31.10.02



CDA

Ele ficava sempre sem jeito conversando em pessoa, ou pelo menos essa era a impressão que eu tinha. Mas adorava falar pelo telefone, horas a fio, e ficava contente quando a gente ligava -- menos quando era aniversário, e eu tentava arrancar dele a entrevista impossível para o jornal em que estivesse trabalhando. Volta e meia recorri ao truque a que tanta gente recorreu: montava "entrevistas" com trechos de poemas ou crônicas. Disso ele gostava; talvez, imagino, por ver como as palavras funcionavam assim, de segunda mão. E uma vez, há tanto tempo!, quando eu ainda estava em Brasília, me deu uma pequena entrevista, na época fato verdadeiramente inédito. Acho que pensou que com isso ficaria livre das minhas investidas anuais.

Hoje tio Carlos estaria fazendo 100 anos. Se ainda estivesse aqui, lá estaria eu mais uma vez, chateando.

Nossa, que saudade.

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