30.11.09

Existe playground mais bonito?


Em qualquer país do Ocidente, esses túmulos estariam cercados e afastados da população. Aqui, há um vago guarda que anda entre um e outro, e olhe lá: apenas para garantir que ninguém leve uma pedra de souvenir.

O resultado é que essas são ruínas vivas, cheias de crianças ou de namorados, dependendo da hora.

Pode pôr a mão, sentar, ficar à vontade.

Algumas pessoas rabiscam os nomes nas paredes internas, mas suponho que a administração limpa tudo de tempos em tempos, porque os rabiscos não chegam a incomodar.

Notei essa intimidade entre gente e monumentos ao longo de toda a viagem. No próprio Taj Mahal os entalhes e alto-relevos estão ao alcance da mão; algumas flores entalhadas ficam até bem sujinhas de tantos afagos e, com o tempo, talvez fiquem um pouco gastas.

E daí?

Os prédios, as esculturas e os mausoléus envelhecem, assim como nós e como o mundo em que foram erguidos. Devem ser respeitados, mas não afastados dos descendentes de seus construtores e de quem gosta deles.

O mármore de uma escadaria tornada irregular pelos passos de incontáveis pés no correr dos séculos tem uma carga de emoção indescritível, assim como as estátuas gastas pelas mãos dos fiéis que julgam ser auspicioso tocá-las.

Posso estar na contramão de tudo o que se ensina no mundo em termos de conservação, mas acho maravilhosamente humana a forma como os indianos convivem com o seu passado.

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