25.6.07

iPhone: em plena contagem regressiva


A cinco dias da chegada do iPhone às lojas, no próximo dia 29, praticamente não se fala em outra coisa no mundo hi-tech; nos Estados Unidos, particularmente, a expectativa é ainda maior do que a da turma que, ansiosamente, aguarda o novo Harry Potter. Alguns poucos privilegiados já estão usando o aparelho. Um deles é Walter Mossberg, o poderoso colunista de tecnologia do Wall Street Journal, que recentemente deu a entender que não está de todo satisfeito: o teclado touch-screen é uma aparente pedra no seu caminho.

Para quem se comunica através de torpedos, como a maioria dos adolescentes (e uns tantos adultos), a falta de teclas fisicamente sensíveis pode ser um banho de água fria. O iPhone vem com um dicionário que se propõe a "adivinhar" as palavras e corrigi-las à medida em que são tecladas, mas este tipo de recurso está longe de ser unanimidade entre os usuários.

Há outros pontos questionáveis no lindo aparelho: a falta de espaço para um cartão de memória e a impossibilidade de trocar a bateria são suficientes para desanimar usuários mais empedernidos, para quem a memória interna de 4 ou 8 Gb e as oito horas de funcionamento prometidas pela Apple não bastam.

Ninguém duvida de que o iPhone vai ser um sucesso, pelo menos na primeira hora. A onda que se fez a seu respeito garante isso. Ele é um dos mais cobiçados objetos de desejo do momento, há blogs fazendo contagem regressiva para a sua chegada ao mercado e publicando fotos de possíveis iPhones vistos em público; as filas nas portas das lojas da Apple e da AT&T prometem ser históricas.

O telefonino é indiscutivelmente bonito, como tudo o que sai da Apple. Traz alguns toques novos, sobretudo na tão decantada interface touch-screen, mas, pelo que se sabe até aqui, não chega a ser a revolução apregoada por Steve Jobs. Na verdade, muito do hype em torno do aparelho acontece, a meu ver, pelo fato de estar sendo lançado nos EUA, país notoriamente atrasado em termos de cultura celular.

Várias das suas "novidades" já existem há tempos em outros smartphones e PDAs, a começar pelo hoje prosaico Palm, precursor de muitas e interessantes bossas, ou qualquer bom Symbian. Graças à infinidade de aplicativos hoje existentes para eles, é difícil que o fechadíssimo iPhone venha a tomar seu lugar -- pelo menos, no coração de quem associa celular a produtividade.


(O Globo, Infoetc., 25.6.2007)

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