13.4.09

Eu tuíto, tu tuítas, eles estão por fora



E o Twitter continua sendo o grande assunto do momento na internet. Na verdade, "O" assunto: é praticamente impossível falar com gente conectada sem que a conversa não vá parar no “microblog”, termo que, por sinal, considero pouco adequado para descrevê-lo. O Twitter é tudo menos micro. Ele cresceu 700% em um ano, segundo pesquisa da comScore, e agora teria quase dez milhões de usuários, quatro milhões dos quais nos Estados Unidos. Segundo a IDG Now, no Brasil somos, por enquanto, menos de 500 mil -- mas eles não perdem por esperar.

Mal descobriu o Twitter, o Brasil já está pondo as manguinhas de fora. Semana passada, por exemplo, alguns usuários metidos a ixpertos causaram comoção ao usar um script para aumentar, de forma substancial e fraudulenta, o número de “followers”, ou “seguidores” -- outro termo infeliz, que remete a lideranças espirituais, mas, no fundo, serve apenas para designar quem lê o que o, hmmm... “seguido”... posta.

Pegos com a boca na botija, os ixpertos voltaram atrás e inventaram desculpas esfarrapadas, mas acabou pior a emenda do que o soneto. A brincadeira foi mais uma mancha na reputação do comportamento dos brasileiros online, que, desde o Fotolog, não é lá das melhores.

Quem imaginou que estamos diante de mais um bando de adolescentes indisciplinados, errou na mosca. Os usuários do script malsão são senhores e senhoras de meia-idade, perfeitamente encaixados nas estatísticas que informam que o Twitter faz mais sucesso entre o povo de 45/55 anos. Deviam ter mais juízo, mas juízo anda em falta em todas as faixas etárias.

Criar boa reputação na rede, onde ninguém sabe quem de fato está do outro lado, toma tempo mas é fácil: basta agir corretamente. Acabar com uma boa reputação adrede existente (gostaram?) é igualmente fácil, mas consideravelmente mais rápido. O nome do jogo é transparência. Nunca é demais lembrar que transparência a posteriori não vale: afinal, esse é o comportamento de dez entre dez políticos, que, depois de descobertos, devolvem o dinheiro roubado – de preferência, com grandes manifestações de honestidade.

A ixperteza dos compatriotas foi, sem dúvida, a coisa mais comentada e irritante da semana. A mais divertida, porém, foi o Pessach no Facebook, uma interpretação contemporânea da Fuga do Egito. Se você tem pelo menos uma idéia de como funciona o Facebook, dê uma olhada em migre.me/oLn.


(O Globo, Revista Digital, 13.4.2009)

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