Show de bola!
Cheguei de São Paulo ainda há pouco, e só agora terminei de ler todos os comentários. Agradeço, em primeiríssimo lugar, ao Cremilson, que foi um fabuloso moderador: sempre calmo, bem informado, dando uns toques quando necessários mas, no mais das vezes, dando sobretudo uma bela aula de história e de civismo. E agradeço também a todos os que contribuíram para o debate construtivamente.Com construtivamente quero dizer que trouxeram argumentos: contra, a favor, muito antes pelo contrário. Acho que o saldo dessa discussão está sendo extremamente positivo, nem que seja para demonstrar que, quando a gente se expressa com civilidade e cortesia, pode ir bem longe, ainda que tenha pontos de vista radicalmente opostos.
A questão da fusão pode não ser o mais importante dos temas na agenda nacional, mas é, acreditem, um espinho atravessado na garganta de todo mundo que, um dia, foi carioca ou fluminense. Um espinho que nos foi cravado na goela por um sistema totalitário, e que a sociedade civil nunca pode estudar, debater, analisar. Muito menos arrancar de onde está.
É possível até que seja tarde demais para isso, e que esta seja uma mágoa (porque é, sim, uma grande mágoa para quem viveu aquela época) que a gente tenha que carregar para sempre. Não será a menor, nem a única. Mas até para pôr isso em panos limpos é preciso que a gente tire o assunto da gaveta, espane, dê opiniões.
Alguns pontos que acho importantes:
Não foi à toa que o assunto nasceu da vitória daquela senhora. Sim, é provável que, se a Benedita tivesse sido eleita, nenhum de nós que mantemos blogs no que era o Rio pensássemos sobre o assunto justo agora; por outro lado, o que estariam dizendo os blogs do antigo Estado do Rio, onde a sua (dela) votação foi avassaladora?
O fato de estarmos de luto e inconformados com o resultado das eleições (eu, pelo menos, estou) não quer dizer que a gente não aceite este resultado. Ninguém aqui falou em impugnar as eleições, ou em detonar a pseudo-teocracia a que estaremos sujeitos daqui pra frente: isso sim, seria anti-democrático.
Agora, faz parte do jogo aceitar também a grita dos descontentes, ora! Não é porque a maioria elegeu aquela senhora que vou mudar de opinião a respeito dela, do seu marido e do que eles representam em termos de retrocesso para todos nós. Chama-se a isso jus esperneandi, ou seja, o direito de espernear.
Que é o que eu vou ficar fazendo pelos próximos quatro anos...
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