1.12.02



Oi? Tchau! ou
Down no High Society

(Para dar uma levantada depois da tristeza lá de cima)





Cenas do empurra-empurra


Elba propõe a retirada das tropas; ah, e reparem na bolsa da Fafá, modelito Lábaro Estrelado


Fafá, Preta, Elba: irritação geral

Bem que a Bia se deu ao trabalho de me ligar de Búzios, onde está cobrindo o Festival de Cinema, para avisar:

-- Mãe! Você vai mesmo a essa festa da Oi?! Andei conversando com a galera e tá com cara de ser a maior roubada!

Detalhe: a Bia é jornalista da Caras. A galera dela entende disso pacas. Mas a mãe é meio teimosa, sabem como é? falava-se numa ilha e, na minha cabeça viajante, fiquei imaginando uma coisa meio Paquetá, muito bucólica e espaçosa. Uma coisa legal.

Comecei a sondar os amigos. Gravatá tirou o corpo fora. Está indo para Kiev (of all places!) na segunda e cheio de problemas de última hora. Tony e Marcelo fizeram que iam, mas não foram (sábios, eles). Laura resolveu morrer de sono. Chico e Eliana estavam em outra. Sobramos mesmo a Fafá e eu, as duas românticas do Caribe, acreditando que a Oi saberia fazer uma festa.

O convite dizia que tínhamos que estar na Praça 15 entre 20hs e 24hs; destino surpresa, "diferente de tudo o que você já viu".

Indeed.

Imaginem: à meia-noite, uma fila monstruosa de gente tentando entrar por um corredor minúsculo às cotoveladas -- literalmente. Uma área de embarque mais cheia ainda, onde era quase impossível conseguir alguma bebida e onde restavam, numa mesa, umas salsinhas e outros despojos de comestíveis há muito extintos. "Organizadores" incapazes de informar a que horas apareceria a barca para nos levar ou, pelo menos, o tempo de travessia (15 minutos, segundo um dos "organizadores"; 25, segundo um dos garçons; 40, segundo um amigo em que esbarramos e que já tinha ido e voltado; revoltado). Um calor de bode.

Roubada? A Bia não sabia da missa a metade. Quando apareceu a barca, não à meia-noite mas à 1h30, já havia umas 500 pessoas espremidas num curralzinho de embarque para uma embarcação na qual cabiam 400 -- mas a turma não parava de pular a grade que separava este curral do resto da área. E aquele calor de bode.

Claro que Fafá e eu, duas pessoas razoavelmente bem comportadas, acabamos ficando para trás no estouro da boiada, junto com a Elba Ramalho e a Preta Gil, preocupada com um pequeno detalhe: haveria um show do Gil na ilha, e umas letras de que ele ia precisar estavam com ela. Mas vocês acham que havia algum organizador sabendo disso?

Eu disse "organizador"? Perdão.

Felizmente o comandante da barca era um homem de bom senso. Disse que não saía lotado daquele jeito e pronto. Impasse. Quem estava na barca não queria sair. Discussões intermináveis, alusões ao Bateau Mouche e, àquela altura, já umas duzentas pessoas num pier onde caberiam umas cem.

Resolvemos bater em retirada, mas aí -- ahá, surprise! -- surgiram do nada os tais "organizadores" e nos seguraram. Como, Fafá e Elba indo embora?! Pelamordedeus, nem pensar...!

-- Vem outro barco aí, o presidente da Oi faz questão da sua presença blah blah blah.

Àquela altura, a coisa toda já estava tão trash, mas tão trash, que estava até divertida. E eu até teria ficado para ver o final da história se não tivesse me ocorrido a idéia de que, se para ir, a zorra já era tal, para voltar, então... Corríamos o risco de ficar literalmente ilhadas e, o que é pior, com aquele serviço de quinta.

No way.

Dei tchau pras moças famosas, aproveitei as vantagens do anonimato e fugi correndo. Nunca, mas nunca mesmo, vi uma festa (se é que se pode dar esse nome àquela muvuca) tão mal organizada, tão... é, a palavra certa é essa: grosseira. No caminho de volta, curtindo o conforto do taxi, fiquei pensando o que leva uma empresa afinal simpática a gastar tanto dinheiro para queimar o filme com tanta gente.

Cheguei em casa pra lá das duas, com aquela árvore linda ali em frente e meus gatinhos me esperando; liguei o ar refrigerado, fucei a geladeira, peguei um melão estupidamente gelado e fiz a minha festa particular, espichada no sofá, com as patas em cima da mesa, olhando para a árvore que mostrava todos os seus truques.


Lar Doce Lar (com árvore!)

Update:

Observações da Fafá, que chegou a ir até a ilha e ainda pegou o show do Gil: O lugar é lindo, havia uma casa espaçosa, comida e bebida. A duração da travessia era mesmo 40 minutos. A volta só não foi um desastre completo como a ida porque um dos "organizadores" a pegou literalmente pela mão e a pôs no barco; mas vamos mudar de assunto?

Observações de cocheira, colhidas em outras fontes: A festa foi bancada basicamente pelos fabricantes de celulares (Siemens, Motorola, principalmente Sony Ericsson -- menos Nokia, que se recusou a entrar com os R$ 100 mil que lhe foram pedidos). Houve uma invasão de 700 "modelos", supostamente promovida pelo pai de um dos "organizadores" -- que é, de novo supostamente, dono de uma agência de modelos. Se por "modelos" estão se referindo ao tipo de gente que vi por lá, no meu tempo essa profissão atendia por outro nome. Só para dar uma idéia do nível dos convidados, saiu tiro na volta de um dos barcos, aí pelas seis: um bicheiro (sim, meninos, a Oi considera bicheiros personagens VIP), revoltado porque não o estavam deixando embarcar, sacou da arma e disparou para o alto.

Observação da Bia: Mãe, não quero falar sobre esse assunto. Prêmio Darwin para você.

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