28.6.10

N97 Mini: o fim de um amigo



Há alguns anos li a pesquisa de um fabricante de celulares que apontava os encontros inesperados com vasos sanitários como principal causa de óbito dos aparelhos. Homens perderiam mais celulares dessa forma do que mulheres, porque costumam carregar os celulares no bolso traseiro da calça, ao passo que elas os carregam na bolsa. Outros motivos bizarros e comuns de perda de telefone: aparelhos mastigados por cachorros e submetidos a ciclos completos ou parciais de máquinas de lavar.

Essas informações pitorescas, porém inúteis, me voltaram à lembrança essa semana, quando, pela primeira vez em tantos anos, perdi um celular por acidente. Foi na hora do jantar. Tiziu, o pretinho básico que foi incorporado à Famiglia Gatto no último Réveillon, e que foi abandonado antes de poder aprender com a mãe o pulo do gato, tentou subir na mesa. Errou o salto, mas conseguiu agarrar a ponta do descanso da sopeira -- e saiu arrastado tudo o que estava no caminho, pratos, talheres, celular.

O pobre N97 Mini serviu de amortecedor para a dita sopeira que, com tal apoio luxuoso, não quebrou. Em compensação, além da tela, o aparelhinho sofreu uma amassada radical no chassis: na parte de cima a moldura de metal ficou torta e, na parte inferior, a tampa da bateria não encaixa mais. Vou levá-lo à autorizada, mas acho que é perda total.

O pior é que, depois do susto, o Tiziu reapareceu com uma cara de grande surpresa:

-- Nossa, o que é que aconteceu por aqui?!

* * *

Enquanto isso, no Gizmodo, surgem as primeiras fotos de iPhones 4 quebrados. Um ficou com aspecto ainda pior do que o meu falecido N97 Mini depois de uma queda besta de pouco mais de um metro de altura, quando o dono estava saindo de um carro e o celular escorregou do seu bolso.

Outros tiveram destinos mais acidentados, e pelo menos um foi vítima de assassinato por motivo fútil – um idiota resolveu jogar um novinho no chão, repetidas vezes, só para ver o que acontecia. Está certo que cada um pode fazer o que bem entender com o seu dinheiro, mas esse tipo de destruição gratuita devia sofrer algum tipo de penalidade.

* * *

Na mesma noite em que o N97 Mini morreu fiz uma foto do engarrafamento da Lagoa, com todo mundo fugindo rumo ao feriadão da Copa. Fiquei impressionada como o aparelhinho se saiu bem, como foi capaz de separar as áreas escuras das iluminadas. Mandei a imagem pro blog pensando nisso e, por associação de idéias, admirei mais uma vez a eficiência do seu mecanismo e do teclado que fica escondido por baixo da tela. Ele foi um grande companheirinho.

* * *

E, por falar em Série N, a Nokia anunciou, na quinta-feira, que deixará de usar o Symbian nos seus topos de linha. Daqui para a frente, ela passará a usar o MeeGo, um sistema baseado em Linux que junta o trabalho que a Intel vem desenvolvendo com o Moblin ao que a própria Nokia desenvolve com o Maemo. O Symbian ainda continuará em cartaz por uns tempos em aparelhos mais baratos da Nokia, da Samsung e da Sony-Ericsson.


(O Globo, Revista Digital, 28.6.2010)

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