30.4.03





Eta semaninhas tumultuadas, sô!

Agora estou fazendo as malas, viajo amanhã, isto é, logo mais.


Da mailbox

O psicólogo fazia testes para admissão de novos candidatos em uma empresa de seleção.
- O senhor pode contar até dez, por favor!
- Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um.
- Por que você contou de trás pra frente?
- É que eu trabalhava na Nasa!
- Sinto muito, está reprovado!
Entra o próximo.
- O senhor pode contar até dez, por favor!
- Um, três, cinco, sete, nove, dois, quatro, seis, oito, dez!
- Por que você contou primeiro os ímpares e depois os pares?
- Porque eu trabalhava como carteiro.
- Sinto muito, está reprovado!
Entra o próximo.
- Antes de começarmos, por favor me diga uma coisa, o que o senhor fazia no emprego anterior.
- Eu era funcionário público!
- OK! O senhor pode contar até dez?
- É claro! Dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, valete, dama, rei e ás.
Piada é sempre uma coisa inteiramente improvável, né?

28.4.03



Meu blog, meu tesouro

Finalmente alguém encontrou o caminho das pedras! O jornalista Nelito Fernandes, meu colega da “Época”, é o primeiro blogueiro brasileiro a receber pelo fruto do seu trabalho, realizando, assim, o sonho de onze entre dez confrades. Na semana que vem, embolsa um cheque de R$ 1.570,17 pela publicidade veiculada no seu Eu, Hein?. Isso ainda não faz dele um milionário.com, mas já representa um notável progresso em relação a outros blogueiros que, como a vossa escriba, ainda pagam para blogar.

Nelito foi, logo depois da Daniela Abade, do Mundo Perfeito, o segundo blogueiro a ser “contratado” por um provedor. Impressionado com a popularidade dos seus divertidos cartazinhos e com os cinco mil visitantes diários do “Eu, hein?”, o Terra chamou-o para uma parceria interessante para ambos: o “Eu, Hein?” (que hoje conta também com a participação de Claudia Valli) fica hospedado lá, e o lucro dos banners é dividido. Entre os anunciantes, Brasil Telecom, Ministério da Saúde, GM, Farmácia em Casa, Fiat e Editora Globo. A Telefônica foi a que mais apoio deu ao blog: seu banner foi exibido 77 mil vezes para os atuais oito mil visitantes diários.

Espero que tenha sido bom para eles também, e torço para que essa moda pegue.

(O Globo, Info etc., 28.4.2003)


Marketing Hacker, o livro:
conversas impressas

Em agosto do ano passado, Hernani Dimantas, autor do projeto Marketing Hacker — uma iniciativa que todo mundo que freqüenta a internet.BR conhece — me pediu que escrevesse o prefácio para seu novo livro, nascido, justamente, desse projeto. Aceitei com o maior prazer, e escrevi isso.

Agora “Marketing Hacker: a revolução dos mercados” está na praça. Já foi lançado em Sampa, é o não-ficção mais vendido da fnac e chega ao Rio amanhã. O lançamento é na Livraria Marcabru (Rua Marquês de São Vicente 124, loja 206), a partir das 19h30.

(O Globo, Info etc., 28.4.2003)


Taí: boa idéia!

Acabo de receber um release muito interessante. Gostei do conceito e gosto também do livro. Confiram aqui.




*sigh*

Acabo de vir da mailbox do jornal. Há 1709 itens lá. Tenho a sensação de que estou perdendo o tempo da minha vida separando spam de release (há diferença?) e de mensagens verdadeiras (a minoria).




"Sapatos são chocolates para os pés"

Achei aqui. E ele achou aqui.




Campanha do Repórter Mosca, entusiasticamente apoiada por este blog.

27.4.03



Fernanda Stupid

Minha amiga Ana Lagoa, que não é de passar correntes, encaminhou este artigo ao seu círculo de correspondentes. Fez muito bem. Eu não vi o programa a que se refere o texto -- tudo o que vejo em televisão são jornais, a BBC, o Discovery e o Animal Planet, fora um filme de vez em quando -- mas o que o Joaquim escreveu no outro dia me deixou de cabelo em pé. Se aquela baixaria lá é o que elas entendem por "ser mulher", aviso: tou fora, criando uma ala dissidente.
O que vimos sábado passado no Saia-Justa, programa comemorativo de um ano no ar, foi uma lástima. É lamentável que um programa dito "cabeça" e "inteligente" tenha colocado no ar o comentário de uma das participantes: Fernanda Young, sobre o seu conceito de velhice. Fernanda Young se destaca no programa por sua prepotência, sua falta de humildade, sua superficialidade, suas frases feitas supostamente inteligentes, sua insegurança disfarçada em querer aparecer a qualquer custo, sua falta de respeito ao ser humano, sua imaturidade, sua agressividade e seu ódio interior. Querendo mostrar que é "mulher-cabeça feita" ela não passa de uma adolescente querendo se auto-afirmar, o que condiz com o sobrenome que adota, já que no inglês "young" significa : jovem, pessoa nova. Fernanda é a nota que destoa no programa. É a peça que não encaixa.

Pois no aniversário de um ano do programa a "jovem" interrompe Marisa Orth que dizia que o que ela achava mais lindo era a gargalhada de uma criança e o sorriso de um velho, e ainda em off (a câmera ainda estava na Marisa) Fernanda Young diz: "Eu tô cagando pra velho" e, não satisfeita, completa: "Eu tenho uma teoria que até já escrevi a respeito: Todo velho é um filho-da-puta que envelheceu. Sabe aquela história de que "vaso ruim não quebra"? Pois é, pra mim velho é um vaso ruim, é por isso que não quebrou; se chegou à velhice é vaso ruim, é filho-da-puta!"

É lastimável o conceito que essa jovem tem sobre o velho, o idoso. O grave não é tanto o que ela pensa, que isso é problema dela, ela que inevitavelmente só terá duas escolhas no futuro. ou morrerá antes do tempo, ou envelhecerá para ver como é viver num país com pessoas que pensam como ela e tratam o velho com total desrespeito. O grave é essa jovem dizer isso em Rede Nacional, numa posição de formadora de opinião, que é a posição do artista na sociedade. Essa jovem deveria ser condenada judicialmente a trabalhar como voluntária em lares de idosos e abrigos de velhos por anos a fio até aprender o valor que o velho tem, e assim servir de exemplo para que isso não se repita, para que outros não usem do direito da palavra com essa total irresponsabilidade num veículo de comunicação.

A insanidade, desrespeito, falta de educação e generosidade, prepotência, imaturidade e falta de inteligência levam pessoas como essa Fernanda Young a esquecer o que idosos morreram fazendo, ou ainda fazem, em vidas dignas que dão dignidade ao nosso país. Copiemos o modelo do Oriente, onde a opinião dos velhos é buscada, respeitada e seguida, em sociedades onde à experiência se dá o devido valor. (Alexander Zimmer)


IAU!!!!!

Ela voltou!!! Que surpresa maravilhosa!!! Valeu, Raphael!!!


Recado do Edney

"No último dia 21, meu site, o InterNey, foi invadido por hackers. A única coisa que não consegui restaurar foi a lista de inscritos no InterNey-Notícias. Estou enviando esta mensagem para todos os meus conhecidos; se você estava inscrito nesta lista pode se inscrever novamente aqui. A InterNey-Notícias é uma lista através da qual envio dois ou três e-mails por semana com links para sites e notícias interessantes que encontro pela net diariamente."
Falando sério: que palhaçada, esses caras! Hackear um site do bem como é o InterNey, que tantos serviços presta à comunidade, é o que há de pior.


.

Ouch...

Pessoal, desculpem o ritmo meio lento, mas o dedo mindinho está atrapalhando na hora de escrever. Não digito com os dez dedos, o que é, aliás, uma das minhas tristezas. Quando aquela cadeira me mordeu, ainda pensei, "Ufa, pelo menos não foi um dedo importante!", dedos importantes sendo o polegar da mão esquerda, para a barra de espaço, e o indicador e o dedo do meio das duas mãos para todas as outras teclas.

Eu tinha a impressão de que quase não usava o mindinho, mas estava errada. Não uso o mindinho da mão esquerda, mas o da mão direita também vai na barra de espaço. Sem ele, a minha velocidade -- a bem dizer, a minha lentidão -- fica ridícula.

O machucado, visto assim de fora, não parece mais grande coisa. Já nem estou usando bandaid. O diabo é que o dedo ainda está inchado e dói quando é apertado ou bate no teclado. Há duas manchinhas de sangue pisado ao lado dos cortes, que já cicatrizaram



Acabo de ouvir na BBC, no "Earth in review", que os árabes chamam os gafanhotos de "dentes do vento". Genial, né?

26.4.03



Sangue e areia

Quando comecei a escrever esta coluna, em janeiro, achei que seria moleza. No fundo, coluna de segundo caderno é uma espécie de bate-papo: eu escrevo daqui, vocês lêem daí e vamos em frente, tocando a vida e pensando nas contas do fim do mês.

Mas — claro! —- não é bem assim. Às vezes uma conversa interessantíssima, que dura um jantar inteiro, não dá mísero parágrafo; às vezes, o que a gente acha ótimo no domingo parece uma bobagem na segunda; e palavras perfeitamente boas, que faziam todo o sentido na conversa, se rebelam sem mais nem menos, e se recusam a impressionar o papel, por falta do gestual.

