

    O Zé, nosso porteiro, está inconsolável; os moradores que já sabem do caso estão revoltados; e eu, nem preciso dizer, estou arrasada.

    Há algum detetive na casa que possa me dizer o que é que a gente pode fazer?



    Dica da Laura

    Imperdível: o pianista Patrick Cohen, um dos grandes mestres do repertório romântico, hoje, às 19h, na Sala Cecília Meireles. Um super programa - bom, bonito e... grátis!


    Pondo a vida em dia com Harry Potter e Vermeer



    Quando a gente volta das férias, acaba esbarrando num certo descompasso de assuntos. Fiquei muito contente com as novas cadeiras da redação, por exemplo, mas, como elas já tinham chegado há duas semanas, não encontrei mais ninguém com quem compartilhar o meu entusiasmo. Uma das capivaras da Lagoa andou sumida e reapareceu, mas como eu não soube nem de uma coisa nem de outra, não pude nem me preocupar nem me regozijar quando afinal a revi ao sol, gorda e altaneira.

    Na semana em que viajei, “Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban” estava por estrear. Pois agora, que vi o filme, ele já está em vias de encerrar carreira no circuito comercial, atropelado pelo sucesso do “Homem-Aranha” — e, suponho, pela péssima reputação de seus antecessores, que tirou até dos mais fanáticos harry-potteiros a vontade de acompanhar as aventuras do herói nas telas.

    Ainda assim, correndo o risco de chover no molhado, aviso: apesar de continuar tudo mais ou menos igual em Hogwarts, tudo está — até que enfim! — radicalmente diferente. Para mim, os dois primeiros filmes da série, dirigidos por Chris Columbus, não passaram de ilustrações para os livros, com suas cenas burocraticamente fiéis ao texto e suas intermináveis (e chatíssimas) partidas de quadribol.

    Era impossível adivinhar, através deles, o segredo do sucesso de Harry Potter.

    Entreguem-se os mesmos ingredientes a um diretor de real talento, porém, e o que se vê não é apenas um grande filme, mas um dos melhores filmes de aventura dos últimos tempos, movido a imagens poderosas, ótimos achados e muito senso de humor. Que tal um perigosíssimo livro sobre monstros que rosna e sai mordendo o que encontra pela frente? Ou uma árvore perversa dada a comer alegres e inocentes passarinhos azuis?

    Hogwarts, que nos episódios anteriores parecia um comercial da Disney, virou, nas mãos de Alfonso Cuarón, um castelo sombrio e vagamente sinistro; a natureza, espetacular, assumiu ares de protagonista; e, acima de tudo, as emoções dos personagens se tornaram reais o suficiente para envolver o público — ainda que este conheça a história de cor e salteado, saiba que nada de mau acontecerá a Harry e a seus amigos e, eventualmente, até reclame que esta ou aquela cena do livro tenham ficado de fora do filme.

    Os jovens atores estão um pouco menos jovens e um pouco mais atores, embora Daniel Radcliffe, o Hugh Grant em miniatura que faz Harry, deixe a desejar em termos de expressão dramática. Não chega a ser grave. Quem já assistiu sabe: há grandes atores de sobra para garantir o bom andamento dos trabalhos.

    Se você viu os primeiros filmes e perdeu a vontade de acompanhar Harry Potter no cinema, porém, reconsidere: este filme corresponde, enfim, ao livro que tanto amamos. Se você não viu nenhum dos filmes anteriores, odeia Harry Potter e detesta filme de aventuras, reconsidere também: este é um Grande Filme, independentemente de rótulos, gênero ou propósitos.

    * * *

    Num momento mais cabeça, fui assistir a “Moça com brinco de pérola”. O filme é inacreditavelmente bonito, lindíssimo de ver, um verdadeiro Vermeer em movimento — mas, sinceramente? Não me disse nada. Não encontrei qualquer densidade emocional na tela ou qualquer química entre as personagens. Alguns detalhes do livro de Tracy Chevalier, como as paradas da jovem Griet sobre a rosa dos ventos na estrada, foram incompreensivelmente respeitados; outros, como o destino dos brincos, muito mais importantes na história, foram desprezados, sabe-se lá por quê.

    O pior é que nem ao menos tenho certeza de ter gostado do livro. Achei boa a invenção da empregada Griet a partir da moça anônima do quadro, e até me envolvi com o ritmo da trama, que consegue recriar o cotidiano de um tempo passado. Também gostei das incertezas que ficam no ar e que, no filme, perdem muito da sutileza, assim como Griet, narradora no papel, perde muito da personalidade, ao permanecer quase muda em cena.

