Como já contei aqui, este ano, pela primeira vez, fiz uma viagem de trabalho sem levar notebook. Fui à CES com dois tablets (o iPad e o Samsung Galaxy), mais um teclado Apple Bluetooth, para ver se a vida sem computador tradicional é viável quando há textos e prazos a serem cumpridos.
Por que levei os dois tablets? Porque queria tirar a prova do meu relacionamento com eles, que aqui no Rio funciona de forma distinta: o iPad é o companheiro doméstico, ao passo que o Galaxy vai para a rua e não me larga (ou vice-versa). De modo geral, o que percebo é o seguinte: uso o Galaxy para registrar as coisas, e o iPad para ler. No meio de campo, o Evernote, indispensável.
Em Las Vegas, minha reação automática foi levar o Galaxy na bolsa ao invés do iPad (o peso e o tamanho fazem diferença) mas, por causa da quantidade de gente e da confusão geral, quando eu precisava fazer anotações rápidas recorria mesmo ao bom e velho bloquinho. O Galaxy era útil na sala de imprensa, para passar a limpo as anotações, conferir horários e acessar websites de companhias que me interessavam.
À noite, no hotel, o iPad entrava em cena como processador de texto, fazendo uma dupla dinâmica com o tecladinho da Apple. Consegui escrever a coluna que vocês leram aqui na semana da CES, mas ficou óbvio, para mim, que o iPad ainda não substitui um notebook, nem mesmo com teclado à parte, porque não dispensa algumas operações em touchscreen. Misturar comandos no teclado e na tela é um atraso de vida.
Agora sou a feliz proprietária de um Mac Book Air de 11”. É o meu primeiro computador da Apple e, claro, estou sofrendo com as diferenças de ambiente; mas não resisti ao seu charme, tamanho e leveza. Também, reconheço, a familiaridade com o iPhone e com o iPad me fez ter maior simpatia pela marca. Ainda não li estudos a respeito disso, mas desconfio que o marketshare de computadores da Apple deve ter aumentado desde o lançamento do iPhone, usado indistintamente pelas turmas do Mac e do PC.
Se a minha impressão estiver correta, não deixa de ser curiosa a idéia de que a Apple, que durante anos manteve uma fatia de mercado mais ou menos estável com suas máquinas, esteja em vias de conquistar um público crescente a partir do lançamento de um celular, produto aparentemente inocente e dissociado do universo dos notebooks e desktops.
O mundo Apple cresce a cada CES – para a próxima edição do evento, em 2012, os cinco mil metros quadrados do espaço iLounge, primordialmente dedicados à família de gadgets da Grande Maçã, foram vendidos a exibidores no tempo record de duas horas -- e ainda sobrou muita gente chorando do lado de fora pedindo para entrar. Pudera não: o iLounge foi um dos pontos mais interessantes da CES.
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Por falar em Apple, e respondendo a uma dúvida freqüente entre os leitores. Os carregadores do iPad e do resto da família são iguais por fora, mas diferentes em poder. O do iPad tem 10 watts, o do iPhone (e do iPod) tem 5 watts: não é perigoso misturá-los? Pode-se viajar levando apenas um deles para alimentar diferentes aparelhos?Perigo nenhum: cada aparelho usa a energia que consegue absorver. Essa diferença de watts existe para acelerar o tempo de carregamento do iPad, lento demais com um carregador de 5 watts. Portanto, se você quiser viajar com seu iPad e seu iPhone mas optar por levar um só carregador, leve o do iPad.
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Dica de site para pais, professores e crianças: o www.internetresponsavel.com.br, desenvolvido pela GVT, empresa de banda larga, em parceria com o CDI, nosso velho conhecido. O site é simpático e extremamente útil, ensinando o uso responsável da internet e de equipamentos, alertando para armadilhas e dando sugestões muitas vezes simples, mas nem sempre óbvias para quem tem crianças e internet sob o mesmo teto.Uma das novidades do site é um joguinho, “Edu e o uso consciente da internet”, em que o nosso herói, ajudado por super-agentes que aparecem aos poucos, precisa descobrir e solucionar situações de risco online contra um relógio que marca o tempo para a solução da tarefa.
Edu e o Cãopanheiro percorrem diferentes ambientes entre casa, lanhouse e escola e, no caminho, encontram situações complicadas, de pirataria a cyberbullying. Os superagentes entram em cena para ajudá-los a resolver os problemas, dando conselhos em relação a cada um deles.
A dupla GVT e CDI vem lançando há três anos cartilhas muito bonitinhas com o mesmo propósito educativo. Taí um bom serviço prestado à garotada e, sobretudo, a seus pais por vezes bem intencionados, mas nem sempre equipados com as respostas e os conselhos necessários.
(O Globo, Economia, 29.1.2011)
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