12.4.03



Para ler DEPOIS do pescoção

Bem, eu desobedeci à Rosane Serro, que me mandou um email com este título irresistível. Li. Estou postando, porque acho importantíssimo começarmos a gritar: afinal, até quando o Brasil vai ser omisso assim em relação a Cuba?!

Que eu saiba -- espero, sinceramente, estar mal-informada -- até agora, tudo o que o nosso chanceler Celso Amorim fez foi dizer que, abre aspas, ``A situação dos direitos humanos sempre nos preocupa em qualquer país; as ações mais estridentes (!) nem sempre são as mais eficazes", fecha aspas, que vergonha!

E volto ao trabalho; depois a gente conversa.
"Caríssimos e adorados amigos:

Eu sei que é sexta-feira à noite e a grande maioria de vocês está fechando a edição de sábado e respirando fundo pra fechar domingo. Por isso o aviso do Subject...

Esse meu email é um apelo e um convite. E como todo mundo está correndo, vou ser breve:

Os amigos brasileiros do poeta e jornalista cubano Raúl Rivero (grupo no qual essa missivista se inclui) estão se mobilizando para tentar que o governo brasileiro conceda asilo político ao escritor. Um dos maiores nomes da literatura cubana contemporânea, Raúl foi recentemente condenado num processo relâmpago, pela Justiça de Cuba, a 20 anos de prisão sob a acusação de traição.

Aos 58 anos e com problemas de saúde, Raul defende a não-violência e não merece passar o restante de sua vida numa prisão sem ter cometido nenhum crime -- a não ser o de praticar um jornalismo independente. Atualmente, ele ocupa o cargo de vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa e Informação da Associação Interamericana de Imprensa. O seu trabalho de organizar uma agência de notícias independente com 40 jornalistas em Cuba -- apesar da proibição que exercesse a profissão -- foi premiado pela entidade Repórteres sem fronteiras e pela Universidade de Stanford.

Mas acima de tudo, o que eu queria dizer pra vocês, é que esse cara, baixo, gordo, de voz rascante, igual um Vinicius caribenho e de um humor ferino à toda prova é uma das pessoas mais fascinantes que já conheci. Em Havana, ele abria sua casa e suas cadeiras de balanço para todo jornalista que lhe batia na porta - ou que encontrasse num "Rum das cinco" na Uneac (União dos Escritores e Artistas Cubanos), como foi o meu caso. E sempre, sempre recusou qualquer presente. Um lápis gasto que fosse. Ainda que penasse com a falta de papel, canetas e fitas de máquina para trabalhar.

E no Rio de Janeiro, tenho certeza, Raúl estaria ao nosso lado no Capela, no Jobi, no Botequim, no Belmonte e onde quer que houvesse uma gargalhada, uma opinião, um sentimento, um verso, um título, uma manchete, um golpe no peito. Porque ele é um de nós.

Enfim, a maneira que estamos encontrando de encaminhar um pedido de asilo político ao governo brasileiro é coletando assinaturas num abaixo assinado eletrônico que está no site:

http://raulrivero.blogspot.com

Se vocês quiserem participar, basta clicar no "Adicione um comentário" e deixar o nome e e-mail para que possamos incluir na lista. Sabemos que será uma articulação de difícil costura mas vamos começar encaminhando esse documento ao novo embaixador brasileiro em Havana, Tilden Santiago.

No site, vocês também poderão saber mais sobre a vida de Raúl.

É isso...

Valeu, pessoal! Obrigada por me ouvirem. Hoje (e sexta à noite lá é dia pra se pedir a atenção de alguém???) ou nesses dias em que as coisas andam do avesso.

Um beijo em todos,

Rosane

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