Há assuntos que tento, em vão, encaixar em algum lugar — o tempo passa e eles continuam mudos, atropelados pelos acontecimentos ou pelo meu estado de espírito. Outros, dos quais tento fugir, forçam a barra, dão um jeito de entrar na página. Do primeiro caso não mostro exemplos, porque ainda tenho esperança de ver meus mudinhos dando o recado; do segundo, nem preciso falar — ultimamente, o ataque ao Iraque tem ocupado todos os espaços.

Não adianta imaginar que escrevo o que quero; a coluna se escreve. Este é um chavão dos mais batidos, mas me sigam, por favor: são tantas as coisas que influenciam a escrita que, no fim, a minha vontade é quase secundária.

Hoje mesmo, por exemplo: sobre o que é que eu poderia, ou deveria, escrever, num feriado prolongado — a não ser sobre este trabalho, que me arranca do dolce far niente ?

Sei que parece exagero, mas acreditem: não é. A partir do momento em que comecei a coluna, comecei a viver em função dela. Não sei se isso acontece com os outros colunistas, mas minha referência básica passou a ser o que é ou não é bom assunto, ou até mesmo o que dá ou não dá boa ilustração.

* * *

No domingo à tarde, na praia, duas carrocinhas de sorvete paradas perto d'água, ambas pintadas da mesma maneira tosca, anunciavam “7 bolas a 1 real”. Os dois vendedores, sentados cada qual sobre sua carrocinha, davam um tempo e batiam um papo.

— Caramba, que foto que eu estou perdendo! — exclamei. — Como é que fui deixar a máquina em casa?!

— Mãe, relax! — disse a Bia. — Esquece essa máquina! Você está na praia, curtindo o feriado. Que coisa!

Pensei: a Bia tem razão, tenho que aprender a desligar. Decidi então reclinar a cadeira e deixar todas as fotos possíveis para lá — mas eis que pus a mão direita na ponta errada e uma catraca quase levou um pedaço do meu mindinho. Foi uma dor que nem vos conto e uma sangueira só. A Bia imediatamente chamou um vendedor de mate, pediu uma pedra de gelo, embrulhou na canga e me deu.

Enquanto eu tentava achar a melhor forma de aplicar aquilo, uma moça se aproximou, solícita, com um copo de água mineral:

— Não põe o gelo na ferida porque pode queimar. Faz assim, ó: põe o gelo no copo e depois mergulha o dedo na água gelada. Pode ficar com a minha água. Talvez fosse bom tomar uma antitetânica.

Fiquei admirada.

— Você é médica?

— Que nada, não sou, não... Inclusive, nem posso ver sangue que desmaio. É que já me aconteceu isso uma vez.

Ela não tinha mesmo que ser médica, é claro; era brasileira. Esta cena só se vê aqui — uma pessoa se dar ao trabalho de acudir uma completa desconhecida, acompanhada e já “atendida”, por assim dizer, e ainda lhe oferecer a sua água. Comovida, comentei isso com a Bia (que tem a experiência de quatro anos vividos naquele país) e concordamos: em nenhum outro lugar do mundo isso acontece.

Fiquei olhando para o sangue tão vermelho pontilhando a areia e obtemperei (!):

— Pô, isso também dava uma boa foto... Meio macabra, mas muito legal.

— Mãe!!!

* * *

Tirando a catraca assassina, a cadeira em que eu estava era ótima. Ela é um lançamento mais ou menos recente da Ordem e Progresso, que fica em frente ao César Park e é uma das mais competitivas barracas da Praia de Ipanema. O aluguel está a R$ 2. Por R$ 5 se pode alugar a espreguiçadeira de plástico branca, com cara de resort, que não machuca ninguém e deve ter seguro de vida.

É fácil reconhecer o pessoal da Ordem e Progresso. Eles trabalham com uns aventais de plástico estampados com a bandeira nacional que poderiam ser bolsas do Gilson Martins em outra encarnação.

O serviço é tão caprichado que até o coco vem com um corte especial, mais largo do que o comum: a lasquinha recortada funciona como uma tampa.

Ficamos tão bem impressionadas que viramos freguesas; a Bia até desistiu do clube do qual é sócia.

Ah, vocês não sabem? No Leblon tem uma barraca chiquérrima, que dá preferência aos associados. Tem até página na web. Com a anuidade de R$ 10, ganha-se desconto nas cadeiras e nos cocos. O visual é o melhor possível, a água bate pertinho e a gente pode acompanhar todo o movimento.

Dá cada foto que só vendo.

(O GLOBO, Segundo Caderno, 24.4.2003)

25.4.03



Blog!




Como perder um homem em dez dias

Desligue o cérebro

Era uma vez uma jornalista linda, inteligente e engraçada, que trabalhava para uma revista feminina mas sonhava com o vôo mais alto dos Grandes Assuntos; e era uma vez um rapaz lindo, nem tão inteligente e um pouco menos engraçado, mas de resto totalmente gracinha, que trabalhava para uma agência de publicidade com as contas de cervejarias e artigos esportivos, mas sonhava com a conta dos diamantes. Por um desses misteriosos acasos do cinema, no mesmo dia em que ela (Kate Hudson) topou o desafio de perder um homem em dez dias, ele (Matthew McConaughey) aceitou a aposta de conquistar uma mulher... em dez dias! Mas não qualquer mulher, e sim ela, a jornalista sonhadora. E não em “dez dias” de qualquer tempo, mas no mesmíssimo prazo. O resto é história — ou melhor, historinha.

“Como perder um homem em 10 dias” (“How to lose a guy in 10 days”) é a típica comédia romântica americana. Os protagonistas são no fundo bonzinhos, apesar da total falta de escrúpulos que demonstram ao aceitar desafio e aposta, e os outros personagens são apenas caricaturas: a editora de moda, as jornalistas, o dono da agência, os publicitários... enfim, acho que todos nós já vimos este filme antes.

Mas, tudo bem, vamos ver de novo e vamos até nos divertir com o enredo sem pé nem cabeça, as situações de sempre e o final previsível. As meninas vão amar e os meninos vão se sentir heróicos por suportarem duas horas de bobagem em nome do amor. No fim, seremos felizes para sempre.

(O Globo, Rio Show, 25.4.2003)






Depois de três dias, o blog desencalhou. Quem matou a charada foi -- para variar -- o meu querido Eduardo Stuart. Ele escreveu:
"Aparentemente, o problema estaria no blogspot, já que a ferramenta de publicação está acusando disk quota limit (26Mbytes). Existe realmente um limite de armazenamento, mesmo o blog sendo Pro? Não há uma opção para aumentar esse limite?"

Lembrei então que, na última empacada, em janeiro, Rudy Winnacker, do Blogger, me disse que estava aumentando o limite de 200 para 800 arquivos (estranho sistema, não?). Nem pensei no limite de arquivos dessa vez porque não deveria ser problema -- afinal, os tais 200 vencidos eram as imagens armazenadas no BlogSpot praticamente desde que o blog começou.

Pelo sim pelo não, resolvi seguir a dica do Eduardo. Apaguei um monte de JPGs e... pimba! Na mosca. Daí chego a duas conclusões:

  • Não preciso deixar o Blogger, mas preciso urgentemente sair do BlogSpot, até porque o "suporte" -- huahauahauahauaha! -- é pífio;
  • Talvez seja este o problema que afeta tantos blogs mudos.

    Sobra, porém, uma dúvida: o BlogSpot tem acesso FTP, que permite apagar arquivos antigos; o que faz, porém, quem hospeda o blog no BlogSpot comum, sem FTP?

    Em tempo: Eu não sei, Eduardo, como se pode aumentar o limite do BlogSpot Pro -- que tem, sim, uma quota fixa para cada blog. O Rudy aumentou a minha na base da amizade, mas obviamente deve existir uma outra maneira de se fazer isso. Por outro lado: onde é que a gente vê esta informação que você conseguiu?
  • 21.4.03





    Páscoa é isso -- simplesmente perfeito.



    Bia Badaud ou
    O blog que faltava

    Uma das melhores vozes da blogosfera finalmente tem casa própria: a Bia Badaud, que todos conhecemos tão bem de comentários, acaba de criar um blog.

    Para quem está chegando agora: ela é uma das maiores reservas naturais de bom-senso, uma daquelas raríssimas pessoas que agem movidas pelo civismo autêntico e por uma invariável vontade de contribuir para melhorar o mundo à sua volta. É engraçada, gente finíssima e, ainda por cima, escreve bem que só.

    20.4.03



    Free ou free?

    Adorei essa notinha da Bia sobre a tatoo do Rodrigo Santoro.


    Os irmãos siameses

    Dennis conta no Caderno Mágico a incrível história dos irmãos Chang e Eng Bunker, que nasceram no Sião (hoje Tailândia) em 1811, unidos pela cintura, e morreram nos EUA em 1874, deixando duas viúvas e 22 filhos.

    É um relato impressionante, que poderia facilmente ser um dos contos do Dennis, não fosse por um detalhe: é tudo verdade.


    Uau!!!

    Taí, esse vale a espera para carregar...

    18.4.03





    Foi a Cris quem fez este banner.


    Lindo...



    Boa Páscoa, pessoas!



    Hmmm...

    "Diz uma folha trazida pelo vento que o ataque que derrubou o Terra por três dias foi uma vingança de ex-funcionários que não poderiam ter sido demitidos, pois sabiam bem demais como ele funcionava. É a teoria mais plausível, não?" (Mario AV)



    Novo perigo na vida de Rageh Omaar

    A CNN está querendo roubar o Rageh Omaar da BBC.

