Em terra estranha
UM PASSAPORTE HÚNGARO
"Um passaporte húngaro" engana na sua aparente simplicidade. O que parece ser uma espécie de gincana malsã pelos corredores da burocracia é, no fundo, uma reflexão sobre a impotência do indivíduo diante da engrenagem do estado — e, ao mesmo tempo, a comemoração dos seus pequenos e eventuais triunfos, perceptíveis numa estampilha aqui, num carimbo acolá.
Há bem mais do que a busca por um passaporte aqui, mas cabe ao espectador chegar às suas próprias conclusões sobre a História, sobre os dramas da imigração, sobre a tragédia da condição de estrangeiro.
Para mim, filha de judeus húngaros, ficou, acima de tudo, a sensação de que era da minha família que se estava falando. Não dos Rónai, em si; mas da minha família humana.
(O Globo, Rio Show, 28.11.2003)
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