Rosângela em Redmond
Hoje, quando vocês estiverem lendo estas mal-tecladas, dona Rosângela Matheus estará na sede da Micro$oft, em Redmond, perto da aprazível cidade de Seattle. A M$ fica numa vasta área verde pontilhada de prédios feios e funcionais, carros de luxo e nerds entediados e arrogantes. Está longe de ser um parque de diversões como o antigo Bell Labs ou o MIT, ou um local sagrado de peregrinação tecnológica como o Xerox PARC.A idéia, segundo um fax enviado à redação, é mostrar à diretoria da empresa que “o Estado do Rio de Janeiro pode abrigar um centro de geração de softwares”. Além de gerar softwares, “o objetivo da governadora eleita é gerar empregos e aumentar a arrecadação estadual”.
— No meu governo, a tecnologia da informação será instrumento de modernização da gestão, — diz dona Rosângela. — Além disso, vamos atrair empresas do setor para também alavancar o desenvolvimento do estado. Por isso queremos trazer para o Rio o centro de geração de softwares da Microsoft que vai gerar muitos empregos.
Ah, tá, então é isso.
Bom, dona Rosângela que me perdoe mas, com todo o respeito, o que esta visita mais pode gerar é controvérsias e piadas de mau gosto. A M$ só gera softwares nos Estados Unidos e, até aqui, o que mais tem gerado entre as várias gerações de cientistas de seus laboratórios na China e na Inglaterra é frustração. Generalizada.
Acompanhada do presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, do prefeito de Petrópolis, Rubem Bomtempo, da futura presidente do Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro (Proderj),Teresa Porto, e do futuro secretário de Desenvolvimento e Turismo, Tito Ryff, a governadora eleita vai apresentar à diretoria da M$ o projeto Petrópolis Tecnópolis, criado durante a gestão do seu marido. Tenho certeza de que a diretoria da M$ vai ficar muito impressionada. Bill Gates, se estiver na área, talvez até apareça para umas fotos.
Fico genuinamente sensibilizada com o esforço, mas sou de opinião que governo algum, municipal, estadual ou federal, deveria se imiscuir com uma empresa que está sendo processada em seu próprio país por práticas de negócios malsãs (sim, ainda está, apesar dos cuidados da Cia. Bush: pelo estado de Massachusetts).
Dona Rosângela & equipe fariam bem mais pela tecnologia no estado se ficassem em casa, e investissem em software livre.
(O Globo, 2.12.02)
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