    Vai ser uma pena se ele topar.

    A CNN é uma estranha máquina de dissolver gente, que foge de qualquer toque pessoal no noticiário. Richard Quest, por exemplo, que era engraçadíssimo na BBC -- ainda que falando de economia -- virou um xarope. E Kevin Sites, que é apenas razoável na TV, foi impedido de continuar seu excelente blog do Iraque, onde escrevia com -- céus! -- opinião própria.

    Aliás, por falar em BBC -- a emissora não esquece, e continua perguntando:

    "Cadê as armas de destruição em massa?"

    Hoje Colin Powell, que é o menos pior deles -- e que, antes da guerra, apresentou à ONU um ridículo painel provando por A + B que o Iraque tinha essas armas -- disse que está "razoavelmente convencido" de que elas existem.

    Então tá.


    BLOG: os bastidores de uma novela

    17.4.03



    Concurso de receitas

    Acabo de receber um release interessante aqui no jornal. O site da Casa do Azeite Espanhol está promovendo o 5º Concurso de Receitas com Azeite Ybarra, com o tema "Bolos para lanches e receber os amigos". As inscrições começaram no dia 16 e vão até 4 de maio. O primeiro colocado ganhará uma cesta com quatro latas de azeite Ybarra de 500 ml cada, coleção de quatro tigelas de louça com o logo da Asoliva (Associação Espanhola da Indústria e Comércio Exportador de Azeite de Oliva) e uma coleção com três livros e dois livretos de receitas produzidos pela Casa do Azeite Espanhol. Os autores das 20 melhores receitas recebem um exemplar do livro "Reescrevendo a Culinária Brasileira com Azeite de Oliva Espanhol".


    Nós não usamos black-tie

    A colunista decide esquecer que há uma guerra lá fora, mas a vida light também tem seus problemas

    Uma praga terrível abate-se sobre a noite carioca: as grandes festas estão sendo organizadas por paulistas. Antes que me entendam mal: não tenho nada contra paulistas, claro, nem contra festas. Também não tenho nada contra festas paulistas e até me lembro de uma ou duas, excelentes, em que me diverti muito. Em São Paulo.

    No Rio, a combinação não funciona, ainda que as fotos fiquem maravilhosas na “Caras”. A diferença entre o que é divertido em São Paulo e o que é divertido no Rio mostra-se quase intransponível. Por exemplo, não há hipótese de um carioca achar interessante um programa marcado para as oito em que, às onze, ainda não tenha sido servida uma gota de álcool. Até eu, que não bebo, acho esquisito. Mas isso aconteceu, mais uma vez, no domingo passado, numa festa que — como costuma acontecer com as comemorações paulistas — me seduziu pela localização: a Escola Naval, na Ilha de Villegaignon.

    Antes de me pôr a caminho, devia ter lembrado de outro comes & bebes que, no começo do ano, me ganhou com aceno semelhante. O convite falava apenas numa ilha, sem dizer qual. Ora, quem resiste a uma ilha misteriosa? Ninguém, é claro: e foi assim que, numa noite tormentosa, todos os dois mil convidados surpreenderam a organização ao comparecer pontualmente para o embarque, junto com outros tantos penetras, num lugar onde cabiam no máximo 500 pessoas. Passei uma hora terrivelmente aflitiva no cais, de onde fiz meia volta e tomei o rumo de casa; no caminho, parei numa pizzaria e fui feliz sozinha.

    * * *

    O principal problema das grandes farras paulistas no Rio é, justamente, a estratégia. A gente sai com a nítida impressão de que quem montou aquilo no papel nunca viu o cenário na vida real, tal o desconhecimento de causa. Uma festa numa ilha, como idéia, é tudo de bom — sobretudo se o nome da ilha for mantido em segredo até o último momento. Na prática, é um desastre, e qualquer organizador carioca sabe disso. Por isso, aliás, é que nunca se fazem grandes badalações nas ilhas.

    A Ilha de Villegaignon, porém, não é bem uma ilha, já que se chega a ela de automóvel. Fica ali atrás do Santos Dumont, logo depois da cabeceira da pista, e deve ser um dos lugares mais deslumbrantes do Rio. Infelizmente, a festa foi dentro de uma tenda, de onde não se via nada. Exatamente igual a uma outra, ainda — esta realizada há coisa de dois anos, no Forte de Copacabana. Imaginem aquela locação deslumbrante... embrulhada para presente!

    Esta do Forte foi, por sinal, uma celebração exótica. Black-tie. Vamos combinar: black-tie no Rio é o que há de triste! Ninguém tem roupa, o improviso é geral e, no fim, fica todo mundo tão mal vestido quanto qualquer excursão latino-americana ao inverno europeu, a lã toda da família e dos conhecidos passeando de ônibus na neve.

    Mas tergiverso. Voltando às tendas: elas revelam o que parece ser uma das grandes diferenças entre nós e os paulistas. Eles não ligam a mínima para a vista — no que, aliás, fazem muito bem, considerando que moram em São Paulo. No entanto, não passaria pela cabeça de um carioca levar alguém aos pontos mais lindos da cidade e, depois, botar uma tenda entre este alguém e a vista. Se é para ficar do lado de dentro, vamos para o Golden Room, ora.

    Comentei isso com uma amiga que havia chegado antes de mim e que, àquela altura, já havia bebido bem uns cinco copos d’água.

    — Ah, você não está sabendo de nada! — disse ela. — Não foi pela vista que escolheram a Escola Naval; foi pela segurança.

    Outra amiga, ali ao lado, completou:

    — Sim, sim: acharam que as pessoas iam se sentir melhor protegidas pelos militares...

    Não caímos na gargalhada porque estávamos com muita fome. A experiência da nossa geração com a “proteção militar” não chega a ser um passeio — coisa que os organizadores do Rio, cidade tradicionalmente do contra, sabem muito bem, às vezes até por experiência própria.

    Qualquer que seja o motivo, porém, a Escola Naval não é a escolha feliz que parece ser. O trânsito até lá é afetado pelos vôos do Santos Dumont — e o atraso causado pela cancela que retinha os carros na cabeceira da pista teve conseqüências. O jantar seria antes, o show, depois. Por causa dos aviões, e para desespero geral, o show foi antes.

    Acho que é por isso que nenhum dos meus amigos, nem mesmo os que cobrem a noite, foi à Escola Naval antes.

    * * *

    Devo dizer, contudo, que eu me diverti muito. Nunca saio de casa sem uma das minhas duas câmeras digitais —- e, nessa noite, havia um prato cheio para mim (além do da Pizzaria Guanabara, aonde fui parar com os amigos estressados com a Lei Seca). A entrada para a tenda era um túnel especialmente pensado para as tais fotos maravilhosas da revista “Caras”. Entre as luzes, as cores e as idiossincrasias da máquina, acabei fazendo a minha festa particular.

    Rogo às empresas que têm algo a comemorar no Rio, contudo, que pensem carinhosamente em chamar gente da terra na hora de inventar novidade. Afinal, nem todo mundo anda com câmera digital por aí.

    * * *

    Enfim. Essas são trivialidades da noite de uma cidade sitiada, bobagens sem importância diante do que anda acontecendo dos portões da Escola Naval para lá. E, antes que o amigo paulista comece a escrever indignado para o jornal, aviso: para cá de Bagdá, nem isso chega a ser muito sério.

    (O GLOBO, Segundo Caderno, 17.4.03)


    16.4.03







    Lunática

    Hoje, aí pelas seis, no engarrafamento da Avenida Atlântica, falando com o Millôr pelo celular, vi o que me pareceu ser um daqueles balões luminosos usados para fazer propaganda; mas havia alguma coisa estranha. Não dava pra ver onde o balão estava preso.

    Olhei melhor e vi que era a Lua.

    Imensa, amarela, ainda quase colada à água, redonda como um tamanco. Fui descrevendo essa lua esplendorosa da Rainha Elizabeth à Figueiredo de Magalhães, tristíssima de ter deixado a câmera em casa. Voltei ao assunto no Aterro, onde, mais alta, ela iluminava o Pão-de-Açúcar. E, depois que desliguei a conversa com o Millôr, liguei correndo pro trabalho da Bia, pra que ela não deixasse de dar uma olhadinha pela janela.

    Agora, já no jornal, fiquei na maior alegria quando o Marcelinho me chamou pra ver uma coisa no Digicol, nosso arquivo digital: lá estava ela, devidamente capturada pelo Marcos Tristão!

    O mundo é vasto, variado e mal freqüentado mas, em termos de efeitos especiais, continua imbatível.


    Enquanto isso, nos Estados Unidos...





    O que é isso, companheiros?

    O governo acaba de pisar feio -- muito feio! -- na bola: não vai condenar Cuba na Comissão de Direitos Humanos da ONU. As desculpas, que ficamos conhecendo através dos argentinos: Cuba é "um pequeno país embargado" e, além disso, "estamos contra a guerra no Iraque".

    Pequeno país embargado Cuba de fato é, mas isso não dá a Fidel o direito de prender e fuzilar quem não pensa como ele. Ao se posicionar assim, o Brasil parece esquecer a luta que aqui foi travada para que hoje tivéssemos plena liberdade de expressão e pudéssemos escolher livremente os nossos governantes.

    Quanto a estarmos contra a guerra no Iraque, é óbvio que estamos -- mas o fato de os americanos se portarem feito selvagens não justifica que, de agora em diante, todos os seus inimigos possam fazê-lo também.

