30.1.06


Tutu

N90: funciona até como telefone...

Primeira constatação a respeito do N90: este não é um celular para amadores. É grande e pesado (tem mais ou menos o mesmo tamanho e o mesmo peso de uma câmera Sony P200), e está mais para origami do que para flip: a parte de cima abre-se numa posição para falar, noutra para fotografar, sendo que a câmera em si tem todo um elenco de posições próprio.

A curva de aprendizado do aparelho é alta, o que o torna pouco recomendável a quem quer ter um celular impressionante mas não tem paciência para tecnologia.

Para quem está a fim de mergulhar de cabeça no novo brinquedinho da Nokia, porém, há grandes recompensas no horizonte. A primeira está na cara: a tela é o que há de mais nítido e claro que se possa querer. O lado origami do celular também é um prazer de manusear -- seguindo a tradição Nokia, tudo é sólido, consistente e passa a sensação de grande firmeza. Apesar de tantas dobraduras para cá e para lá, a gente sente que este é um aparelho feito com capricho, para durar.

Em termos de software, tirando a forma de apresentação das imagens -- muito parecida com o timeline do Picasa, que rola mostrando miniatura por miniatura -- não há grandes novidades. O N90 é um Symbian série 60, o que significa que pertence à mais poderosa família de celulares; seu sistema operacional é praticamente o de um pequeno computador, e para ele existem milhares de aplicativos, que podem ser baixados e configurados ao gosto do freguês. O visual, porém, está mais caprichado, com ícones mais redondinhos e bem desenhados.

Mas o grande trunfo do N90 é, claro, a câmera de 2Mp, com ótica Zeiss. Isso mesmo: aqui está um celular com uma lente Tessar autofocus que, em tese, poderia muito bem ser visto pelo avesso, como uma câmera digital que desempenha, também, todas as funções que se esperam de um smartphone, ou seja, lê arquivos PDF e MS Office, tem um excelente calendário, uma agenda nota dez e pequenos utilitários para tomar notas, fazer conversões e assim por diante.

A qualidade das fotos, sobretudo a das macros, é impressionante: vejam por vocês mesmos. Foram feitas no modo automático, ou seja, sem qualquer acerto de distância, tonalidade, exposição. Comparado ao K750i e ao W800, da Sony Ericsson, dois outros celulares com câmeras de 2Mp, ele se sai muito bem. As cores são um pouco mais saturadas, mas o Nokia ganha em reprodução de detalhes.

A grande diferença entre os fones da SE e este Nokia está na forma como se usam as respectivas câmeras. Os SE trabalham de forma tradicional, na horizontal, mais como câmeras do que como celulares; o N90 trabalha como uma câmera de vídeo.

No começo, a sensação é estranha e a gente nem sabe muito bem como segurar o aparelho; mas uma vez que se domina a técnica, a possibilidade de virar display e câmera em diversas direções é um barato. Os mais conservadores sempre podem usar o bichinho fechado, usando o excelente display externo como visor.

Mas aí, qual é a graça de ter um N90?

Ah, sim, em tempo: ele também funciona como telefone. Faz e recebe chamadas em tom claro e alto, vejam só, e dispõe de uma boa gama de ringtones...


(O Globo, Infoetc., 30.1.2006)

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