A Laura escreveu uma circular para os nossos amigos:
Pessoal
Muitos de vocês têm telefonado e escrito, com preocupação carinhosa conosco, diante das recentes tragédias na região serrana. Dada a impossibilidade de telefonar ou escrever a cada um de vocês, peço desculpas por escrever uma carta-circular. Mas vocês podem ter certeza de que o afeto de cada um foi importante e valorizado individualmente.
Primeiramente, vale tranquiliza-los (ate certo ponto) em relação à mamãe: ela já estava no Rio de Janeiro, pois anda adoentada e precisava fazer exames médicos de vários tipos. Assim escapou de ficar isolada, e nós não precisamos adicionar a preocupação da distância à preocupação com seu estado físico. Caso típico de "há males que vêm para o bem".
Depois de muitos dias de angústia, finalmente tivemos notícias de Nova Friburgo. A casa do sítio foi muito bem construída (mamãe é arquiteta, e o projeto é dela), com inúmeros muros de contenção feitos com grandes pedras, e obras estruturais que visavam dar segurança à casa e à biblioteca. Todos estão de pé. A floresta atrás da casa nunca foi desmatada, e assim os danos foram pequenos. O Dirceu (nosso caseiro) está bem, assim como a Jandira (empregada da mamãe) e sua família, que por sorte, lá em Olaria, nada sofreram. Os cachorros nem perceberam que houve um cataclisma verdadeiro, por lá. Toda a comida que estava no freezer, evidentemente, se estragou, pois falta luz há dias.
Já o bairro de Conselheiro Paulino (onde fica o loteamento em que nossa casa foi construída) foi serissimamente afetado. Segundo a Jandira, "acabou tudo. A gente olha para o Rio Bengala e não acredita, está cheio de carros, ferros retorcidos, caminhões, lixo e lama, pedaços de árvore, cadáveres boiando. Para todo o lado a gente vê gente correndo, bombeiros atarefados, lixeiros aí do Rio, voluntários, gente atarantada que perdeu tudo. Acima, no céu, helicópteros dão rasantes. Parece cenário de filme de ficção científica, ou pior, de terror."
O sítio de nossa amiga Sula também está a salvo, ainda bem. O d'Artagnan me contou que a casa de sua mãe também foi poupada, e que meus ex-alunos Larissa e o Leandro, que haviam se mudado para NF recentemente, perderam tudo, mas conseguiram escapar com os dois filhos.
Nosso vizinho Leo me escreveu o seguinte:
"Conseguimos nos comunicar com o pessoal lá de Cabubo! Estão todos bem!!! Os sítios estão intactos, 'Cabubo' e 'Pois é'. A familia da tia Nilza toda está bem, nosso jardineiro perdeu a casa mas ele e sua familia escaparam. As casas daquele terreno ao lado ou em frente ao Pois é desmoronaram, acho que da Dona Eva. Me disseram que uma pessoa dali debaixo faleceu."
Bem, é isso. Mais uma vez, obrigada pela amizade, pela gentileza e solidariedade de vocês todos
laura
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