    Que papelão o nosso, francamente.


    Miau! Auuu!



    Terra em transe

    O Info etc. recebeu dezenas de msgs de usuários indignados do Terra, que passaram quase três dias sem email. Ninguém sabe ainda o que aconteceu; nem o Terra nem a EMC fizeram qualquer declaração relevante, exceto aludir a uma vaga falha de hardware.

    Fernando Madeira, diretor-geral do Terra, por exemplo, diz que "trabalhamos ininterruptamente para assegurar, além do restabelecimento dos nossos sistemas, a total garantia de segurança, privacidade e confiabilidade dos serviços Terra".

    Ficar calado dava na mesma, e insultava menos a inteligência dos usuários.

    Na rede, o boato é de ataque hacker, o que é sempre uma possibilidade. O Terra nega. Assim enquanto gente, a nível de usuária, o que me deixa com a pulga atrás da orelha é uma frase do diretor-geral, "A integridade das caixas postais foi preservada". Sabem como é, eu sou do tempo em que a gente descobria que o pau estava comendo nas forças armadas quando algum general ia à TV dizer que as forças armadas estavam coesas...

    Enquanto isso, usuários de banda larga estão mandando o Terra (e outros provedores) às favas e recorrendo à autenticação automática, gentilmente oferecida pelo excelente website da ABUSAR (Associação Brasileira dos Usuários de Acesso Rápido).

    Fazem muito bem.


    A viagem do ano: não percam, está ótimo!

    15.4.03





    Estou atrasadíssima, como sempre, mas não resisti a este lançamento: por US$ 5.95 (mais postagem) você leva o baralho mais falado dos últimos tempos.


    Habemus Velox!

    Então: ontem à tarde a Juliana voltou com um modem para instalar no lugar do router, que teve que voltar para a Telemar para a mudança de protocolo. O Velox passou boa parte do dia fora do ar, e esta era a mensagem que o 0800 dava, mas aqui, por algum milagre que não sei, voltou a funcionar. Só que aí eram quase cinco e eu fui resolver algumas coisas básicas com a Bia.

    Jantamos muito bem no Café Felice, onde, na mesa ao lado, um casalzinho vivia a eterna cena "gosto muito de você como amiga..."; depois fomos ao Zona Sul, fizemos as compras necessárias e voltamos para casa. Agora acabei de escrever a coluna de quinta que vem, e ainda vou escolher uma foto.

    O Velox continua funcionando (!). Estou totalmente sem coragem de encarar a mailbox, com as msgs acumuladas.

    13.4.03



    Velox: update

    Bom, hoje foi assim: me ligaram no começo da tarde lá do Velox, informando que tinham checado o problema por lá e lá estava, aparentemente, tudo bem. Perguntaram então se podiam vir aqui em casa para checar a ponta de cá e eventualmente trocar o modem? Eu disse que sim e fiquei esperando.

    E continuo sem Velox porque a Juliana, que veio checar a máquina e a linha e é um amor de pessoa (tem gato, inclusive) me garantiu, depois de ver tudo, que o problema é no armário e isso ela já não consegue destrinchar. De modo que, até segunda ordem, estou por conta do homem do armário que, amanhã, dará um jeito em tudo.

    Dizem.

    Até lá, vou à luta -- quer dizer, ao cinema, aos amigos, à farra.

    Afinal, hoje é domingo e eu também sou filha de Deus.

    Fui!




    Não é genial?! Achei no Dudi (que agora tem comentários). O autor tem um website mas, infelizmente, com a minha conexão -- que neste momento diz 41333 mas tá com cara de 28800 -- não estou conseguindo ir a lugar algum.

    Pois é: continuo sem Velox. Já liguei, já gastei horas naquele 0800 infeliz, e nada, nada, nada... *sigh*

    12.4.03



    Fora do ar

  • Meu Velox subiu no telhado;
  • O modem do desktop não tá legal;
  • Só consigo me conectar do notebook, a 44Kbps;
  • Buááááááá!!!


  • Céus, que viagem...!



    Para ler DEPOIS do pescoção

    Bem, eu desobedeci à Rosane Serro, que me mandou um email com este título irresistível. Li. Estou postando, porque acho importantíssimo começarmos a gritar: afinal, até quando o Brasil vai ser omisso assim em relação a Cuba?!

    Que eu saiba -- espero, sinceramente, estar mal-informada -- até agora, tudo o que o nosso chanceler Celso Amorim fez foi dizer que, abre aspas, ``A situação dos direitos humanos sempre nos preocupa em qualquer país; as ações mais estridentes (!) nem sempre são as mais eficazes", fecha aspas, que vergonha!

    E volto ao trabalho; depois a gente conversa.
    "Caríssimos e adorados amigos:

    Eu sei que é sexta-feira à noite e a grande maioria de vocês está fechando a edição de sábado e respirando fundo pra fechar domingo. Por isso o aviso do Subject...

    Esse meu email é um apelo e um convite. E como todo mundo está correndo, vou ser breve:

    Os amigos brasileiros do poeta e jornalista cubano Raúl Rivero (grupo no qual essa missivista se inclui) estão se mobilizando para tentar que o governo brasileiro conceda asilo político ao escritor. Um dos maiores nomes da literatura cubana contemporânea, Raúl foi recentemente condenado num processo relâmpago, pela Justiça de Cuba, a 20 anos de prisão sob a acusação de traição.

    Aos 58 anos e com problemas de saúde, Raul defende a não-violência e não merece passar o restante de sua vida numa prisão sem ter cometido nenhum crime -- a não ser o de praticar um jornalismo independente. Atualmente, ele ocupa o cargo de vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa e Informação da Associação Interamericana de Imprensa. O seu trabalho de organizar uma agência de notícias independente com 40 jornalistas em Cuba -- apesar da proibição que exercesse a profissão -- foi premiado pela entidade Repórteres sem fronteiras e pela Universidade de Stanford.

    Mas acima de tudo, o que eu queria dizer pra vocês, é que esse cara, baixo, gordo, de voz rascante, igual um Vinicius caribenho e de um humor ferino à toda prova é uma das pessoas mais fascinantes que já conheci. Em Havana, ele abria sua casa e suas cadeiras de balanço para todo jornalista que lhe batia na porta - ou que encontrasse num "Rum das cinco" na Uneac (União dos Escritores e Artistas Cubanos), como foi o meu caso. E sempre, sempre recusou qualquer presente. Um lápis gasto que fosse. Ainda que penasse com a falta de papel, canetas e fitas de máquina para trabalhar.

    E no Rio de Janeiro, tenho certeza, Raúl estaria ao nosso lado no Capela, no Jobi, no Botequim, no Belmonte e onde quer que houvesse uma gargalhada, uma opinião, um sentimento, um verso, um título, uma manchete, um golpe no peito. Porque ele é um de nós.

    Enfim, a maneira que estamos encontrando de encaminhar um pedido de asilo político ao governo brasileiro é coletando assinaturas num abaixo assinado eletrônico que está no site:

    http://raulrivero.blogspot.com

    Se vocês quiserem participar, basta clicar no "Adicione um comentário" e deixar o nome e e-mail para que possamos incluir na lista. Sabemos que será uma articulação de difícil costura mas vamos começar encaminhando esse documento ao novo embaixador brasileiro em Havana, Tilden Santiago.

    No site, vocês também poderão saber mais sobre a vida de Raúl.

    É isso...

    Valeu, pessoal! Obrigada por me ouvirem. Hoje (e sexta à noite lá é dia pra se pedir a atenção de alguém???) ou nesses dias em que as coisas andam do avesso.

    Um beijo em todos,

    Rosane

    11.4.03





    Sabem a foto da gatinha com o rato? Então: quem fez foi a Luluka, irmã da Nel. Que também tem um blog, onde achei essa gracinha de .gif e onde acabo de ler um post emocionante sobre o que é ser enfermeira num hospital universitário. (O post chama-se "Desabafo"; vocês vão ter que rolar um pouco a tela, é um Blig e não vi permalinks por lá.)


    Eu entendo...



    Cut&Paste

    Ao vivo durante a aula de Lab. de Eng.Soft.

    considerações da professora: "A Microsoft doou graciosamente os Visual Studio.NET para vocês utilizarem". Eu mereço.

    [Agora ela está explicando a maravilha da plataforma .NET e todas as maravilhas da Microsoft, como o Application Wizard]

    [Agora ela está aprendendo a usar o .NET, que é pra idiotas, mas nem tanto. ]

    A professora sugeriu que usassemos o VS.NET para desenharmos a interface do nosso aplicativo web. Como a média de QI da classe é superior ao da professora, todos decidiram usar HTML mesmo pra fazer a interface (o óbvio). A graça é que tem um grupo que morre de medo dela, então estão fazendo em HTML e deixaram o VS.NET aberto pra quando ela passar achar que eles estão usando o VB. É o fim.

    Outra pérola: "Porque vocês não vão conseguir fugir do padrão Microsoft". No comments.

    Esse é o Departamento de Computação e Sistemas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
    (Daqui, por aqui.)


    ÁGUA!

    Mais um texto dos comentários. Com a palavra, a Esther Maria Duarte Lucio Bittencourt:
    "Enfim estamos falando sobre o assunto, que é muito grave. O governo passado já havia processado a Nestlé e a Perrier por este caso da Pure Life. Era a única argumentação para pegá-los. Assim como pegaram o Al Capone pelo imposto de renda. Mas quando os jornalistas locais foram entrevistar o pessoal das multinacionais, no Parque das Águas de São Lourenço, eles informaram que ninguém faria nada definitivo contra eles, pois eles soltam verba para pesquisas no Brasil.