    Mas o romance tem problemas sérios, a começar pelo chavão da esposa neurastênica que, a despeito da longa vida em comum, é incapaz de compreender a arte do marido genial — prontamente compreendida, porém, pela empregadinha analfabeta recém-chegada à casa. Como se não bastasse, em dois tempos esta empregadinha compreensiva encontra a solução visual perfeita para um quadro em que Vermeer — Vermeer! — estava empacado há semanas. Então tá.

    Frescura minha implicar com isso, eu sei: o elogio da ignorância é o que há de mais moderno. Só que eu ainda sou do tempo em que a educação tinha o seu valor, e o gênio, o seu merecimento.

    (O Globo, Segundo Caderno, 8.7.2004)

    7.7.04



    A flor do meu segredo

    Pois é, eu sei, ando sumida. Mas é que o Fotolog finalmente desemperrou, e estou podendo, aleluia! postar as fotos das férias -- o que não é uma tarefa tão simples quanto parece.

    Gosto que as fotos do dia tenham uma relação entre si e, se possível, sigam um roteirinho, quase como um filme mudo. Mas escolher seis fotos entre as centenas que fiz é uma dificuldade!

    O Flávio Damm gosta muito de lembrar o que o Zé Medeiros dizia:

    -- Fotografar qualquer idiota sabe. Difícil mesmo é editar.

    E olhem que o Zé Medeiros não chegou a pegar a era da foto digital, em que esta verdade se tornou, de fato, absoluta.

    Depois, há sempre umas legendinhas a fazer; e outras legendinhas, mais ou menos iguais, em inglês, porque adoro manter contato com amigos dos quatro cantos do mundo.

    A outra razão do meu sumiço é até meio chata de contar, mas como nós somos íntimos...

    É que não só estou tentando manter a minha vida no saudável fuso horário europeu, como tenho feito spinning com certa regularidade lá no clube. Como ainda não estou acostumada com essas coisas, fico num cansaço que só vendo.

    O pior é que me disseram que quando eu começasse a exercer uma atividade física teria mais disposição e energia -- e eu acreditei...

    5.7.04











    Aventuras de um telefonino

    Estas são algumas das fotos que tirei durante as férias com o Nokia 7650 — que, na Itália, como todo celular, atende por telefonino . Gostei da palavra, e adotei o nome para o meu fiel companheiro eletrônico. Elas foram enviadas em tempo real para o moblog (uma espécie de blog de figurinhas para internautas em trânsito) e, em alguns casos, em que a baixa resolução não atrapalhava muito, até para o Fotolog. Tudo através do telefonino, já que tive pouquíssimo acesso à internet por computador.

    Durante 20 dias, ele foi a minha ligação com o mundo — em todos os sentidos. Era com ele que eu acessava a web, recebia notícias, trocava mensagens, atualizava o blog. Mais do que máquina de voz, seu papel preponderante no Rio, o telefonino virou máquina de dados, e como tal funcionou bastante bem. Longe das facilidades ergonômicas do computador, acabei me adaptando a ler na telinha miúda e, até, a escrever em T9, a linguagem dos telefones móveis. Foi uma experiência sensacional.

    Foi, também, uma experiência caríssima. Como o telefonino é GSM, pude usar, na Itália, um chip local da TIM, em sistema pré-pago, com um número italiano. É uma solução melhor para quem viaja do que usar o seu próprio número em roaming internacional; e, nem preciso dizer, muitíssimo melhor do que usar o telefone do hotel, assalto às vezes inevitável para quem precisa, por exemplo, conectar um notebook em viagem. Na semana que vem eu conto os detalhes.

    PS: As fotos não chegam a ser novidade para vocês, que acompanham o blog; mas, no jornal, eu publiquei 15 fotos de telefonino que, mod';estia à parte, saíram bem bonitinhas na impressão... :-)

    (O Globo, Info etc., 5.7.2004)


    4.7.04





    Fotolog

    O macete de subir as fotos por email funcionou direitinho, de modo que, finalmente, comecei a subir as fotos das férias!

    No momento, já está no ar parte da série do Campeonato de Masters.

    Se vocês forem aos arquivos, há também algumas fotos da Fashion Rio e, ainda antes disso, uns grafites bem bonitos de Barcelona.


    Viciante!

    Clique em start e tente guiar o coitado, que está muito mamado.

    Acho que a essas alturas todo mundo já conhece este joguinho -- recebi o link três vezes! -- mas mesmo assim não resisti...

    *hic*


    Sic transit

    Muitas coisas acontecendo, muitas coisas passando em branco enquanto tento me ajustar aos meus novos horários e à minha nova vida de pessoa que acorda em tempo de ir ao clube; eu queria escrever sobre Marlon Brando, por exemplo, por tantas coisas, mas sobretudo porque nunca vi homem tão bonito quanto ele no "Último Tango em Paris"; porque nunca vi ator como ele no "Chefão"; e porque, afinal, ele tinha aquele jeito estranho de ser, aquela atitude muito peculiar em relação à vida que se somou ao resto, e fez dele uma espécie de esfinge adiposa, muito mais interessante aos 150 quilos do que aos 30 anos.

