8.10.02



Recado pro Mr. Manson

Não se trata de achar que uns são "burros"e outros "inteligentes" (a menos que você ache que quem escolhe Cesar Maia e Conde como prefeitos é inteligente; além disso, a área correspondente à antiga Guanabara também elegeu Rosinha); nem de achar que cariocas sabem votar, e fluminenses não. Mais provavelmente, como observou o José Fernando, uma desfusão daria à teocracia agora vigente no estado duas máquinas políticas para administrar, em vez de uma só.

O que a gente está discutindo aqui não é um separatismo gaúcho que quer cair fora do Brasil; é uma questão que vem de longe, desde quando os militares criaram a fusão na marra para dobrar as resistências da então Guanabara, tradicionalmente oposicionista. Essa fusão esvaziou politicamente, ao mesmo tempo, o Rio e Niterói, que era, então a capital do estado do Rio.

Sinto, Manson, mas cariocas e fluminenses tinham muito pouco em comum culturalmente. Não que fossem uns melhores e outros piores, ou vice-versa; eram diferentes, mesmo. Indo e vindo entre Friburgo e Rio vivi isso a vida toda. Achar que um eventual plebiscito para saber da população o que acha de algo que lhe foi imposto durante o regime militar e depois se varreu pra baixo do tapete não é anti-democrático ou elitista, pelo contrário. Seria discutir pela primeira vez, com alguma seriedade, uma herança do mesmo entulho autoritário que demoliu o Palácio Monroe.

O que é pode acontecer? Ou a galera diz sim, ou diz não. Mas se discute! Se abre a questão! Mais preconceituoso é achar que qualquer revisão da fusão é preconceituosa e elitista, até porque não é: se você prestar atenção, vai ver que, possivelmente, a maior parte da população de baixa renda do estado mora na área metropolitana do Rio.

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