    Muitas fontes secaram. Água Magnesiana, nem pensar. Ela era oferecida para o povo todo em tornairas que dão para a rua. Quem desejasse era levar vasilhas e tomar da água. Depois ficou um tempo sem água. E agora ela deve vir de alguma outra fonte, sem gás. Eles poderiam, por contrato, escavar para retirar água até, se não me engano, 30 metros de profundidade. Triplicaram o buraco. E não há tempo para reposição das águas pela chuva. Em breve o Parque das Äguas poderá virar um deserto.

    Nas cidades vizinhas estamos atentos para que estas empresas não consigam ganhar concessões. Em São Lourenço o pessoal reclama, faz passeata, e nada adianta. Existe sempre o político e seus interesses...

    Na Califórnia estas multinacionais perderam uma causa e foram forçadas a acabar com a exploração predatória. É o que contam os que lutam pela causa da água por aqui. e neste precedente repousa alguma esperança que o povo ainda possa ter.

    Eles fizeram, no ano passado, ou retrasado uma grande obra na empresa, ampliando suas instalações, aterrando uma parte do lago do parque. Temíamos que ganhassem a concessão para exploração da água em Caxambu e Contendas, mas parece que ainda estão lutando por isto. Esta é, porém, a única justificativa para a ampliação das instalações, já que a água por lá está secando.

    Eles estão fazendo acumpuntura no solo. Parece que é uma equipe da Holanda que vem e enterra no solo umas placas negras, que chamam de agulhas. Aqui no Parque das Águas de Caxambu já existem algumas. Plantadas há muito tempo.

    Vamos continuar denunciando o que está acontecendo aqui. É crime. Nosso subsolo está todo vendido."
    Gente, eu estou ficando cada vez mais chocada com essa história das águas. Tinha apenas uma vaga noção do que está acontecendo em São Lourenço até receber um email do GilsonJR me chamando a atenção para o assunto e me dando o link para a página da Cidadania pelas Águas.

    Acho que está havendo pouca divulgação disso na imprensa: este é um assunto da maior seriedade, que tem que ser discutido , ou daqui a pouco todas as estâncias hidrominerais serão lembrança do passado. É lógico que vou levar o caso pro jornal, mas independentemente disso, proponho que a gente tente fazer barulho aqui na rede, criando links e circulando informações entre os blogs.

    Quem sabe assim a gente consegue chamar a atenção de alguém que possa, efetivamente, fazer alguma coisa.


    Miau!



    Tava demorando...

    Um oficial iraquiano chama os oito sósias do Saddam e diz:
    --Tenho boas e más notícias. A boa notícia é que Saddam está vivo.
    Todos os sósias comemoram.
    -- A má notícia é que ele perdeu um braço.


    ÁGUA!

    Este comentário do Andre Decourt (com uma editada básica minha) é da maior importância:
    Galera, o negócio de São Lourenço é seríssimo. Tenho um amigo que é promotor de justiça em MG (de Cataguazes; no momento está quebrando um dobrado) e segundo ele, várias fontes -- como a Magnesiana, por exemplo -- já secaram. O lençol freático do município se rebaixou de forma alarmante. Aos que já foram a São Lourenço: lembram da fonte D. Pedro, em que várias vezes não se conseguia entrar porque era tanta água que inundava a fonte? Pois é, isso não acontece mais

    O pior é que a Nestlé pega aquela água maravilhosa, totalmente natural, tira todos os sais minerais, os recoloca artificialmente e cormecializa a água com o nome de Pure Life. Para mim, o nome dela é Pure Death, pois destrói algo que a natureza demorou milhares de anos para fazer. É uma água fast food. Segundo químicos industriais, tal água Pure F*ck poderia ser feita com água da bica que seria igual, já que a Nestlé só aproveita o H2O.

    Ou seja: é um absurdo! Temos que ventilar essa notícia!!! (Andre Decourt)


    Sai de baixo!

    Dando uma carona pro sem-blog Tom Taborda:
    Encantado com a eficiente ação do Governo Bush em derrubar um cruel tirano e restabelecer a liberdade no Iraque, aproveito para indicar outras ações imediatas, embasadas no mesmo e elevado motivo, guiado por Deus-todo-poderoso:

    Segundo o "Annual Report Summaries 2002", o mais recente relatório anual publicado pela Amnesty International, ainda falta intervir em:

  • 47 países onde ocorreram execuções extrajudiciais
  • 35 países onde pessoas 'desapareceram'
  • 111 países onde pessoas foram torturadas ou maltratadas pelas forças de segurança, polícia ou outras autoridades do Estado
  • 56 países onde existem prisioneiros de consciência
  • 54 países onde as pessoas foram arbitrariamente detidas ou aprisionadas, sem acusação ou julgamento
  • 50 países onde pessoas foram condenadas à morte; e, em 27 deles, as sentenças foram executadas
  • 42 países onde graves abusos contra os Direitos Humanos foram cometidos por grupos armados de oposição, tais como a matança deliberada e arbitrária de civis, tortura e rapto de reféns.

    Ôps, só que o problema da lista acima é que os EUA fazem parte desta mesma lista, por abusos cometidos contra os Direitos Humanos.

    Sobretudo depois de 11 de setembro -- na época do relatório, que plota apenas o ano de 2001, 1.200 pessoas, sobretudo estrangeiros, haviam sido detidos incomunicados; e, em novembro do mesmo ano, o Pres. Bush passou uma lei estabelecendo uma comissão militar especial, para julgar cidadãos não-americanos suspeitos de envolvimento com o "terrorismo internacional", que atropela as normas internacionais de um julgamento justo.

    Os EUA igualmente ignoram e desrespeitam a ONU, a Convenção de Genebra, os acordos internacionais de Armas Químicas e Nucleares e os acordos internacionais do Meio Ambiente.

    Como já dizia Juvenal, o romano (55 A.D. - 127 A.D.), "Quid custodiet ipsos custodes?" (Quem nos protege dos nossos 'protetores?)
  • 10.4.03




    Consumo: a infelicidade ao alcance de todos

    "A maior parte das crianças da Febem roubou a primeira vez para consumir, instigada pela propaganda maciça que tem a petulância e a insensatez de ditar o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Os desejos destes meninos e meninas podem ser um tênis igual ao do ídolo rap, a bolsinha da Xuxa, a sainha da Carla Perez ou a droga que irá abrir o portal do poder. Eles pensam assim: — Besta é tu que perde tempo e saúde trabalhando — mesmo que estejam naquela situação degradante de internos da Febem.”

    A declaração é da psicóloga Henriette Tognetti Penha Morato, da USP, e quem me chamou a atenção para ela foi o educador Cláudio Rúbio, o Claudinho — que, como tantos outros bons amigos de internet, nunca encontrei na “vida real”. Sempre preocupado com crianças, sobretudo com aquelas que vivem e morrem às margens do “sistema”, Claudinho é mestre em encontrar coisas assim, que dão o que pensar. Essas palavras estavam, paradoxalmente, numa reportagem sobre os riscos que correm as crianças superprotegidas, escrita por Lilian Primi e publicada pelo “Estadão”.

    O nível de infelicidade gerado pela sociedade de consumo nunca deixa de me assustar. Houve um tempo em que as crianças usavam sapatos — melhores ou piores, conforme a sua situação social, mas essencialmente iguais: eram apenas calçados. Hoje são Nikes, Adidas e Reeboks, e um menino mata outro menino por um par de tênis. Não porque não tenha o que calçar, mas porque não tem o tênis que a publicidade diz que é bacana, o tênis que é fundamental para que seja reconhecido pelo seu círculo social.

    O pior é que, em seus sonhos malogrados de consumo, as crianças da Febem não são a exceção, mas a regra: o que as separa das crianças da classe média é que não têm a quem infernizar em casa, pedindo mais um boné, mais uma Barbie, mais uma camiseta. Mesmo os adultos mais atentos e mais críticos, que reagem contra o consumo óbvio das etiquetas do lado de fora, acabam, por exemplo, bebendo uma vodka em vez da outra, só porque a imagem que uma conseguiu criar combina melhor com o seu jeito de ser, ou com o que gostariam que fosse o seu jeito de ser — e essa “mensagem” está lá, no fundo da cabeça, na hora de comprar. Não importa que não se consiga diferenciar uma da outra sem os rótulos, ou mesmo que nem se beba; uma é cool , a outra não é. A partir daí, vamos inventar mil razões para justificar a escolha que não fizemos.

    Perversamente, as imagens do consumo nunca funcionam no positivo, isto é, quem bebe a vodka (ou usa o tênis, ou fuma o cigarro) não se sente particularmente feliz por causa disso; mas quem vai ao shopping e não pode levar o que é cool sente-se inferior ou, no mínimo, inadequado — e volta para casa com uma frustração pré-fabricada, uma sensação ruim que a cada dia faz mais e mais vítimas. Até porque não há limites para essa infelicidade. Há sempre um novo objeto a ser cobiçado, um novo patamar de desperdício a alcançar, até se chegar aos 3.500 pares de sapatos da Imelda Marcos ou às torneiras de ouro de Saddam Hussein, à sua maneira crianças da Febem, desmascaradas pelas crianças da classe média lá de cima, que tudo podem.

