Usando o feitiço contra o feiticeiro
Você anda preocupado com o tipo de figurinha que freqüenta o seu computador? Desencane! Depois da busca por vírus on-line, já oferecida a todos os internautas por empresas como a Symantec ou a Panda, chegou a vez da busca por arquivos suspeitos, que dá uma geral no disco e entrega toda e qualquer coisa que possa ser minimamente desabonadora para uma máquina de família -- ou, pior ainda, de escritório.
Este serviço de limpeza é feito por um sistema chamado ContentAudit ("Nós informamos. Você decide."), que se apresenta como Inimigo Público da Pornografia On-line, sobretudo a subliminar, aquela que chegaria ao seu computador através de manobras ardilosas:
"Os sites adultos, como aqueles usados pelos pornógrafos, estão entre os marqueteiros mais agressivos da internet, e podem infiltrar conteúdo no seu computador sem o seu conhecimento ou consentimento" -- explica o FAQ do CA. -- "A maior parte deste material se aloja em cookies ou arquivos ocultos. Isso pode chegar ao seu computador de diversas maneiras. As mais comuns são através do 1) recebimento de e-mail; 2) da conexão à internet; 3) do download de aplicativos da rede; e 4) da instalação de programas."
O ContentAudit faz, naturalmente, um estardalhaço enorme a respeito dos perigos da internet, esta selva selvagem em que tantas e tantas criancinhas inocentes já se perderam.
"Seus filhos podem não se dirigir intencionalmente a um site de pornografia, mas inocentemente chegar a um deles. E, uma vez lá, será difícil sair, já que esses sites são freqüentemente interligados entre si, assim prolongando a exposição das crianças ao seu conteúdo."
Sim, claro, claro.
O CA trabalha conferindo arquivo por arquivo a partir de uma base de 500 palavras perigosas: adult, porn, warez, sex... por aí vai. Os arquivos questionáveis são listados, para que você possa se desfazer deles rapidinho, antes que sejam encontrados pelo chef... digo, pelas crianças.
Quando estive lá, às 4h07 do dia 27 de janeiro, 19,694,541,695 arquivos já haviam sido vistoriados mundo afora e, deles, 100,151,064 eliminados. A verificação da máquina é grátis, mas para ver e eliminar no ato o material suspeito é preciso comprar o software, que custa US$ 19,95.
Esta, porém, é uma despesa da qual, na minha modesta opinião, todos podemos nos poupar tranqüilamente. O ContentAudit diz que, pelas suas estatísticas, um PC típico contém cerca de 28 mil arquivos; deles, cerca de 230 são considerados questionáveis e, destes, 11% costumam ser, efetivamente, "perigosos". Ou seja, 25 arquivinhos de nada. Grandes coisas!
Dos 247 itens malsãos encontrados entre os meus quase 40 mil arquivos, a maioria é de uma inocência que até depõe contra mim: um artigo chamado "O homem ilustrado" foi indigitado por esconder lust; uma crítica que minha irmã escreveu sobre uma gravação das sonatas de Léclair para flauta, violino e baixo contínuo foi censurada por causa da palavra climax; a falecida revista Suck.com, que eu tanto amava, e cujas edições chegadas à minha mailbox ainda guardo com carinho, foi responsável por mais de uma centena de admoestações, bem como a correspondência recebida do FuckedCompany, excelente site que vem acompanhando minuciosamente o estouro da bolha das ponto.com.
Isso para não falar numa foto de dois dos gatinhos que intitulei, inocentemente, "Assim ou Assado" -- mas que o CA, obviamente, leu como Assim ou Assado.
Moral da história? ADOREI o ContentAudit! Graças a ele pude reencontrar o endereço de um utilíssimo site de warez que eu não sabia mais onde tinha posto, e a URL da página que um dos fãs do Cruz (o sensacional ilustrador do Cat) criou no Yahoo, e que atende pelo sugestivo nome de sexybraziliancomicbabes...
Recomendo!
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