Acompanhar a onda de solidariedade que se formou em torno da tragédia da Região Serrana nas mídias sociais tem sido simplesmente emocionante; não há outra palavra. De todos os cantos, a todas as horas do dia ou da noite, notícias sobre parentes e amigos são transmitidas, pedidos de doações e de caminhões e carros grandes para levá-las às áreas atingidas são feitos (e respondidos), encontros de caravanas e de voluntários são convocados, informações sobre os itens mais necessários são transmitidas.
Não tenho dúvidas de que a população responderia da mesma forma sem o uso dessas ferramentas, mas ao mesmo tempo tenho certeza de que a ajuda não poderia ser tão rápida e eficiente sem o Twitter, o Facebook e o Orkut. Até o Flickr cumpriu seu papel, com incontáveis galerias de imagens da destruição e do trabalho dos voluntários.
O papel das redes não deve acabar aí. Acho que elas terão importância crucial ao longo dos próximos meses, desempenhando tarefa tão ou mais importante quanto a que desempenham agora: cobrar das autoridades responsáveis a reconstrução das cidades e o indispensável cuidado com seus habitantes.
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Os animais que se perderam de suas famílias humanas, quando não as perderam de todo, foram muito beneficiados com a agilidade da rede. Normalmente esquecidos nas grandes campanhas que pedem auxílio para vítimas, ganharam espaço nas mídias sociais, onde há lugar para todos. Agora mesmo, no meu blog, está postado o apelo de uma veterinária que sobe amanhã e na próxima quinta para a serra e pede toda a sorte de materiais (http://bit.ly/fDRpku); há alguns dias, postei um cartazinho colhido no Facebook com os dados de três ONGs da máxima confiança, para quem quiser fazer doações em dinheiro (http://bit.ly/eetPia). Isso seria quase impensável na era pré Web 2.0, quando o espaço que havia na mídia convencional era dedicado, compreensivelmente, à prioridade humana.* * *
Não é a primeira vez que se vê o uso das redes sociais em campanhas para amenizar o sofrimento das vítimas de grandes tragédias. O mesmo aconteceu na época da Tsunami, do terremoto do Haiti e nas enchentes do ano passado. Mas, dessa vez, seja por causa das dimensões da tragédia, seja por estarmos tão perto, a internet provou lindamente o seu valor, e deu a quem a freqüenta o orgulho de pertencer a uma espécie que não vale nada, que destrói o planeta e desrespeita a natureza – mas que, no fundo, tem bom coração e sabe se condoer com a sorte dos seus semelhantes.* * *
A foto desta coluna não tem nada a ver com o assunto. Ela é só um preview do que tenho feito com um novo brinquedo, a Canon S95, de que falarei brevemente.* * *
Há tempos eu me perguntava por que pendrives de 128Mb ou 256Mb ainda são fabricados. Tive a resposta na CES, onde as empresas mais antenadas com o momento da tecnologia distribuíam seus press-kits nesses pendrives. Faz todo o sentido, nessa época em que nem todo subnotebook ou netbook tem drive de CD ou de DVD, mas todos têm entrada USB. O curioso é que acaba acontecendo uma gradação de status entre os press-kits, mais ou menos como acontecia no tempo em que o pessoal caprichava nas pastas de papelão e no papel cuchê: os mais vistosos vêm em formatos diferentes (o da Verizon numa ficha de poker, por exemplo, o da Sony-Ericsson uma pulseirinha) e têm espaço de sobra (tipicamente 1Gb) para serem “reciclados” para outras funções. É uma idéia inteligente. CDs e DVDs acabam no lixo, ao passo que os pendrives continuam pelos bolsos e bolsas da moçada por meses a fio, lembrando a empresa pelo logotipo.(O Globo, Economia, 22.1.2011)
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