    * * *

    Eu estava escrevendo esta coluna quando recebi o e-mail de uma amiga:

    “Era só o que faltava!!!! Um imbecil está anunciando gatos pretos para fins de magia negra na Semana Santa!!! Tem pessoas desesperadas dando lances para tentar salvar os gatos... Onde iremos parar, meu Deus???”

    Meu coração gelou.

    Coitados dos gatinhos pretos! Antes mesmo de conseguir carregar a página do Mercado Livre, mil coisas me passaram voando pela cabeça. Que órgão poderia receber uma denúncia contra o vendedor? Com quem se poderia falar no Mercado Livre para impedir essa barbaridade? Que editoria aqui no jornal poderia fazer uma reportagem a respeito do assunto, antes que os bichinhos fossem arrematados? Quanto eu teria no banco? Socorro!!!

    Finalmente, cheguei à página macabra, onde fui recebida por letras garrafais:

    “Resposta para todos: os gatos pretos são ídolos esculpidos de tamanho pequeno, para servir como santinho... Não é gato de verdade, é estátua... Só tem este título para chamar a atenção... Muito obrigado pela visita, já sei como chamar a atenção de todos: é só colocar um título bom como este! Estatística até o presente momento: 213 visitas em pouco tempo.”

    Ufa.

    (O Globo, Segundo Caderno, 10.5.2003)

    Update: Para os leitores habituais do blog, este texto é muito familiar: ele nasceu aqui, e depois foi para o jornal, com modificações. Quanto à questão dos gatinhos, conforme está se vendo agora (leiam os comentários do post) parece que é mais séria. Aparentemente o canalha estava de fato vendendo gatinhos pretos, e inventou que eram estátuas quando viu a repercussão do anúncio. É caso de polícia. Felizmente, a turma que defende animais em SP se mobilizou e está apurando os fatos.




    Esta é a Nêga, gatinha da Nel, flagrada no momento em que levava para casa a primeira refeição sólida dos seus filhotes.


    Cuidando da nossa água

    A comunidade de São Lourenço, de onde vem a água homônima, está processando a Nestlé por explorar, de forma predatória, as águas locais.

    Um detalhe que me chamou a atenção: segundo a ONG Cidadania pelas Águas, que está à frente do movimento, cerca de dois terços das reservas de água potável de mesa do planeta (algo diferente de "água mineral", mas a gente em geral não sabe) já estão em mãos da suiça Nestlé, sob diferentes nomes fantasia.


    Enquanto isso, em Cuba...

    O camarada Fidel se aproveita do barulho no Iraque para condenar 75 intelectuais em julgamentos sumários. Segundo a BBC, eles foram presos de março para cá: são poetas, jornalistas, médicos, até economistas. As penas dos que já foram julgados chegam a 28 anos de prisão.

    O chanceler cubano alega que todos fazem parte de um complô dos Estados Unidos para desestabilizar o governo. É uma desculpa muito conveniente num momento em que o mundo inteiro está por aqui com os EUA, e pode até ser verdade -- mas não é assim que a banda toca. Ou, pelo menos, não deveria ser.

    Nada justifica um julgamento sumário, em corte fechada. Nada justifica a prisão de uma pessoa apenas porque calha de ter opiniões diferentes daquelas que o Comandante gostaria que tivesse.

    Aqui no Brasil temos o hábito de olhar Fidel, que é inegavelmente carismático, com admiração e carinho. Por acaso, ele está do lado "certo", lutando contra os EUA -- e, além de tudo, aqueles cubanos de Miami são, de fato, uma gente de quinta. Por causa disso nos iludimos, achando que ele é uma espécie de ditador "bonzinho".

    Mas, putz! quando é que vamos abrir os olhos?!

    Não há ditadores "bonzinhos".


    They shoot horses, don't they?

    "A munição explodiu entre a equipe da agência de notícias Reuters e atingiu o cinegrafista ucraniano Taras Protsyuk, o britânico Paul Pasquale e dois outros jornalistas, incluindo a repórter libanesa-palestina Samia Nakhoul, além de José Couso, do canal espanhol Telecinco.

    Os americanos se justificam com o que todas as evidências provam ser uma clara mentira. O general Bufford Blount, da 3ª Divisão de Infantaria, afirmou que seus veículos estavam sob fogo de franco-atiradores instalados no hotel Palestine.

    O testemunho do general não é verdadeiro. Eu estava passando por uma rua entre os tanques e o hotel no momento em que ele foi atingido -- e não havia nenhum tiroteio."(Robert Fisk, no The Independent)


    "I can't think of anything scarier than a world in which the most fiercely armed nation in history has convinced itself that war is easy, cheap, and fun." (John Perry Barlow, em circular aos amigos)

    9.4.03





    Vírus

    Estou precisando instalar um Norton -- em mim.
    Uma gripe chatíssima me pegou... :-(


    Seleções



    O tempora!

    A gente tenta não falar nisso, tenta deixar pra lá e fazer de conta que não é com a gente, tenta, tenta, mas não dá. Agora deram para matar jornalista deliberadamente e para bombardear zonas residenciais só porque o homem pode estar jantando por lá. Enlouqueceram de vez, e o pior é que a gente enlouquece junto.

    Hoje, voltando para casa do jornal, tarde da noite, passei pela Lagoa quase deserta e, de repente, a calma dessa paisagem noturna que eu amo me perturbou. Me lembrei, num sobressalto, da nossa famosa índole pacífica e de uns artigos e notícias que andei lendo a respeito do estado precário das nossas Forças Armadas, e pensei, "Céus, o Lula tem que fazer alguma coisa! Temos de comprar mais aviões!"

    Então eu pergunto: pode, isso?! E pergunto outra coisa: se eu, que sou total e completamente contra a guerra, qualquer guerra, já estou aqui me preocupando se estamos ou não armados pro caso desses biltres nos atacarem, o que não estarão pensando os militares, e que corrida armamentista não se está armando (com ou sem trocadilho) pelo mundo inteiro?!

    Que tempos, meu Deus, que tempos.

    8.4.03







    (Achei aqui; foi -- ótima! -- dica da Fal.)


    Que susto...

    Acabo de receber este email:
    "Era só o que faltava!!!! Um imbecil está anunciando gatos pretos para fins de magia negra na Semana Santa!!! Tem pessoas desesperadas dando lances para tentar salvar os gatos... Onde iremos parar meu Deus???"



    Forum

    Não se espantem com o sumiço do link pro Forum; ele saiu do ar mesmo. O Forum foi criado como alternativa aos comentários quando o YACCS deu um piti, mas precisaria de mais tempo meu e maior dedicação -- coisas muito difíceis no momento, entre o caderno, as duas colunas e os vários frilas, mais aquele meu hábito antigo chamado vida pessoal...

    À turminha animada que ainda andava por lá, muito obrigada pela força, e desculpem qualquer coisa.




    Saul Bass na rede: dica da Yami

    7.4.03













    Comida de avião

    Confesso: eu amo comida de avião. E não estou sozinha: o Luis Fernando Veríssimo, que é gourmet de carteirinha, também gosta muito. Agora, a Barbara Locke acaba de encontrar um site totalmente dedicado ao assunto, com contribuições de uma quantidade de gente espalhada pelo mundo. Muito legal!





    Chico na Livraria da Travessa

    Relembrando os 30 anos da morte de Pablo Picasso, em 8 de abril de 1973, Chico Caruso lança nesta terça-feira, dia 8 de abril, a partir das 20hs, na Livraria da Travessa, "Pablo Mon Amour". O livro conta a história através de 26 desenhos, cujos títulos formam um poema.

    A Livraria da Travessa fica na Rua Visconde de Pirajá 572, em Ipanema. O telefone é 3205-9002.



    OOPS!

    Mais um caso de plágio: The Agonist, quem diria, tira a metade do seu material daqui.


    Ele sabe das coisas...

    "Gosto de gatos. São silenciosos e sábios. Gostam de música clássica, detestam barulho. São pensativos, sinceros, não bajulam o dono e nem ninguém. Já tive muitos. Quando trabalho de madrugada, gosto que fiquem comigo. Eles sobem na minha mesa e ficam quietinhos, enquanto escrevo." Manoel Carlos, ao Globo (Jornal da Família).






    Boas novidades no mercado das imagens

    Sempre que publico fotos da Família Gato encontro, entre os emails contentes de donos de gatos semelhantes ou, simplesmente, apreciadores de animais, reclamações de leitores que não gostam do espaço dedicado aos bichinhos. Caderno de informática, insistem eles, é para divulgar tecnologia. Eu concordo discordando: afinal, só consigo fazer fotos como essas do Mosca graças à fotografia digital, que me permite tirar quantas fotos sejam necessárias para o flagrante de um bocejo.

    * * *

    Claro que não seria impossível fazer isso com uma câmera comum, usando filme; mas seria muito, muito mais caro. Como pode atestar qualquer pai que tem uma câmera digital, a conseqüência imediata desta súbita liberdade financeira significa mais fotos — e mais fotos, por sua vez, significam melhores fotos, até porque, com o tempo, a gente vai se aperfeiçoando.
    Na semana passada, a Kodak do Brasil anunciou a chegada oficial da Digital DCS Pro 14n, câmera lançada durante a última Photokina, mas que levou um tempo a dar as caras no mercado, mantendo todos os fotógrafos digitais em suspense com suas imagens de até 13,9 megapixels. Ela usa as lentes Nikon F que a maioria dos profissionais já têm, graças a um sensor com o mesmo tamanho de um quadro de filme 35 mm. Com exceção da Canon EOS-1Ds, todas as outras digitais têm sensores menores, que exigem conversão da distância focal.

