Foi só eu avisar que tinha aceitado o convite da Infraero para visitar o Galeão que choveram advertências na minha caixa postal. Havia a idéia geral de que eu não devia fazer a visita guiada pela Infraero, mas sim, sozinha: caso contrário, veria um aeroporto completamente diferente da realidade.
Entendi a preocupação, mas era exatamente essa a minha intenção. O Galeão que está aí eu conheço bem. O que eu queria ver, justamente, era o tal Galeão que a Infraero afirma existir, um grande aeroporto, em obras, preparando-se para o futuro e para oferecer bons serviços.
Fui recebida pelo Andre Luis Marques de Barros, superintendente do aeroporto; pelo Lucinio Baptista da Silva, superintendente regional; pela Silvia Vilanova e pela Debora Mello, da assessoria de imprensa; e mais a Lea Cavallero, que havia respondido à crônica em que eu descascava o aeroporto. Um comitê de recepção e tanto.
Começamos o tour pelo Terminal 2 – não na parte que conhecemos, mas no espaço da foto, que fica atrás da área de embarque e que vai realmente ampliar muito o Galeão. Às 48 atuais posições de check-in do T2 serão acrescentadas outras 64, e às dez cabines da Polícia Federal, outras 28. O piso já está colocado, e o lugar tem um aspecto quase habitável; se fosse um apartamento, eu diria que falta parte dos acabamentos e a mobília. Ficará pronto no ano que vem.
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Não recebi apenas advertências na mailbox. Recebi também incontáveis queixas, reclamações e sugestões de perguntas a serem feitas às autoridades competentes. Levei várias dessas broncas comigo. A Luciana Misura, por exemplo, que tem uma filhinha pequena, fica particularmente indignada com o tamanho dos banheiros e com a ausência de fraldários:“Por que a área de embarque não tem um fraldário? Passamos pela Polícia Federal, segurança e, enquanto esperávamos o embarque começar, Julia sujou a fralda. Fomos informados que não tem lugar para trocar uma fralda!”
Segundo André Luis, a questão dos banheiros está na ordem do dia. Há lojas fechadas ao lado dos atuais, cuja área será incorporada a eles. Com isso se ganhará espaço e um bom fraldário na área de embarque. A Infraero, me disse ele, tem o maior interesse em passar o máximo de serviços possível para as áreas restritas, porque o público que circula nas áreas gerais não respeita nada.
-- Nós instalamos 180 ganchos nos banheiros para as senhoras pendurarem as bolsas e, num único fim-de-semana, foram todos roubados, -- lamenta o superintendente. – O material de serviço desaparece, as torneiras são levadas, o que pode ser carregado geralmente é.
Mais tarde, passando por um dos banheiros (que, aliás, estava bem limpo) vi um daqueles cheirinhos de ambiente fechado numa gaiola de madeira trancada a cadeado. Tive que ser solidária com a turma da Infraero. Trabalhar assim é difícil.
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“Terça, num vôo de Lisboa para o Rio, esperei 90 minutos pelas minhas malas, -- reclamou a Celina D’Araujo. -- A esteira rodava com malas esparsas, parava de vez em quando. Onde estão os funcionários? É de fato um abuso!”Lucínio Baptista da Silva, o superintendente regional, me explicou que um dos grandes problemas da Infraero é levar a culpa por atrasos e transtornos causados aos passageiros por outras empresas e agentes – no caso específico da Celina, a inspeção da Vigilância Sanitária. Passageiros que chegam ao Brasil procedentes da Peninsula Ibérica correm mesmo o risco de esperar horas pela bagagem, porque, de cada dez malas, constatou-se que seis contém queijos ou presunto, cuja entrada é proibida no país. Já quem chega de Miami enfrenta a mesma demora, causada, porém, pela Polícia Federal, que passa mala por mala pelo Raio-X em busca de contrabando.
A Infraero também leva a culpa quando há poucos agentes na imigração, quando aviões param em posições remotas e quando os passageiros têm que esperar dentro dos aviões pelos ônibus para levá-los ao terminal.
-- Nós temos ônibus de sobra, -- disse André Luis. – Cabe às companhias aéreas prever a quantidade de ônibus de que vão necessitar, e solicitá-los em tempo hábil. Só pedimos um mínimo de organização. Quando ele não acontece, sobra para o aeroporto. Mesma coisa em relação às malas, cujo manuseio também é de responsabilidade delas.
As esteiras, campeãs de reclamações, são mesmo umas porcarias. Mas – isso eu vi – estão sendo trocadas. No dia em que fui ao aeroporto, a primeira nova esteira do Terminal 1 estava em fase final de instalação. Ainda esse ano, garante a Infraero, o problema estará resolvido: as novas esteiras ocupam uma área maior e as malas ficarão rodando à vista dos passageiros, sem sumir por trás da cortina.
Outros campeões de reclamações, os elevadores e aparelhos de ar refrigerado, também estão em vias de troca. Por causa disso, algumas áreas de elevadores têm estado isoladas e há dias em que o ar, em certos setores, não funciona. Vi as caixas desses trambolhos todos por lá, andei num dos elevadores novos e vi vários novos aparelhos de ar já instalados.
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