11.10.10

Nokia N8: perfil de campeão



  
A semana começou em grande estilo para a Nokia, que convocou jornalistas de toda a America Latina para um evento de dois dias em São Paulo para apresentar a sua nova menina dos olhos, o mui aguardado N8. A aposta é alta: desde 2007, quando apresentou o mítico N95 ao mercado, a empresa não lança um celular que cative corações e mentes da tribo completa. Uns modelos tem seus fãs aqui, outros ali, mas falta um Grande Objeto de Desejo no campo finlandês.

Convivi um bocadinho com o N8 durante esses dois dias e, pelo que vi, ele é um forte candidato ao posto. O aparelho é lindo e muito bem acabado (um monobloco de alumínio, que vêm em diferentes cores), tem boa pega (leia-se: não precisa de capa para não escorregar da mão), ótima tela, navegação web rápida e descomplicada e uma quantidade de atrativos considerável.

O GPS, por exemplo, via Ovi Mapas, funciona realmente bem, e tem instruções por voz para motoristas ou pedestres. Basta sair pela rua com headphones, ou espetá-lo ao som do carro, e prontinho, ninguém se perde. De quebra, há conteúdo do Lonely Planet e do Michelin com dicas locais.

Outra característica de impacto: a conexão HDMI com TVs HD. Durante o evento da Nokia, foi exibido um teaser do filme “Tron, the legacy” a partir de um N8 – e a qualidade não ficava nada a dever a uma boa sala de exibição digital. Até porque o aparelho tem, entre as suas cartas na manga, um tremendo som Dolby Digital Plus Surround.

Ele faz ótimos filminhos em alta definição, e tem uma ferramenta simples para a complexa tarefa de editá-los, permitindo misturar imagens em movimento com fotos e outros stills; o som é captado por dois microfones, mas pode-se sobrepor a ele qualquer música que esteja na memória (de 16Gb, expansível a 48Gb através de cartão).

Que mais? Integração com redes sociais muito simples, web TV com, entre outros, Nat Geo incluído, música ilimitada grátis durante seis meses (são sete milhões de músicas na Ovi Música brasileira) e, claro, acesso aos milhares de aplicativos da Ovi Loja.

O Symbian^3 está mais elegante e funcional no arrasta-e-solta, mas não tenho como ter idéia do quanto exatamente mudou antes de usá-lo para valer. Em princípio, acho que a manutenção do Symbiam no N8 é uma faca de dois legumes: de um lado, facilita enormemente a vida dos usuários que já se acostumaram à interface, e aproveita todo o seu rico legado. De outro, pode afastar a leva cada vez maior de fãs do Android. A conferir.

O N8 já seria um aparelho bastante impressionante “só” com essas características. Mas – rufar de tambores, por favor – ele tem a melhor câmera que já vi num celular. São 12 Megapixels (!) incrivelmente bem aproveitados, com um tratamento de imagem excelente e natural, uma lente Carl Zeiss de 28mm, flash Xenon, e o maior sensor da praça. Chega a ser injusto comparar as fotos do N8 com fotos de outros camerafones; elas competem de igual para igual com as de câmeras compactas. Assombroso.

Há algo de que não gostei no aparelho? Para dizer a verdade, há sim. Em primeiro lugar, o fato de ele ser apenas touchscreen, porque sou fã de teclados físicos; em segundo lugar, a bateria embutida que, pelo que andei vendo, requer chave de parafuso para troca. Em compensação, o acesso ao simcard e ao cartão de memória é muito simples.

O preço dessa pequena maravilha está em R$ 1,5 mil na loja online da Nokia, onde já pode ser encomendado. Quando chegar às operadoras, terá certamente um precinho mais camarada.


(O Globo, Revista Digital, 11.10.2010)

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