    Não é só a resolução da DCS Pro 14n que está deixando todo mundo interessado, mas também o preço, de US$ 5 mil nos EUA (US$ 7 mil aqui), bem inferior aos US$ 8 mil (lá) da concorrência imediata. Parece muito, e ainda é, mas para quem acompanhou a evolução da espécie, que nasceu em torno dos US$ 25 mil, está começando a ficar palatável.

    Curiosidade: uma foto feita pela DCS Pro 14n vai a 15Mb, graváveis simultaneamente em microdrives IBM ou cartões compact flash, e nos novos cartõezinhos MMC/SD, em formato RAW ou ERI-JPEG — uma tecnologia proprietária da Kodak que pode ser lida através do seu próprio software (disponível para download gratuito na internet) ou do Photoshop, da Adobe.

    Há mais informações sobre esta maravilha no seu website, onde recomendo a todos ver as amostras de fotos, simplesmente deslumbrantes, e na página da Kodak BR, mais modesta e com menos detalhes, mas, em compensação, já traduzida para português.

    É claro que esta é uma câmera superdimensionada para quem quer apenas fazer boas fotos das crianças ou dos gatos, mas cada vez que algo assim aparece, o mercado todo dá uma chacoalhada geral para baixo. Já houve tempo em que as máquinas de 5 megapixels, que hoje custam menos de mil dólares (sempre lá) e são classificadas como amadoras (ainda que sérias) eram o que havia de mais sofisticado no planeta.

    * * *

    Outro anúncio interessante foi feito pela D-Link, que comunicou ao distinto público a disponibilidade, no Brasil, de um dos astros da cobertura do ataque ao Iraque: o videofone DVC-1000. Este tem um precinho mais camarada, apenas US$ 850, até razoável se a gente levar em consideração que este não é um lançamento voltado ao usuário doméstico, mas sim às empresas, que podem evitar o vaivém de seus executivos nesses tempos explosivos através de videoconferências.

    O i2eye (seu nome fantasia) é compacto, pesa menos de 400 gramas, vem com controle remoto e pode ser conectado diretamente a uma televisão, sem necessidade de passar por computadores. Apesar disso, atenção: ele não dispensa uma conexão banda larga.

    (O Globo, Info etc., 7.4.2003)




    Bom dia!

    Cris Carriconde, nos comentários:
    "Voltei para lembrar que hoje é o dia do jornalista. Que fique uma homenagem para os guerreiros que estão lá no olho do furacão e aos que transmitem as informações para o resto do mundo!"



    (8{> - Cartilha

    Roubei do Matusca, obviamente:
    Não tem jeito.
    Um desastre ambiental de proporções terríveis atinge o Rio de Janeiro.
    Qual é a primeira providência da nossa governadora? Atacar o governo de Minas Gerais.
    É a cartilha dos garotinhos mimados:
    Primeiro esperneie. Depois saia acusando um coleguinha. Só mais tarde, emburrado, tente entender o que aconteceu e se “os mais velhos” podem resolver.
    Só falta um cascudo.

    Ainda bem que a Igreja, sempre atenta, já tomou providências. Liberou o consumo de carne vermelha na Semana Santa. Parece, que por enquanto, água também pode.

    Ah! A tal empresa Guataguazes continua funcionando

    6.4.03





    Bionicão, um leitores do Mario AV, escreveu o seguinte:
    "Pelo menos essa guerra (....) está fazendo a gente olhar mais e aprender mais sobre a cultura do outro. Nunca se falou tanto da cultura árabe como agora e estamos vendo o quanto ela é bela."
    Pois.


    !!!

    Acabo de ver uma reportagem simplesmente chocante. John Simpson, editor internacional da BBC, por pouco não foi morto na tarde de hoje, no Iraque -- mais uma quase-vítima do "fogo amigo" americano que, dessa vez, levou a vida de pelo menos 10 soldados curdos e americanos, deixando incontáveis feridos. Entre os mortos, Kamaran Abdurazaq Muhamed, o tradutor da sua equipe. Ele tinha 25 anos, e aceitou o convite de Simpson para trabalhar no ataque pela adrenalina.

    Simpson contou que o oficial que dirigia as tropas que acompanhava pediu que alguém desse um jeito num tanque iraquiano que estava atirando na sua direção. Logo depois apareceram dois aviões, voando baixo. Em vez de ir contra o tanque, o piloto foi contra as tropas. Simpson, que ficou ferido, diz que chegou a ver a bomba, pintada de vermelho e branco, caindo de um dos aviões.

    As cenas são impressionantes, capturadas através da lente suja de sangue.


    Infelicidade a bom mercado

    "A maior parte das crianças da Febem roubou a primeira vez para consumir, instigada pela propaganda maciça que tem a petulância e a insensatez de ditar o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Os desejos destes meninos e meninas podem ser um tênis igual ao do ídolo rap, a bolsinha da Xuxa, a saiinha da Carla Perez ou a droga que irá abrir o portal do poder. Eles pensam assim: -- Besta é quem perde tempo e saúde trabalhando --, mesmo que estejam naquela situação degradante de internos da Febem." Henriette Tognetti Penha Morato, do Instituto de Psicologia da USP
    O Claudinho me mandou este texto ontem. O nível de infelicidade gerado pela sociedade de consumo sempre me assusta, inclusive porque não vejo como vamos sair disso algum dia. Houve um tempo em que as crianças usavam sapatos -- melhores ou piores, conforme a sua situação social, mas essencialmente iguais. Eram apenas calçados. Hoje são Nikes, Adidas, sei-lá-o-quês. Um menino mata outro menino por um par de tênis. Não porque não tenha o que calçar, mas porque não tem o tênis que a publicidade diz que é bacana.

    Mesmo as pessoas mais atentas e mais críticas se deixam seduzir e acabam bebendo Absolut em vez de Smirnoff, digamos, porque a imagem que a Absolut conseguiu criar combina mais com o seu jeito de ser -- e essa "mensagem" está lá, no fundo da cabeça, na hora de escolher. Não importa que não se consiga diferenciar uma da outra sem os rótulos ou mesmo que nem se beba; a Absolut, como sabemos todos que conhecemos sua espetacular campanha, é cool, e estamos conversados.

    O pior é que essas imagens nunca funcionam no positivo, isto é, quem está bebendo Absolut, ou usando Nike, ou fumando Camel, não se sente particularmente feliz por causa disso; mas quem vai ao shopping e não consegue levar o que é cool, ou quase cool, sente-se inferior ou, no mínimo, inadequado -- e volta para casa com uma frustração pré-fabricada, uma sensação ruim que, num mundo mais justo, não estaria lá.

    Não me perguntem como a gente sai dessa, porque, como já disse, não sei. Ainda agora, procurando um nome de vodka para contrapor à Absolut, caí no site da Stolichnaya e fiquei deslumbrada -- e olhem que eu não bebo.


    A mesma coisa, mas diferente

    A tarde de sábado na Livraria da Travessa virou uma grande social. Ontem encontramos um monte de amigos. Um voltou de viagem e está impressionadíssimo com o anti-americanismo que encontrou por toda a parte. Na Suiça, por exemplo, foi jantar com um amigo inglês. Estavam voltando para o hotel a pé, conversando em inglês, quando, ao passarem por um grupo de estudantes, um deles gritou: "Fuck Bush!". Meu amigo ainda pensou em ir nos estudantes e dizer: "Olha, nada a ver! Eu sou brasileiro e ele é inglês!" mas aí pensou: "Oops, ele é inglês... vai dar na mesma, eles vão gritar Fuck Blair!"

    Mas, estranhamente, não dá na mesma. Ninguém está feliz com a Inglaterra, a Inglaterra está na mesma guerra mas, curiosamente, a bronca não é com a Inglaterra. Há uma série de fatores contribuindo para isso, o primeiro sendo, indubitavelmente, o fato que a Inglaterra deixou de ser um império há tempos. Ninguém tem medo que, amanhã, por exemplo, dê uma louca na Inglaterra e ela venha a invadir a Amazônia; já dos Estados Unidos sob a atual administração tudo se pode esperar.

    Os outros fatores apenas imagino, mas pode ser que para a imagem menos negativa da Inglaterra esteja contribuindo, em boa parte, a sua imprensa, que em nenhum momento se deixou amordaçar. Pelo contrário -- os melhores artigos sobre o ataque têm sido publicados nos jornais britânicos, e a BBC vem dando um show de boa cobertura na televisão.

    E, claro, comparado a Bush, Tony Blair é um estadista da pesada.

    4.4.03







    "A guerra é um massacre entre pessoas que não se conhecem para o benefício de pessoas que se conhecem, mas não se massacram." (Paul Valéry)


    O "x" do problema

    Lawrence Lessig, numa pequena entrevista a André Machado que estamos dando no Info etc. na segunda-feira:
    "A coisa mais importante é que as pessoas entendam como a arquitetura da internet controla sua liberdade. Se elas não compreendem de onde a liberdade está sendo retirada, não terão nada contra o que lutar."
    Matou a pau. É por isso que é importante saber o que é a internet, como funciona, por onde passa. Não adianta dizer, como tantos dizem, que "Não entendo nada dessas coisas, detesto tecnologia, uso a rede como um motorista usa um carro" -- até porque esta analogia está errada. No caso, é melhor dizer "Uso a rede como quem anda de ônibus" -- com todas as implicações nisso contidas.


