15.1.07


Adeus, Meg

Depois de dois dias muito felizes e cheios de acontecimentos, finalmente peguei o computador. Queria escrever alguma coisa sobre a vida aqui -- sobre como o Paulinho e a Kelyndra construíram uma vida bonita, e como é bom vê-los cuidando dos seus bipinhos ruidosos, inteligentes e alegres.

E aí fiquei sabendo da morte da Meg, e fui tomada por uma grande tristeza.

Maria Elisa Guimarães, a Meg, nossa Meguita, foi pioneira num mundo de poucos blogs, em que, com tempo e boa vontade, ainda era possível circular pela blogosfera quase inteira -- blogosfera que ela, caracteristicamente, preferia chamar de blogverso -- e ter uma idéia do que estavam aprontando os colegas.

O tempo ela fazia e a boa vontade... bem, "boa vontade" é pouco para descrever o muito que todos recebemos dela.

Dona de cultura extraordinária e curiosidade insaciável, Meg era a amiga mais atenta e generosa, a fada madrinha que supervisionava a rede, deixando um comentário aqui, uma palavra simpática ali, um pedido de atenção acolá. Nos bastidores, em telefonemas e emails carinhosos, remendava buracos, fortalecia amizades, mandava recados importantes.

Mesmo doente, não parou de visitar os blogs dos amigos, deixando o habitual rastro de gentilezas pelo caminho; nem deixou de descobrir novos blogs e de estimular aqueles em que via qualidades.

Não vinha como leitora ocasional, mas sim como pessoa da família daqueles que lhe eram caros: de todos conhecia os parentescos, as alegrias, as dificuldades.

A sensação que eu tenho, aqui de longe, é que, com a Meg, morreu toda uma época das nossas vidas.
Antes éramos uma rua de blogs. E costumávamos visitar todos os nossos conhecidos, e comentar praticamente todos os posts. Agora, não. Surgiram milhões de blogs, somos uma cidade de blogs e não damos conta de retribuir todas as visitas. Hoje eu deixo de visitar os blogs que adoro para visitar os novos, os que estão chegando. E sinto muito que as pessoas a quem eu passo dias sem visitar, tomem isso como uma forma de desamor. Não é!

(Meg, numa fantástica entrevista à Elis, lembrada pelo Inagaki)

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