1.1.11

Os anos dos tablets

(Clique para ver o tamanho original)


Algo me diz que, entre a retrospectiva do ano passado e as previsões para este 2011 que começa hoje, não há grandes diferenças. 2010 foi o ano dos tablets – mais especificamente, do iPad, que saiu na frente com um design matador e pôs fogo no mercado. 2011 será, igualmente, um ano de tablets. Dentro de uns dois meses teremos nova versão do iPad, mas como a indústria não dorme no ponto, a CES (Consumer Electronics Show), que vai ao ar em Las Vegas, a partir do próximo dia 5, promete um tablet por estande, ou quase isso. Não há fabricante de computador ou de smartphone que já não tenha seu projeto na rampa de lançamento.

* * *

Os tablets parecem brinquedos de luxo, ainda não mostraram todo o seu potencial e, por enquanto, circulam pelas mãos de relativamente poucos usuários, mas já é possível prever como vão mudar a forma como nos relacionamos com as máquinas, e como os provedores de conteúdo podem tirar partido dessa equação.

Os jornais e as revistas mais espertos começam a se adaptar ao novo formato – e é bom que o façam, porque os tablets têm tudo para revigorar o mercado. O “Daily”, jornal expressamente desenvolvido para o iPad, começa a circular em breve. Faz o maior sentido: gente que quase não comprava revistas passou a comprá-las aos montes depois de por as mãos num tablet, de tão “feitos um para o outro” que são.

A versão para a internet de um jornal é uma coisa; sua versão para os tablets deve ser outra, baseada no tamanho das telas e na forma como o consumidor interage com o aparelho. A internet acostumou mal os leitores, fazendo-os crer que todo tipo de conteúdo é gratuito; mas convém não esquecer que os tablets são descendentes diretos dos smartphones, sobretudo do iPhone, que criou o costume contrário: conteúdo é pago, ainda que aos centavos.

* * *

O que não falta a essa altura é boataria sobre o novo iPad da Apple que, dizem, deve ser anunciado em fevereiro ou março. Algumas coisas que se ouvem a respeito do novo modelo fazem sentido. É dado como certo, por exemplo, que a nova geração terá duas câmeras, como o iPhone 4, já que a falta de uma câmera (principalmente frontal, para usar com o Skype ou com ferramentas de MI), é um dos pontos fracos da primeira versão. Fala-se também numa saída USB padrão, sobretudo por causa do acordo entre fabricantes de smartphones para adotar um formato de carregador único. 

Especula-se ainda que a Apple lançará um modelo CDMA do iPad, o que parece algo antigo e remoto para nós e para os europeus, mas é uma ótima notícia para as operadoras americanas e orientais.

* * *

Entre os boatos mais insistentes a respeito do novo iPad corria um que dizia que a Apple lançaria um modelo com tela de 7”. Steve Jobs encarregou-se de desmentir pessoalmente a história: para ele, este tamanho é muito pequeno. Tenho para mim que o desmentido saiu mais para fazer pouco da concorrência do que para pôr as coisas nos seus devidos lugares; e acho que Mr. Jobs, com todo o respeito, pode estar errado nisso. O Samsung Galaxy Tab tem 7” de tela, é mais leve e portátil do que o iPad e conquistou uma legião de fãs que acham o tamanho da tela perfeitamente bom, entre eles a colunista que vos tecla.

* * *




As fotos dessa coluna foram feitas com um Nokia N8, o smartphone que tem a melhor câmera do momento, páreo não só para outros celulares, como para câmeras digitais compactas: lente Zeiss autofoco, flash Xenon, 12 Megapixels e o maior sensor entre os seus pares.

* * *

Ontem anoiteceu em um ano, hoje amanheceu em outro; o planeta continua em órbita, alheio a caprichos de calendário e, olhando bem, nada mudou. Ainda assim, desejo que 2011 fique gravado nas nossas memórias como um ano de alegrias.


(O Globo, Economia, 1.1.2011)

Nenhum comentário: