Foi bonita a festa, pá
Noite dessas, voltando para casa de carona com o Marcelinho, disse a ele que uma coisa que me deixou contente com a vitória do Lula foi a extraordinária festa popular nas ruas, coisa que não teria acontecido com uma vitória do Serra.-- Ué, mas só não aconteceria se fosse fraude, né?!
Na hora isso me pareceu fazer sentido, e pensei que eu estava raciocinando apenas em termos de Rio de Janeiro, onde a imensa maioria da população é Lulista ("Lulista", sim -- se fosse petista não estaríamos aí encalacrados com Dona Rosinha pros próximos quatro anos).
Ainda assim, havia um ponto qualquer na coisa toda que não estava me satisfazendo. Não era bem isso. Uma eventual fraude não teria nada a ver com a história; mesmo uma vitória limpa e correta do Serra não seria festejada assim, como não foram festejadas as vitórias do Fernando Henrique, por exemplo.
Hoje o Xexéo fala nisso, no Globo (assim como já falaram, ou ainda vão falar, creio, todos os colunistas do país: afinal, nunca se viu nada igual por aqui). Para ele, a festa foi a festa da identificação: o povo saiu às ruas para festejar porque se reconheceu no presidente eleito. É possível -- mas para mim, essa interpretação ainda não justifica plenamente o fenômeno.
Pois agora acabo de ler um artigo do João Moreira Salles, que desde o final de setembro vem acompanhando Lula para a filmagem de um documentário, em que ele mata perfeitamente a charada. Ufa! É isso que eu queria dizer, Marcelinho.
Leiam, vale a pena: saiu há três dias, no No Mínimo.
Citando o Millôr (também hoje, no JB): "Olha, meninada, continuo não acreditando em Deus. Mas agora concordo -- o Cara é brasileiro."
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