Fora de controle
Totalmente!A premissa deste filme é até boa: um advogado apressadinho (Ben Affleck) causa um acidente de trânsito e, por pura arrogância, prejudica terrivelmente a vida do sujeito em cujo carro bateu (Samuel Jackson). Na confusão, deixa cair no chão uma pasta fundamental para o desenrolar do processo em que está envolvido — e essa pasta acaba, é claro, nas mãos do homem que prejudicou.
Ao longo do dia, de golpe em golpe, os dois se transformam em inimigos mortais. O problema é que, apesar do bom ponto de partida, o filme se perde numa tal série de incongruências que não há distanciamento Brechtiano ou boa vontade que façam a trama funcionar. Todo mundo acredita em qualquer pessoa que não conheça, em detrimento de pessoas que conhece bem (o que, pensando bem, até faz sentido, mas em outro contexto). O advogado, imaginem, é um cara ingênuo, que fica chocado ao descobrir que a empresa para a qual trabalha faz toda a espécie de mutretas; e William Hurt... bom, William Hurt está no filme, aparece em duas ou três cenas, mas nem desconfio o que possa estar fazendo. Nem ele.
Tenho a nítida sensação de que o autor da história deve estar até hoje chorando as mágoas em algum lugar: “Cara, se vocês vissem o que fizeram do meu roteiro...!”
(Se você está com uma certa sensação de dejá-vu, não estranhe: eu já fiz mesmo uma crítica menorzinha deste filme pro Festival. Agora, que ele entrou em circuito, ampliei o texto para uma página de bonequinhos em conflito, junto com a crítica do Jaime Biaggio, que gostou da história.)
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