Simpatia é quase amor
Recebi hoje dois telefonemas da Telemar: o de um supervisor do departamento de atendimento e o de uma das assessoras de imprensa.Os dois foram extremamente simpáticos.
Vocês dirão, "Ora, Cora..." -- mas não é bem assim, não.
Em geral, aliás, é o contrário.
Vou dar um exemplo radical. Quando desanquei a bolsa Vuitton e seu preço indecoroso, a resposta elegante e diplomaticamente correta teria sido uma cartinha sentida e cordial, explicando porque as Vuitton são tão superiores e mais caras, com um convite para visita à loja e cafezinho com o gerente.
Isso, é lógico, me deixaria meio desarmada.
Eu teria agradecido o convite, ficaria chateada comigo mesma por ter sido agressiva com gente tão cortês e talvez até mudasse de opinião a respeito do valor das bolsas se a carta fosse tão bem escrita e argumentada quanto a que me enviou um amigo que trabalha nas altas esferas financeiras (e que, aliás, não tem nada a ver com a Vuitton).
De qualquer forma, ainda que isso não acontecesse, eu certamente passaria a olhar para a marca com alguma simpatia.
Em vez disso, o que fez a diretoria da casa? Mandou para o jornal uma das cartas mais grosseiras que já vi, confirmando de vez não só a minha antipatia pela marca, como a de muita gente que leu a famigerada carta no jornal.
Cheguei a receber mensagens de desagravo de alguns leitores!
Entre tantas cartas, em tantos anos de jornal, esta história acabou ficando na minha cabeça como exemplo típico do que é a falsa elegância.
Pois a Telemar, à qual estamos todos presos aqui no Rio por falta de opção na telefonia fixa, não tinha a menor necessidade de ser simpática; mas foi.
Isso muda alguma coisa?
Na verdade não, mas um gesto simpático é sempre um gesto simpático; melhor do que gesto nenhum e, sobretudo, melhor do que um gesto antipático.
Registro, pois, a atitude gentil da Telemar.
Eu preferiria que o telefone e o Velox tivessem sido consertados logo, mas aí também era querer demais, né?
Em tempo: aproveitei a maré de bom entendimento para encaminhar à assessoria todas as reclamações que me foram enviadas para o jornal. Se algum de vocês tiver alguma pendência com eles, mande ver...
No mais, acho que quem matou a charada da "comunicação de inoperância" foi o Ricardo Andrade, nos comentários do post abaixo. Ele escreveu o seguinte:
Cora, a vida inteligente do 'call center' da Telemar é a existência do próprio.Faz todo o sentido.
Explico: com o call center como anteparo entre a Telemar e o seu assinante, ela ganha prazos preciosos por deixar de cumprir com suas metas estabelecidas pela Anatel e não é punida.
Assim, com 'pobres moças' treinadas como máquinas, surgem registros bizarros como 'registro de informação de inoperância do telefone'. Esse registro não existe oficialmente e a Telemar não é punida (pois existe um prazo bem apertado para consertar aparelhos residenciais) e pode consertar seu aparelho quando quiser, entendeu? (Ricardo Andrade)
E agora vou pra casa, que ainda estou tossindo feito sei lá o quê.
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