5.3.11

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Escrevo essas mal digitadas linhas num quarto de hotel, no MacBook Air miudinho (11”) que tomou o lugar do Sony Vaio como companheiro de viagem, o meu primeiro Apple em tantos anos de tecnologia. Os amigos macmaníacos comemoraram a aquisição como se finalmente o último herege se tivesse convertido, mas a minha opção por PCs nunca foi ideológica; aliás, de modo geral, o que constatei ao longo desse tempo todo é que, com exceção da tribo do Linux, usuários de PC não costumam ser ideológicos, mas pragmáticos. Fizeram a sua opção baseados num conjunto de fatores que inclui familiaridade, preço, relação custo x benefício, facilidade de encontrar máquinas e serviços, possibilidade de personalizar o computador e assim por diante. Já os usuários de Mac são, quase todos, evangelistas da Apple, que olham para os usuários de PC como pagãos que ainda não viram a luz.

Por que escolhi esta maquininha? Porque, sinceramente, achei-a muito mais bonita do que todos os notebooks com os quais a comparei e, sobretudo, muito mais leve; depois porque, pela primeira vez, um fruto da macieira se encaixou em alguns dos quesitos que mencionei acima. O preço foi razoável e já estou familiarizada com muita coisa Apple, processo que começou em 2007, com a chegada do primeiro iPhone ao mercado. Não gosto do iPhone como celular, mas gosto como brinquedo e internet de bolso; e gosto muitíssimo do iPad, que está sempre ao meu lado dentro de casa.

-- Agora sim você vai ver como a vida é fácil! -- exclamou o Paulinho, usuário de Apple desde os tempos de universitário.


Até aqui, contudo, tenho achado a vida mais simples no PC. O Windows 7 é o melhor sistema operacional que a Microsoft já fez, e ainda que não seja tão elegante quanto o Mac OS X, já não tem a aparência tacanha e mal acabada que durante tanto tempo caracterizou os sistemas operacionais MS. Por outro lado, vejo, hoje, mais semelhanças do que diferenças entre os dois sistemas. Achei que usar um desktop Windows e um notebook Mac seria uma situação esquizofrênica, mas a convivência dos dois é perfeitamente possível. Não falo da troca de arquivos, claro, que deixou de ser problema no Pleistoceno, mas na cabeça do usuário; pelo menos, desta usuária aqui.


A moral da história, se é que essa história tem alguma moral, é que ninguém precisa ficar preso a um só universo. Se você é usuário de PC, está satisfeito com o seu desktop mas sonha em partir para um notebook da Apple, vá em frente: ambos são bichos muito parecidos.

* * *

Outra máquina que me acompanha é a Canon S95, a compacta que comprei depois de jurar que nunca mais compraria uma compacta. A qualidade das imagens obtidas pela maioria das digitais que andam por aí é praticamente igual à da camera do meu velho Nokia N95, mas há momentos em que essas fotos não satisfazem completamente, e em que carregar uma DSLR com meia dúzia de lentes não é opção. Até recentemente, não havia nada a fazer em relação a isso a não ser ficar no ora veja.


A sorte é que o mercado é ágil e atento a oportunidades; logo surgiu um segmento de compactas cujos fabricantes não brigam mais para ver quem oferece o menor preço, mas sim quem apresenta melhor qualidade. São as compactas de luxo, solidamente construídas, com excelente qualidade de imagem e muito controle personalizado.


De modo geral, essas top models compactas fazem um bom serviço, e a qualidade das suas imagens se equipara. O que me fez preferir a Canon às suas colegas de classe foi o design enxuto, em que a lente fica quase no mesmo nível do corpo, e que é perfeito para levar no bolso do jeans. Afinal, se é para ser compacta, que seja realmente compacta!

(O Globo, Economia, 5.3.2011)
  

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