4.5.09

N96 e N85: um erro e um acerto

Visto ao lado do N96, o meu Nokia N95 8Gb parece um animal algo antigo: é que o design, que segue o do antológico N95 de 2006, começa a mostrar a idade. Já o N96, com seus cantos arredondados e sua tela brilhante, tem o look que se espera hoje de um topo-de-linha, acompanhado por uma versão bem mais esperta do sistema operacional.

O meu encanto com o N96, porém, durou apenas o tempo de tentar fazer uma foto: o disparador é tão duro de apertar que acaba sendo praticamente impossível usá-lo para fotografar. Considerando que este é um aparelho com câmera Zeiss de 5 Megapixels, a questão é grave. De início, achei que estava testando um modelo defeituoso; depois, conversando com pessoas que já o usaram e lendo opiniões na web, cheguei à conclusão de que o problema é congênito, e comum a todos os N96.

Como sou fã declarada dos Nokia, em geral, e da série N, em particular, fiquei abalada com isso: esta foi a primeira vez em que não tive qualquer vontade de trocar o antigo pelo novo. Na verdade, nem ao menos posso recomendar o novo, já que a questão do disparador não é um simples problema de software, que se resolve com um upgrade.

Pouco depois, porém, travei contato com o N85 – e aí encontrei o que esperava, um concorrente à altura para o N95. Ele não é só lindo; é, também, muito competente. Para começo de conversa, tem uma característica que salta aos olhos: a tela mais brilhante do mercado. Além disso, é bem construído, com um slide que é uma tentação para abrir e fechar, um tamanho excelente e uma “pega” ótima (embora meu amigo Andre Arruda esteja, justamente, enfrentando problemas com o slide). O sistema operacional também dá show; uma das coisas de que mais gostei é uma bobagenzinha, mas todos sabemos que é com bobagenzinhas que se regala a vida: quando se buscam as fotos, na barra das capturadas há um rodízio das imagens, uma na vertical e três na horizontal.

Ao contrário do N96, o disparador é muito bom de usar – fica até um pouco elevado em relação à lateral do celular – e a lente tem o protetor que tanta falta fez às últimas versões do N95. Quem está acostumado aos comandos antigos, aliás, pode estranhar a falta de controles da câmera, que, à primeira vista, não tem controle de branco, tom de cor, compensação de exposição e de sensibilidade à luz, além de outras necessidades básicas. Mas isso é só à primeira vista. Os controles estão todos lá, basta chamá-los pela opção “Mais atalhos”. A qualidade das fotos é boa, mas inferior à do N95: a cor tende a puxar para o vermelho, o que em geral melhora a aparência das pessoas, mas atrapalha todo o resto. Não é grave, porque sempre se pode consertar isso no computador, mas seria melhor que não acontecesse. O valente aparelhinho brilha em todos os demais quesitos, som inclusive -- nos headphones, ele desbanca o iPhone tranquilamente.

Em suma: depois do susto com o N96, esta é a primeira vez, desde que tenho o N95, que penso seriamente em trocar de celular.


(O Globo, Revista Digital, 4.5.2009)

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