    Quando vi "Don Juan de Marco" pela primeira vez gostei demais; depois fui deixando de gostar, e hoje não sei nem se é um filme que assistiria se estivesse de bobeira num domingo à tarde. Mas uma coisa sempre mexeu muito comigo neste filme: o destino da Faye Dunaway.

    Houve um tempo em que fazer par romântico com Marlon Brando era o sonho de todas as mulheres. Penso então numa jovem Faye Dunaway consultando uma cigana que lê a sua sorte e garante que ela, um dia, vai realizar este sonho; e não é que a profecia se concretiza, e de fato ela faz uma cena romântica... com um Marlon Brando cem quilos acima do peso?

    A vida é especialista em fazer este tipo de brincadeira de mau gosto com as pessoas.

    Ainda assim, o diabo do homem era um charme.

    :::::

    A morte de Brando me lembrou a de Nino Manfredi, uma das primeiras notícias de impacto que li na Itália, durante as férias; foi uma comoção nacional, com páginas e páginas nos jornais, edições especiais das revistas de celebridades e muitas reedições de filmes nas bancas.

    Nunca cheguei a ser fã de Manfredi como era de Marcello Mastroianni ou de Vittorio Gassman, por exemplo, talvez até porque ele não tivesse tanta visibilidade fora da Itália quanto os outros; mas fiquei muito sentida pelo significado da perda, pelo fim dessa extraordinária geração de atores italianos que, exatamente ao contrário de Brando, sempre me pareceram tão próximos e tão humanos.

    1.7.04



    Fotolog

    O Fotolog está perdendo a graça.

    Está impossível subir fotos, a menos que a gente tenha tempo e paciência para ficar tentando, tentando, tentando -- e o problema é que estou começando a perder tanto uma coisa quanto a outra.

    É muito frustrante fazer as fotos, imaginar seqüênciazinhas de seis, editar tudo e, na hora do upload, morrer na praia.

    Como (ainda) sou Gold Cam e, em tese, poderia subir até seis fotos por dia, por teimosia ando conseguindo emplacar uma ou duas. Mas o mais grave acontece com os usuários que só têm direito a uma foto, não conseguem fazer seus uploads e acabam perdendo o dia.

    Ao mesmo tempo, quando quero ver e comentar as fotos dos amigos, os guestbooks não abrem; isso, quando o sistema está bom. No geral, o que não abre mesmo é a foto.

    O segredo do sucesso do Fotolog foi a interface extremamente simples e inteligente, a facilidade -- e velocidade -- de uso e a possibilidade de se criar um cotidiano de imagens e de interação com os outros.

    Quando isso se rompe, a brincadeira acaba.

    É muito triste, porque o Fotolog é, disparado, a melhor das comunidades virtuais que já encontrei. Só continuo tentando manter o meu flog ativo por causa das pessoas que conheci por lá, e a quem quero muito bem -- ainda que saiba que as chances de encontrá-las na vida "real" sejam, em muitos casos, ínfimas.

    Que pena ver uma idéia tão boa sendo tão mal administrada.

    Ah, sim: Esta tela reflete perfeitamente o estado de espírito da comunidade.


    Nossos comerciais

    Enquanto eu passeava, de férias, os anunciozinhos do blog trabalhavam. Humildemente, tadinhos, mas ainda assim arrecadaram U$ 10,50.

    Passados três meses, continuo boiando em relação aos critérios gerais. Ontem, quando vi um anúncio do site da L'Oreal criado para a Fashion Rio, fiquei muito contente pela adequação ao conteúdo; mas, em geral, o que mais se vê -- ou o que mais eu vejo -- são anúncios de blogs e de ferramentas para blogs.

    Os valores também são incompreensíveis. Num dia seis cliques rendem 51 centavos; no dia seguinte, 24.

    Acho que nunca vou entender como isso funciona.






    Reflexões sobre a água: modas, usos e costumes


    Entre a Europa e a Fashion Rio, cronista pensa no
    que leva o básico a se transformar em atitude


    A primeira vez que reparei em turistas andando com garrafas de água na mão foi num verão em Veneza, há muitos e muitos anos. Os turistas eram quase sempre alemães, estavam quase sempre de shorts e camisetas minúsculos e eram, invariavelmente, barrados nas igrejas e nos restaurantes, onde se exigia — e ainda se exige — um mínimo de decoro. Os donos da pensão onde me hospedava, que vieram a se tornar bons amigos, suportavam, com a resignação da necessidade, os que viviam sob o seu teto; mas, na hora das refeições, me seqüestravam para a cozinha. Acho que ficavam perturbados com a idéia de deixar uma moça latina entre aqueles novos bárbaros.

