Jornalismo sério é outra coisa
Querem ver um camarada cuspindo marimbondo? Leiam o David Coursey, da ZD Net. Ele está quicando com o "furo" da Time, e não sem razão: afinal, quando perguntou para a Apple se poderia ver o novo lançamento antecipadamente para poder escrever a respeito (com embargo até segunda, é claro; prática comum em jornalismo de tecnologia) o pessoal de RP disse que não, que ninguém, absolutamente ninguém, teria acesso às máquinas. E aí, na segunda, surprise!: lá estava o Josh Quittner, feliz da vida, dando nome, sobrenome e CPF da avó do novo lançamento.
Eu não suporto o Coursey, discordo de quase tudo o que ele escreve, sobretudo quando se mete a achar que o governo americano tem mais é que meter as patas na internet por "questões de segurança" (arghhh!!! pra que é que fui falar nisso?! eu estava de tão bom humor até agora...) mas tenho que concordar que, do ponto de vista jornalístico, este "furo" é extremamente questionável. Há um ar de balcão de negócios numa barganha dessas (você me dá a capa, eu te dou exclusividade e ainda dou umas rasteiras na tua concorrência) que me incomoda muito, não por causa desta matéria particularmente, mas por causa da corrosão de credibilidade que episódios assim causam à imprensa como um todo.
Conseguir a capa da Time era, obviamente, do melhor interesse da Apple, e isso é claro para qualquer leitor. Mas, daqui para a frente, quem garante a integridade das próximas capas da revista? Como é que a gente vai acreditar que eles estão dando destaque ao que acham que merece destaque, por motivos legítimos, e não por causa de acertos de bastidores feitos pelo departamento de marketing?
Nenhum comentário:
Postar um comentário