16.4.04



Repercussão

O Globo tem um Painel de Leitores que, todos os dias, responde à seguinte pergunta: "Qual assunto ou reportagem mais chamou a sua atenção em todo o jornal?". Pois ontem, logo depois da manchete ("PM mata chefe do tráfico na Rocinha e cerca rival"), veio a minha crônica; na verdade, a carta do Silvio Reis, que tão bem falou por (quase) todos nós.

O jornal e eu recebemos dezenas de emails de leitores, igualmente enojados com a postura dos governadores e o seu óbvio desamor à cidade. Como aqui nos comentários, muitos discutiram as razões da violência, o papel dos usuários de drogas, o papel da polícia e do exército.

Dois me descascaram por "poupar" o prefeito; mas, na verdade, não poupei ninguém. Acho que todas, todas as autoridades, sem exceção, foram omissas e covardes. O sinistro casal de governadores foi o alvo primário porque, afinal, ela é, lamentavelmente, "governadora" do estado; e ele, secretário de "segurança".

A postura incompetente e, repito, covarde, dos dois foi apenas a gota d'água no mar de frustração, angústia e asco em que estamos mergulhados -- e que desaguou no desabafo do Sílvio.

É evidente que os dois não são os únicos culpados pela atual situação; nem é disso que estão sendo acusados.

A grande maioria dos leitores manifestou grande ansiedade e vontade de participar de alguma coisa -- qualquer coisa! -- que possa ajudar a reverter o abandono a que fomos relegados. Pessoalmente, acho que sair de branco por aí pedindo paz não resolve, porque este é um pedido vago, sem destino certo; mas sair às ruas contra o governo já funcionou muito bem neste país.

Como organizar isso? Como marcar manifestações? Como juntar os descontentes?

Não sei, mas suponho que a internet possa ser usada de forma muito eficiente. Há um imenso potencial de mobilização na rede que ainda não está sendo devidamente explorado, não só para cobrar providências das autoridades enviando-lhes emails, mas também para convocar a galera para panelaços e outras manifestações de civismo.

Este blog está aberto a propostas e a chamados.

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