3.11.03



Futurecom: um nome profético

Realizou-se semana passada, em Florianópolis, a V Futurecom, maior feira de telecomunicações do Brasil. No segundo dia, um acidente com um cabo de energia deixou a cidade inteiramente desconectada, sem luz, água e, em muitos casos, telefone. No Centro de Convenções, alguns estandes e as salas de conferência foram mantidos funcionando graças a geradores, e as pessoas faziam piada com o nome do evento, como se o futuro fosse, necessariamente, claro e bem iluminado.

No entanto, a menos que eu esteja redondamente enganada — e espero estar, mesmo contra as evidências — o blackout de Florianópolis não podia ser mais emblemático. A humanidade nunca dependeu tanto da eletricidade quanto agora — e, conseqüentemente, nunca esteve tão exposta a apagões. No futuro, salvo sejam tomadas medidas radicais (e inteligentes) de geração, transmissão e manutenção das redes de energia, apagões como o de Santa Catarina serão cada vez mais freqüentes. São Paulo passou por um susto desses há pouco tempo. Nova York idem. A Inglaterra também.

A despeito do, digamos, percalço, a V Futurecom foi uma demonstração de força (sem trocadilho)— ou, pelo menos, vitalidade — do setor de telecomunicações. As teles disseram presente, assim como os principais fabricantes de equipamento e autoridades.

Até a ZTE, principal provedora de sistemas CDMA da China, que se instalou no Brasil em julho do ano passado, montou um estande luxuoso, onde mostrava as suas armas: muito equipamento de infraestrutura, sistemas wireless e alguns telefones muito cobiçáveis. Líder em seu país — um dos maiores mercados do mundo, se não o maior — a ZTE começou a se aventurar pelo mundo há apenas quatro anos. Hoje atua em 40 países espalhados por cinco continentes, das Filipinas ao Tajiquistão, passando pela Zâmbia e pelo Vietnam. Em suma: pense num país exótico, meio Terceiro Mundo, e a ZTE estará lá.

Um dos principais assuntos da área continua sendo o cabo de guerra entre as tecnologias GSM e CDMA. O GSM teve um desempenho extraordinário desde o lançamento da sua primeira rede no Brasil. Em menos de um ano e meio, conquistou quase cinco milhões de usuários e chega, em novembro, a deter 12% do mercado de telefonia móvel.

Por outro lado, a Vivo, principal operadora de CDMA, tem sido a primeira a oferecer novidades engraçadinhas à clientela de luxo, como o download de tons, imagens e clipes e, em breve, a possibilidade de acessar webcams a partir do celular.

É um duelo de titãs, com bons argumentos para os dois campos. O GSM detém 70% da base instalada de celulares do planeta e é um sistema aberto; por outro lado, o CDMA, desenvolvido pela americana Qualcomm, é uma tecnologia mais nova, e está à frente em vários pontos. Quem vai ganhar essa parada? É difícil prever: o consumidor, que ainda vai ser muito bombardeado pelo marketing das operadoras, está com a palavra.

Esse vai longe...

Há um novo website na praça que tem tudo para ser campeão de visitas. É o Endividado.com, criado pela Associação dos Consumidores Endividados, com tudo o que todos nós sempre quisemos saber sobre taxas de juros, bancos, recursos legais e assim por diante. Utilidade pública é isso aí!

(O Globo, Info etc., 3.10.2003)

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