Encontro marcado para negócios
Quem já foi a qualquer grande feira de informática sabe como é difícil conquistar a atenção do público: há estandes demais e tempo de menos, o ambiente é confuso e barulhento e, por toda a parte, há empreendedores querendo, justamente, chamar a atenção do público. Para isso vale tudo, da presença de celebridades à realização de gincanas, sorteios e a indefectível distribuição de camisetas. Para complicar, muitas vezes expositores e visitantes falam línguas diferentes.Observando isso, Ken Richards — um americano simpático casado com argentina, que fala espanhol perfeito, bebe chimarrão e tem linguagem corporal latina, apesar dos olhos de aço de vilão de sessão da tarde — decidiu criar um encontro diferente, menor, mais tranqüilo, em que produtores e vendedores de produtos de tecnologia pudessem de fato conversar e trocar idéias. Assim nasceu o Latin Channels, cuja 11ª edição aconteceu na semana passada em Montevidéu, no Uruguai.
A fórmula é simples e eficiente. Pega-se um hotel que tenha bons espaços para reuniões e onde os quartos de um ou dois andares possam ser transformados em escritórios; chamam-se fabricantes que queiram fazer negócios na América Latina e convidam-se os principais canais (atacadistas, varejistas, integradores) da região. Eles são divididos em grupos com interesses e problemas semelhantes, e espalhados por salas de reuniões, onde se realizam pequenas palestras dos fabricantes. Como nas salas de aula, em que os alunos ficam mas os professores mudam, os grupos ocupam as mesmas salas ao longo dos quatro dias do evento. É o exato oposto das feiras tradicionais, em que os exibidores ocupam os lugares fixos. À tarde realizam-se debates, em que os revendores explicam aos fabricantes as dificuldades e peculiaridades de seus negócios.
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Além disso, há empresas que não são exatamente do ramo de informática interessadas em participar, como Sony e Bose. Do lado das revendas, o interesse é ainda maior, já que têm uma chance de discutir diretamente com os fabricantes soluções para problemas do setor. Há sempre mais candidatos a convidados do que convites disponíveis.
Segundo Ken Richards, participar das reuniões do Latin Channels tem sido uma revelação para muitos empresários americanos, que ainda pensam na América Latina em velhos estereótipos.
— Há muito desconhecimento em relação ao mercado, — explica. — Por incrível que pareça, na cabeça de boa parte do empresariado americano a América Latina ainda é sinônimo de selva, narco-terrorismo e corrupção. Quando eles vêm ao continente e visitam um shopping em São Paulo ou passeiam por Buenos Aires, ficam bobos — e percebem que, em muitos aspectos, aqui não é tão diferente de lá. Cá entre nós, se na América Latina a corrupção é uma arte, no Estados Unidos já foi transformada em ciência. Basta ver o que Bush e sua gente estão fazendo no governo.
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Foto digital no Senac Rio
Julio Preuss e Nelson Martins são a dobradinha que apresenta, no próximo dia 26, às 19hs, a palestra “Fotografia digital — da escolha do equipamento à impressão”. Inscrições gratuitas pelo 2545-4848. No Senac Rio, Rua Pompeu Loureiro 45, Copacabana.(O Globo, Info etc., 24.5.2004)
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