Parque de diversões
Acompanhar a Photo Image, feira de fotografia e imagem que se realiza em São Paulo há mais de uma década, tem sido uma aventura emocionante. Até outro dia, esta era uma pequena feira, voltada basicamente para fotógrafos e comerciantes do ramo, curiosos em conferir os últimos lançamentos em filmes, fundos para estúdios, microlabs, álbuns, molduras e as boas e velhas câmeras de sempre. De repente, com a popularização da fotografia digital, a Photo Image passou a ser um dos eventos mais interessantes do calendário; na semana passada, concorria com a Comdex e, pelo menos no quesito “Nossa, que maravilha!” ganhou de goleada. A tal ponto que, ano que vem, estará aberta, durante um de seus quatro dias, ao chamado “público em geral”.Claro: há poucas áreas passando por momento de inovação tão intenso quanto a fotografia digital. Mesmo aqui no Brasil, com a crise comendo solta e índices de taxação tão absurdos que só servem mesmo para estimular o mercado negro, o setor cresce a olhos vistos. Em 2001, havia 110 mil câmeras digitais no país; no ano passado, já eram 250 mil. Ao mesmo tempo, essa é uma tecnologia em plena transformação. É impossível acompanhar todos os lançamentos, ou mesmo ter idéia de quem são todos os fabricantes: até na Comdex apareceram novidades, como as oito câmeras da Benq, de Taiwan.
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A quantidade de megapixels, fundamental para quem pretende imprimir as fotos, já deixou de ser problema: até a máquina descartável de que o B. Piropo falou na semana passada já tem dois megapixels. Embora eles ainda continuem sendo referência e ponto de definição de preço, os usuários buscam, agora, os detalhes que tornam uma câmera diferente da outra.
As lentes passaram a ter lugar de destaque, como desde sempre na fotografia “convencional”. A Sony navega na renomada Carl Zeiss, a Olympus criou um website para as suas Zuiko e até a Kodak, campeã das boas câmeras descomplicadas, passou a adotar a Schneider-Kreuznach Variogon no seu topo de linha. Ora, convenhamos: com um nome desses, não há consumidor que não se impressione...
O design (que, honra seja feita, sempre chamou a atenção nas digitais mais sofisticadas) tem peso cada vez maior. Vide a acrobática Nikon Coolpix SQ — que, junto com a espartana Leica D-Lux foi, a meu ver, a mais linda câmera em exibição. As duas (SQ e D-Lux) têm pouco mais de 3 megapixels e zoom 3x, que se encontram hoje em qualquer “xereta” de US$ 300; no entanto, não falta quem se disponha a pagar o dobro e o triplo de tal quantia, respectivamente, para conviver com essas pequenas jóias.
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A Photo Image foi palco de alguns anúncios importantes. A Canon fez em São Paulo o lançamento mundial da EOS Digital Rebel, que indica para o “mercado amador avançado” mas é, na verdade, uma profissional mais leve e mais barata; a Olympus mostrou a SLR E-1, primeira câmera de um sistema chamado 3/4, desenvolvido junto com a Kodak e a Fuji como padrão para as digitais profissionais; e a Kodak apresentou a Easy Share DX6490, com zoom ótico de 10x, que chega ao mercado em outubro.
Por falar em Kodak e em Easy Share: uma bela novidade é a LS 633, com um visor de 56mm (enorme, pelos parâmetros atuais) de diodo emissor de luz orgânico (OLED), mais brilhante e menos pesado para a bateria do que o habitual LCD.
(O Globo, Info etc., 25.8.2003)
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