12.5.04



Questão de imagem

Da coluna do Xexéo, hoje:
"Acho que todo mundo concorda com a impressão de que o correspondente do “New York Times” pegou pesado ao descrever os hábitos etílicos de nosso presidente. O repórter exagerou e foi irresponsável. Mas também não dá para livrar a cara de Lula. Não dá para o governo reagir como se Lula fosse integrante da Liga antialcoólica e estivesse sendo injustiçado. Lula deu margem para que um repórter irresponsável fizesse a “reportagem” que o “Times” publicou. É isso que dá ir ao programa do Ratinho e ficar bebendo cachaça com o apresentador. É isso que dá não se preocupar em aparecer em público com copos de uísque na mão. É isso que dá tentar manter sua popularidade prestigiando o consumo de “uma cervejinha” em churrascos na Granja do Torto.

Há uma tendência de desculpar todas as bobagens de Lula com a alegação de que o eleitor sabia que ele era assim. Sabia, sim. Mas esperava que, ao ocupar a Presidência, Lula respeitasse o que se convencionou chamar de liturgia do cargo. Não é verdade, como disse o jornal americano, que a nação se preocupa porque o presidente bebe demais. E só o fato de isso ser mentira já desqualifica a reportagem. Mas que toda a nação percebe que Lula bebe mais do que ela se acostumou a ver um presidente fazer é a mais pura verdade." (Artur Xexéo)
Xexéo escreveu isso antes de saber da cassação do visto do Larry Rohter (que, para efeitos desta discussão, não vem ao caso); e acho que tem toda a razão.

Nós não somos puritanos -- na verdade, hipócritas -- como os americanos em relação à bebida e, de modo geral, pouco nos importamos se o presidente (qualquer presidente) toma ou não toma as suas cachacinhas no recesso do lar. Mas o presidente (qualquer presidente), assim como outra qualquer figura pública, tem que ter um mínimo de cuidado em relação à sua imagem, ou corre o risco de virar personagem de anedota.

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