5.6.03



Que papelão!

Estou vindo lá do Fotolog, onde as coisas estão em pé de guerra. O Fotolog, como vocês sabem, é uma espécie de diário visual; a idéia é subir fotos, para serem vistas e comentadas pelos outros.

Bom. Ontem, Cypher, Heif e Spike, seus criadores, que vêm pagando as despesas crescentes do site do próprio bolso há mais de um ano, decidiram limitar o número de uploads para uma foto diária, com direito a cinco comentários. Para mais, só assinando o serviço, a US$ 5 (R$ 15) por mes. Foi uma mudança abrupta, mas compreensível: o número de fotos postadas aumentou de 30.348 em abril a 78.323 em maio, e as áreas de comentários estavam sendo usadas como chats.

Pois parte dos brasileiros que freqüentam o Fotolog se rebelou, e está dando um show de preconceito, ignorância e grossura. No melhor (ou pior?) espírito da Lei de Gerson, agem como se subir quaquilhões de bobagens auto-referentes fosse um direito divino, e alguém não tivesse que pagar as contas de banda e servidor na outra ponta.

Todos fazem questão de ignorar que o serviço continua gratuito -- para uma foto e, depois da gritaria, dez comentários diários -- e se esmeram em baboseiras pseudo-marxistas sobre os malefícios do capitalismo e a ganância de Cypher, Heif e Spike que -- absurdo! -- cansaram de bancar a brincadeira sozinhos.

Os argumentos -- se é que podemos chamá-los assim -- vão do puramente imbecil ao abjetamente escatológico, passando por todos os matizes da intolerância: cheguei a ler comentários desejando que mais aviões se espatifem sobre os prédios de Nova York (!) e que Osama Bin Laden volte a fazer ataques terroristas por lá. Um americano que se revoltou contra o festival de baixarias acabou tendo uma demonstração prática de que seu mau juízo a respeito dos brasileiros era plenamente justificado.

Alguns, mais sensatos, tentaram acalmar os ânimos. Em vão. É óbvio que a ciber-patuléia do Fotolog não está interessada em discutir ou em encontrar soluções, mas apenas em mostrar para o mundo inteiro que, em termos de estupidez, podemos ser imbatíveis.

Os cretinos devem estar satisfeitos, agora. Armaram um espetáculo de egoísmo e imaturidade num dos serviços mais simpáticos e queridos da rede -- e queimaram o filme do país em tempo recorde.

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