27.11.03



Nem tão hoax assim...

Infelizmente, a questão dos animais torturados em São Paulo procede. Vejam o que explicou a Cássia Schittini, jornalista e coordenadora de projetos da ONG Projeto Esperança Animal:
"É a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo que promove cursos em que animais são submetidos à vivisseção e sacrificados. Apesar de terem nomes semelhantes, a Irmandade e a Faculdade são entidades distintas: a Irmandade só cede as instalações para a Faculdade. Os cursos são pagos e extra-curriculares. As ONGs de proteção aos animais receberam denúncias de que 19 cães seriam queimados em aulas práticas em novembro para que os estudantes pudessem se familiarizar com o tratamento de queimaduras. Isso ainda não ocorreu porque o ano letivo está acabando, mas suspeitamos que esses experimentos devem ser retomados no próximo ano. Ou quem sabe a faculdade tenha resolvido cancelar esse curso porque os protestos foram muitos. A primeira denúncia contra a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo surgiu em uma reportagem de Marici Capitelli, do Jornal da Tarde, em meados deste ano.

Eu, pessoalmente, até admito que algumas experiências possam ser feitas em nome da boa ciência. Condeno o abuso. Ontem, 97 (noventa e sete!!!) cachorros seriam enviados do CCZ de Diadema para a Faculdade de Medicina de Botucatu, da UNESP. Só não foram porque roubaram o caminhão da Unesp na estrada. Essas foram as informações que foram passadas para dez ativistas que estavam protestando em frente ao CCZ. Esses transportes ocorrem semanalmente. Uma amiga, médica, disse que em todo o seu curso de medicina foram utilizados somente quatro cachorros como cobaias. E ela ainda acrescenta que não aprendeu nada com isso.

Os CCZs de Diadema, São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires estão enviando cães para servirem de cobaias, semanalmente, para as faculdades de medicina da Santa Casa, Botucatu, Metodista, Unisa e Anhembi-Morumbi. A União Internacional Protetora de Animais (UIPA) abriu o processo 213/2003 contra essas faculdades no Ministério Público de São Paulo, alegando que os procedimentos ferem a lei 9605/98, de Proteção ao Meio-Ambiente. A People for Ethical Treatment of Animals (PETA) também acaba de entrar nesta luta, investigando e acatando denúncias da PEA.

Aproveito para pedir a todos que se preocupam com o assunto para apoiarem o projeto de lei 1691/2003, que regulamenta os experimentos em animais no Brasil. Maiores informações no link www.apasfa.org/Diversos/deputados.html

Agradeço pelo espaço,

Cassia Schittini
Projeto Esperança Animal
www.pea.org.br
Não preciso nem dizer, mas tenho a maior admiração por gente que protege animais. Já a respeito do que sinto por quem pratica crueldades contra seres vivos achando tudo perfeitamente normal não consigo dizer nada.

Sei que estudantes de medicina são, coitados, freqüentemente forçados a usar cobaias, mas nada do que li até hoje me convenceu da real necessidade disso. Há pouco tempo era igualmente "necessário" e "normal" fazer crianças abrirem rãs e sapos vivos para ver seus coraçõezinhos batendo, a título de "educação".

Também sei que cientistas usam toda a espécie de animal para testar produtos e procedimentos cirúrgicos, mas tampouco estou convencida da necessidade dessas experiências. Acho que sou mais radical do que a Cassia.

Nenhuma espécie merece sofrer em nome de outra.

Parênteses: alimentação é outra história. As espécies se alimentam umas das outras. É natural. Mas não é natural cegar um macaco para ver como reage um cérebro privado de visão, por exemplo. Fecha parênteses.

Vamos pôr a coisa nesses termos: se alguém sugerisse que os assassinos que mataram o casal de adolescentes em São Paulo fossem usados em pesquisas científicas, a sociedade inteira reagiria, horrorizada.

Agora me digam: no que é que aqueles seres monstruosos são melhores do que os pobres cães que serão queimados em nome da ciência?

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