26.7.10

O velho novo e o novo velho



Tenho uma confissão um pouco patética a fazer: entrei no Mercado Livre e comprei... um novo N95! O meu amor por este aparelhinho não é mistério para quem acompanha a coluna, mas em pleno ano de 2010 desembolsar R$ 700 por um smartphone lançado em 2007, que nem é fabricado mais, é triste. Reconheço isso. Mas reconheço também que tinha medo que os poucos estoques existentes acabassem, e que nunca mais eu conseguisse esta pequena jóia. Foi bom negócio. Vejam o que escreveu lá no blog a minha amiga Regina Santelli:

“Estive meio correndo semana passada em Foz do Iguaçu, e achei o Nokia 95 8G numa loja da Vivo! Não comprei, não estava preparada mentalmente para o achado. Custava cerca de R$ 1.500. O Parisguay na loja Mundo dos Celulares, que dizem ser confiável, também tinha, não cheguei a ver o preço. A loja da Vivo é bem na Av. Brasil, um lugar bastante central de Foz.”

Fechei com um vendedor de Salvador, no começo da semana. Na quinta-feira, meio impaciente pela falta de notícias, liguei pra lá.

-- Ah, é que eu não tenho o seu endereço, -- respondeu o vendedor.

-- Como não tem? – chiei de cá. -- Mandei assim que fiz o depósito, vê aí.

-- Não tenho não... só tenho o email em que você pergunta quanto é o frete... Ah, tá aqui sim, é verdade, Epitácio Pessoa, é isso?

-- É, é isso!

-- Ah, é que eu só tava vendo o outro email, ficou um por cima do outro. (Sim, o rapaz usa Gmail, embora isso não seja justificativa...)

-- Tá, mas vem cá, se você não tinha o endereço, por que não me telefonou ou não me mandou um email pedindo?

-- Nem precisava: eu sabia que você ia ligar.

*suspiro*

-- Pelo menos então vê se manda hoje mesmo...

-- Não vai dar não. Estou sozinho na loja, quando eu sair o Correio já vai estar fechado. Se der, mando amanhã.

Digito essas mal tecladas na própria noite de quinta. Talvez o celular seja remetido amanhã, talvez não, mas isso é para eu aprender a não comprar mais coisas em Salvador quando estiver com pressa.

* * *

E, por esses dias, andei dando umas voltinhas num iPhone 4. Acho que o aparelho perdeu em look, mas ganhou em pegada: o novo formato anguloso é menos elegante do que o antigo formato de curvas suaves mas, em compensação, fica melhor na mão – embora não se recomende pegá-lo naquele ponto nevrálgico da antena em que a linha cai. O que configura a maldição da capa: as primeiras gerações de iPhones precisam de capa porque, pelados, escorregam da mão; a nova precisa porque, pelado, o celular não pega bem. Ora, é muito chato ter o telefone-mais-bonito-do-mundo e ter que usá-lo permanentemente dentro de uma capa de borracha, não é não?

Gostei da câmera, mas não gostei do fato de não existir nenhum botão físico para dispará-la; gostei do novo sistema operacional e gostei muito da tela. Não sei se compraria um enquanto o problema da antena não for resolvido; acho chato demais usar aparelhos encapados.

* * *

A partir de amanhã, sumo do radar por três semanas: estou saindo de férias. Na volta eu conto se o N95 chegou direitinho. Fiquem bem!


( O Globo, Revista Digital, 26.7.2010)

Update: O nokia não chegou. Liguei para Salvador, o moço ia enviar hoje à tarde. Como viajo amanhã cedo, desfiz o negócio e pedi para ele devolver o dinheiro. Disse que deposita hoje à tarde. Acredito nele; me parece enrolado, mas não ladrão.

Update II: O moço é mais rápido pra devolver dinheiro do que pra vender. Já depositou a grana na minha conta.

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