23.6.03



Zire 71: o Palm nota 10

Há cerca de duas semanas, estou convivendo com um Zire 71, o lançamento mais recente da Palm, que começa agora a chegar às lojas brasileiras. Estou adorando: é um dos melhores handhelds que conheço, e o primeiro a fazer concorrência séria ao meu Sony Clié de estimação, um modelo NR70V com cerca de um ano de idade que, até outro dia, eu considerava insuperável como praticidade, qualidade e design.

O velho Clié e as suas novas encarnações continuam sendo animais mais sofisticados, sobretudo considerando-se os dois modelos que a Sony acaba de lançar nos EUA; mas o Zire 71 é, a meu ver — e se vocês me permitem uma definição tão pouco científica — muito mais simpático e gostosinho, o lançamento mais atraente da Palm (e de qualquer outro fabricante) nos últimos tempos.

Ele é pequeno, jeitoso, bom de segurar e compacto o suficiente para carregar no bolso. É rápido, roda o OS 5, tem uma bateria durável e uma tela colorida e brilhante — que resolve um dos grandes problemas da Palm em relação à concorrência — e, como os Clié topo de linha, traz uma câmera fotográfica embutida.

Ao contrário da câmerazinha basculante dos Cliés, porém, a do Zire 71 é fixa e fica nas costas do aparelho, e se abre empurrando-o para cima; é menos prática e divertida mas, em compensação, tem uma resolução muito melhor do que a do velho PEG NR70V: vai a 640 x 480.

Os novos Cliés, honra seja feita, já superaram isso; o NX80V, que começa a circular em breve, tem uma câmera de extraordinários 1.3 megapixel. Por outro lado, eles são, sem exceção, maiores e mais pesados do que o Zire 71 — e têm um preço muito mais salgado.

* * *

Um dos grandes atrativos do Zire 71 é, justamente, a ótima relação custo x benefício. Aqui no Brasil, a maquininha sai a R$ 1.299, excelente sobretudo quando comparado aos preços dos outros PDAs. Basta lembrar que o Palm m130, com 8Mb de RAM (contra os 16Mb do Zire 71) e uma tela inferior em nitidez custa R$ 1.099. E o m130 não tem câmera, nem toca MP3...

Ah, eu não disse? Então: o Zire 71 pode funcionar também como player. Tem um slot para cartões SD, que podem conter aplicativos ou funcionar como expansão de memória (e há boatos de que há um Bluetooth no forno); uma unidade de 128Mb custa cerca de US$ 90 nos EUA.

Nesses cartões se podem armazenar músicas ou audiobooks. O som, no entanto, é baixo demais, mesmo com os headphones (que não vêm incluídos); sem eles, o alto-falante tem a potência de um daqueles antigos radinhos de pilha que os porteiros da rua colavam no ouvido para acompanhar o jogo. Funciona num cômodo silencioso, mas não é com ele que a gente vai malhar na academia.

Mas isso, claro, é perdoável. Ninguém compra um Palm para ouvir música; essa capacidade é um algo a mais, um extra com o qual a gente se diverte e que, eventualmente, quebra um galho.

Com a câmera fotográfica acontece mais ou menos a mesma coisa: ela está longe de ser uma Leica, mas dá o recado. Nenhum fotógrafo em sã consciência vai levar as imagens de um PDA ou de um telefone celular a sério; elas são simples registros digitais que não existem para serem impressos, mas para transmitir informações através de imagens.

No alto dessa página estão algumas fotos que fiz com o Zire 71. O resultado é irregular: há falta de definição nos detalhes e só Deus sabe o que passa pela cabeça da máquina na hora de interpretar as cores. Às vezes, nas mesmas condições de luz, ela faz “leituras” totalmente diferentes. Mas, gente — estamos falando de fotos feitas por um Palm...!

O software que cuida delas é o Photo, de que gostei muito. É fácil de usar, permite fazer anotações e mudar nomes de arquivo, e basta sincronizar o Zire 71 que as fotos vão, automaticamente, para o computador. Moleza.

O Zire 71 está fazendo um sucesso enorme nos EUA, e acho que deve repetir a dose por aqui: vai ser difícil encontrar quem não se encante com ele.

(O Globo, Info etc., 23.6.2003)

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