    Além das roupas inadequadas e das garrafas de água que eu não conseguia entender, os alemães usavam também uma sandália com meia que, apesar de esquisita, me parecia muito confortável. Rodei a cidade toda à procura da tal sandália, que, finalmente, achei numa sapataria perto da estação, bem longe do glamouroso comércio do centro. Pedi-a ao vendedor, que me trouxe a que estava ao lado — delicada, de salto, muito bonitinha. Não, não era aquela; era a do lado. Ah, sim, desculpe. E lá veio mais uma sandália refinada que, na vitrine, estava do outro lado da que eu queria.

    — Não, não, o senhor não está entendendo. Quero aquela do meio, sem salto. A da sola de cortiça.

    — Aquela?! Mas aquela não é para a senhora. Aquilo é coisa de alemão, não fica bem numa mulher.

    Nunca foi tão difícil comprar um sapato! Tive que explicar que estava interessada não por motivos estéticos, mas porque me parecia confortável, e eu ainda tinha muito chão pela frente; disse que queria apenas experimentar, ver qual era a da tal sandália — que, por sinal, já naquele tempo remoto, era caríssima. O homem resistiu o quanto pode, mostrou mais sandálias italianas bonitas (e até confortáveis) para me fazer mudar de idéia, mas eu estava irredutível. No fim, quando entregou os pontos e trouxe a sandália que eu queria, fez questão de deixar claro que, se me arrependesse da compra, poderia voltar a qualquer momento para trocá-la por algo mais apropriado.

    Não foi preciso. Fiquei apaixonada pelo meu primeiro par de Birkenstocks, que deixou os donos da pensão desconfiados de mim e, já aqui no Rio, horrorizou as minhas amigas, que não entendiam como alguém podia usar, por gosto, aquela coisa ortopédica — e, ainda por cima, com meia.

    Depois de mais umas viagens, cheguei a ter uma pequena coleção delas — até que, um dia, viraram moda. Na época eu era uma criatura radical, que nunca tinha ido a um desfile e fazia questão absoluta de não usar nada, mas absolutamente nada, que estivesse na moda; o que, hoje percebo, não deixava de fazer de mim uma fashion victim como as outras, já que era a moda, afinal, que ditava o que eu não ia usar...

    Esta, porém, é uma história do passado. Continuo fora de moda porque sou mesmo um caso perdido, mas atualmente cultivo o meu lado fashion com prazer. Gosto de ver como a moda interpreta e revela o seu tempo, e como o tempo expõe e desfaz a moda. Aquelas garrafas de água mineral, por exemplo, que eram tão ridículas quanto as Birkenstocks há 20 anos, estão cada vez mais próximas das passarelas. Em vários desfiles da Fashion Rio o público recebeu garrafinhas de água-de-coco em práticas bolsinhas a tiracolo. Daí à figuração com a Gisele é um pulo.

    * * *

    Enquanto isso, na Europa, não são mais apenas os turistas alemães que carregam a sua água para cima e para baixo, causando estranheza nos demais. Na verdade, a impressão que se tem é que um dos acessórios mais chiques do verão lá de cima é a garrafa de água mineral. Todo mundo leva uma na mochila e bebe o tempo todo, como se a sede simplesmente não pudesse esperar a próxima parada. Já deixou de ser necessidade; virou atitude.

    Mais fashion do que a onipresente garrafa d’água só as nossas boas e velhas Havaianas, de preferência com bandeirinha brasileira na tira. Já tinham me contado isso, mas eu, boba, achei que era exagero. Pois não é não. Não só as Havaianas legítimas estão por toda a parte, a módicos R$ 70, como, por quaisquer R$ 40, pode-se levar uma imitação autêntica, vinda da China ou — vejam só! — da Argentina. Essas cópias bisonhas atendem por diversos nomes, entre os quais o ótimo Da Baiana.

    No mais, há uma tal profusão de verdes e amarelos por lá que, pela primeira vez, não senti nenhuma hesitação na hora de escolher as cores da minha sandália na Fashion Rio: fui direto ao hit parade europeu, marcando sola amarela e tiras verdes. Ficou o máximo!

    * * *

    Como não vi o Ronaldinho com sua nova paixão, o ponto alto da Fashion Rio foi, para mim, o desfile da Lenny: elegante, caprichado, lindo de ver. E, o que é melhor: apresentando maiôs e roupas que podem ser usados por pessoas com mais de 15 anos — e mais de 35 quilos.


    (O Globo, Segundo Caderno, 1.7.2004)