29.5.10

Um drama, de verdade

Escreve a minha comadre Matilda, madrinha da gatinha homônima:
"Ô meus santos todos, minhas santinhas, minha gente, povo da minha vida:

Estou desesperada, com a alma em frangalhos, lavada e enxaguada na dor pungente e lancinante, perdi, quer dizer, o "mofo deu" (o cacófato é verdadeiro e expressivo e eu endosso) em todos os meus livros, salvei uns dez por cento, todos meus livros de poetas, meu coração sangra, os poetas, meus versinhos de ler por toda vida, deu um vazamento no andar de cima e litros de água durante a noite e foram, morreram todos, a parede está preta de mofo e de luto, meu coração também, meu nariz quase sangra de alergia ao mofo, minha barriga se conforta com uma panela de brigadeiro, mas minha alma nunca mais será a mesma, sei que não...

Meus livrinhos morreram, conseguem captar isso? Nunca mais os verei ou terei eles de novo, foram comprados em outra fase da vida, quando podia, enfim, tragédias podem ter muitas faces, perder livros é uma delas..."

Matilda, eu sei que nunca vai ser a mesma coisa, mas olha só -- você não quer fazer uma lista do que se perdeu, ou pelo menos do que você mais sente falta? É que buscando daqui, buscando dali, pode ser que a gente consiga repor uns livrinhos procê.

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