    Cat vê a CNN

    São 5:49am no Rio, 12:49am em Bagdá. Está passando ao vivo na CNN a epopéia de um soldado iraquiano ferido há mais de 6 horas entre duas pistas da autoestrada de acesso ao aeroporto internacional Saddam em Bagdá. Um dos repórteres "embedded" da CNN, com habilidade médica, está tratando do ferido, com a proteção de dois militares americanos. Detalhes tocantes de bolsinhas de soro, ataduras ensangüentadas e luvas cirúrgicas. É um salvamento emocionante. Como são caridosos e humanos os americanos. É uma cena de cortar o coração, ver a compaixão desse exército tão bondoso.

    O soldado, que tem uma cruz dourada no uniforme, indicando que não é pouca bosta, gesticula loucamente, como se estivesse doendo pacaralho a intervenção do repórter doutor. Ele se debate. No instante seguinte, o cameraman muda o enquadramento para mostrar só os militares que cercam o ferido, mas não mais seus braços nem nenhuma parte de seu corpo.

    Passa um tempinho e a maca já está pronta, e vão pegar a vítima para levar para local mais seguro. Agora já são uns 8 milicos em volta do carinha. Tudo transmitido ao vivo pelo videophone, com direito a narração minuciosa de todos os movimentos. Pronto, já botaram o sujeito dentro de um veículo médico.

    Agora sim, está tudo ok, o homem está salvo. A cobertura deve ter servido, pelo menos um pouco, para comprovar que o exército americano é composto de seres benfazejos e movidos apenas pelas intenções mais puras. E a CNN então nem se fala. Um primor de cobertura, ainda mais com um repórter que é herói. Desculpem, tenho que parar pois as lágrimas me turvam a vista. (Carlos Alberto Teixeira)


    Aliás:

    Se vocês só tivessem um dia a mais para viver, fariam o quê?

    (Adianto que eu, possivelmente, perderia o dia tentando chegar a uma conclusão sobre o que fazer...)


    Um ótimo artigo: The General's Revolt, na The Nation




    Otimismo. Contagiante.

    Ontem à noite, ouvindo o Jornal Nacional enquanto editava o caderno da guerra, o Marcelinho chegou à conclusão de que está na hora de fazermos, cada um, o que sempre tivemos vontade -- como naquela eterna questão, "Se você só tivesse um dia a mais de vida, o que faria?". Depois deste ataque ao Iraque, ninguém mais vai estar seguro em lugar nenhum no mundo. Se sobrar alguém da confusão toda, pode morrer dessa pneumonia asiática letal que grassa por aí. Aqui no Rio, um pobre estado sem governo, as coisas estão cada vez piores. Mas nem adianta a gente se trancar em casa, porque as frutas e vegetais virão envenenados da feira...

    Como escreveu e desenhou o Art Spiegelman em In The shadow of no towers (que vem sendo publicado em capítulos na London Review of Books), pra que deixar de fumar? É possível que o cigarro nem tenha tempo de acabar com a gente.

    Update: Que cabeça, a minha: esqueci da conjuntivite.

    3.4.03



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    ...e teste a velocidade da sua conexão. Cortesia da McAfee.


    Millôr escreve à RTP

    Acompanho, pela RTP, a cobertura da Guerra do Iraque, desde a primeira hora. Emocionante. Melhor cobertura internacional, seja no alcance, na atualidade ou na análise. Entusiasmado, passei a ver os outros programas da RTP. E, como carioca (natural do Rio) também fiquei encantado com as raparigas que atuam nos outros programas. Dá-me a impressão de que vocês só contratam "garotas de Ipanema". Millôr Fernandes



    "To prevent terrorism by dropping bombs on Iraq is such an obvious idea that I can't think why no one has thought of it before. It's so simple. If only the UK had done something similar in Northern Ireland, we wouldn't be in the mess we are in today. Continua." (Terry Jones, The Observer)




    YIKES!

    Janjão me mandou, recebeu da Alemanha inda agorinha; tem que dar um tempo pra ver.


    Por que odeio a guerra e outras considerações

    Taí uma coisa que nenhum bípede dotado de um mínimo de sensibilidade precisaria explicar: por que odeia a guerra. Já li muitos artigos e alguns tratados tentando justificar a guerra — não necessariamente esta, mas qualquer guerra; não necessariamente neste século, mas em épocas em que ainda se consideravam “heróicos” os feitos do campo de batalha. Não adianta. Nada me convence. Não há argumento que, na minha cabeça, justifique um monte de desconhecidos se matando uns aos outros, apenas porque alguém, que provavelmente vai ficar bem a salvo da matança geral, assim o decidiu. Para mim, a guerra — qualquer guerra — será sempre a prova mais completa de que falhamos por completo como os animais superiores que pretendemos ser, e que “civilização” não passa de um conceito muito bonito, mas cada vez mais distante das nossas vidas.

    Além das grandes razões óbvias, há uma outra razão pela qual odeio a guerra — seja a guerra declarada do Iraque, seja a nossa guerra carioca não declarada de todos os dias, que dona Rosângela parece achar um fato perfeitamente normal. É que, a partir do momento em que uma guerra é anunciada, ou começa a tomar forma, o nosso pensamento é seqüestrado. O meu, pelo menos, está preso às orgias de violência, triste, de asa cortada. Ando num estado de preocupação permanente, quase incapaz de me afastar dos noticiários e do computador, onde, em vez de percorrer os blogs amigos e brincar com os Sims ou o xadrez, fico compulsivamente procurando mais informações. Praticamente deixei de assistir a vídeos e DVDs e a pilha de livros ao lado da cama está intocada; a seu lado, cresce a pilha de recortes, cadernos especiais, prints de artigos estrangeiros e comentários da web.

    Troco idéias com os amigos, e percebo que o desconforto não é paranóia minha, mas sensação geral. É como se as nossas vidas estivessem em suspenso, acontecendo numa espécie de realidade paralela, em que tudo remete à guerra. Tudo passa a ser secundário e adiável diante deste horror contínuo, diante do choque e do pavor, diante das implicações futuras que cada palavra imbecil pronunciada em Washington (ou no Rio) pode vir a ter. Um trocou as saudações de hábito do e-mail por “O mundo vai acabar”; outra deixa um comentário, manda um beijo e acrescenta: “Sabe que me sinto tão desconfortável, que assinar com beijos parece ridículo.”

    Este é o problema. Tudo parece ridículo diante da guerra. As nossas aflições cotidianas se tornam ridículas, as nossas preocupações corriqueiras se tornam ridículas, mesmo as nossas piores aflições se tornam ridículas. Um dos meus gatinhos favoritos morreu há três semanas. Sinto falta dele todos os dias, era o meu companheiro de trabalho, sempre em cima da escrivaninha disputando espaço com o mouse e o teclado; mas lá no fundo me censuro por sofrer essa perda, porque, enfim, ela também me parece ridícula diante de uma guerra. Subitamente, tudo o que faz a nossa humanidade, os nossos sentimentos e as nossas delicadezas passa a ser ridículo. Como mandar um abraço? Como se despedir com um beijo? Como chorar um gatinho?

    * * *

    Meu avô lutou durante a Primeira Guerra e contava histórias das trincheiras. Uma vez seu regimento passou meses num ponto qualquer do mapa onde nada acontecia — eles do exército austro-húngaro de um lado, os inimigos russos do outro. Não lembro dos detalhes, se acabou munição ou se houve um claro nos planos de batalha, mas o fato é que, com a espera, ficaram amigos. Os soldados dos dois lados saíam das respectivas trincheiras, se encontravam na terra de ninguém — que eu, quando criança, achava sempre algo extraordinário, assombroso: terra de ninguém — bebiam, comemoravam juntos a chegada de notícias de casa. Um dia, inesperadamente, ouviu-se um intenso tiroteio no lado dos russos. Os do meu avô, surpresos, recolheram-se à sua trincheira e pensavam no que fazer quando apareceu um dos russos:

    — Imaginem que mandaram para cá uns caras novos, que queriam fazer guerra contra vocês...! Mas já está tudo bem, demos um jeito neles.

    * * *

    Minha filha, que mora na Lagoa e trabalha na Barra, anda apavorada e carrega uma “bolsa cenográfica” com algumas coisas bobas dentro para entregar para os assaltantes; a bolsa de verdade fica no porta-malas. Isso porque é uma moça otimista, que acha que não vão levar o carro. Meu filho mora nos Estados Unidos e está desesperado. Dia desses escreveu:

    “Ontem à noite eu estava assistindo à cobertura dos ataques. Eles mostravam uma câmera congelada na paisagem noturna de Bagdá. Volta e meia passava um carro, um ônibus ou uma pessoa qualquer. Do meio do nada desandei a chorar e não conseguia parar. Só pensando nas inúmeras famílias, parecidas com a minha, duas criancinhas dormindo, mulher grávida, etc. Alheios a tudo o que está acontecendo até que um Tomahawk lhes caía na cabeça. Um pouco depois mostraram um batalhão daqui de Michigan pronto pra embarcar. Os soldados ainda cheios de espinhas na cara, 18, 19 anos. Gente que foi tão manipulada pelos Rumsfelds da vida quantos os iraquianos pelo Saddam. Fiquei pensando nos pais de alguns desses que vão ter que receber o que restou dos filhos numa bolsa plástica. Mais choro. Horrível pra todo mundo.”

    * * *

    Apesar de tudo, a praia continua. Linda.

    (O Globo, Segundo Caderno, 3.4.2003)